Quanto                           vale uma floresta em pé? Pode ser mais                           preciosa do que uma lavoura de soja. Bem                           diferente do que argumenta o deputado federal                           Aldo Rebelo (PCdoB-SP), ao defender a                           aprovação do Código Florestal, pequenos                           agricultores só teriam a ganhar, em termos                           econômicos, se destinassem 20% da propriedade                           à reserva legal. Reportagem de Tânia Rabello,                           em O Estado de S. Paulo.
É o que prova a                           dissertação de mestrado “Valoração Ecológica                           de Áreas de Preservação Permanente”, do                           biólogo Thiago Junqueira Roncon, estudante de                           mestrado em Agroecologia e Desenvolvimento                           Rural do Centro de Ciências Agrárias da                           UFSCar/Araras, sob orientação dos                           professores-doutores Paulo Roberto Beskow, da                           UFSCar/Araras, e Enrique Ortega, do                           Laboratório de Engenharia Ecológica da                           Unicamp. “Encarei o desafio de medir o                           trabalho da natureza e os serviços ambientais                           que ela presta e o quanto isso representa em                           valor monetário, mudando o paradigma de que                           manter floresta significa prejuízo”, diz.                           Entre os números levantados, está, por                           exemplo, o valor de 1 hectare de Mata                           Atlântica com 75 anos de idade: R$ 150 mil.                           “Isso só contabilizando o valor da madeira das                           árvores”, diz. “Se incluirmos os serviços                           ambientais, adicionam-se R$                           4.011,60/hectare/ano.”
Serviços ambientais.                           Isso não quer dizer que toda área agricultável                           deveria ser convertida em floresta. Roncon                           espera, porém, que os resultados sirvam para                           orientar políticas públicas, sobretudo no que                           diz respeito ao Pagamento por Serviços                           Ambientais (PSA) e também em relação ao uso e                           ocupação do solo. Sobre os PSA, o estudo pode                           ser ponto de partida para calcular e pagar                           valores mais justos a quem preserva ou                           recupera matas. “O pagamento com base no real                           valor da floresta seria um estímulo à                           preservação.”
Calcula-se que,                           desde 2007, no máximo mil produtores rurais já                           tenham recebido dinheiro de programas de PSA                           no País, explica o agrônomo Fernando Veiga, da                           ONG The Nature Conservancy. Os valores, porém,                           ficam na média de R$ 80 a R$ 200 por                           hectare/ano, conforme Veiga, e não levam em                           conta o total dos benefícios prestados pela                           floresta, valorados e calculados agora por                           Roncon.
Entre eles, discrimina o biólogo, estão produção e conservação de estoques de água potável, regulação do clima, controle de erosão, polinização, controle biológico, aumento da produtividade e fertilidade e estoque de carbono e energia. Inverta-se a lógica para pensar quanto se gasta com tratamento de água e de doenças decorrentes de sua contaminação, desastres climáticos, baixa produtividade por falta de polinização, erosão, defensivos, efeito estufa e assoreamento de rios.
Entre eles, discrimina o biólogo, estão produção e conservação de estoques de água potável, regulação do clima, controle de erosão, polinização, controle biológico, aumento da produtividade e fertilidade e estoque de carbono e energia. Inverta-se a lógica para pensar quanto se gasta com tratamento de água e de doenças decorrentes de sua contaminação, desastres climáticos, baixa produtividade por falta de polinização, erosão, defensivos, efeito estufa e assoreamento de rios.
Os trabalhos de                           campo foram feitos em duas áreas com                           fragmentos florestais no Estado de São Paulo:                           o Sítio Duas Cachoeiras, de Amparo (SP), nos                           quais foram pesquisados 7,7 hectares em                           diferentes estágios de desenvolvimento, de 7 a                           25 anos, e a Fazenda das Palmeiras, em Itapira                           (SP), que preserva há 200 anos uma floresta de                           64,1 hectares .
Foi por meio da                           avaliação emergética (veja abaixo) que Roncon                           identificou, quantificou e valorou serviços                           ambientais prestados por estes fragmentos                           florestais de Mata Atlântica. Ali, ele                           trabalhou com 55 variáveis, como sol, chuva,                           vento, água, biomassa, matéria orgânica,                           elementos químicos, estrutura do solo,                           escoamento de água, água percolada (filtrada                           pelo solo), afloramento de água e erosão e                           outros. Levando-se em conta as variáveis, e                           convertendo-as para valores emergéticos, o                           mestrando chegou àquele número de R$ 150 mil,                           só em relação às árvores. “E, para tornar o                           PSA mais viável economicamente, converti                           depois os valores referentes apenas aos                           serviços ambientais da análise emergética em                           valores de mercado de créditos de carbono, que                           poderiam ser comercializados pelo proprietário                           de florestas”, finaliza.
EcoDebate,                           06/06/2011
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