segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Quem aprovou o controverso relatório sobre o Código Florestal?

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Aldo Rebelo (SP) *PCdoB*
Anselmo de Jesus (RO) *PT*
Moacir Micheletto (PR) *PMDB*
Valdir Colatto (SC) *PMDB*
Reinhold Stephanes (PR) *PMDB*
Duarte Nogueira (SP) *PSDB*
Marcos Montes (MG) *DEM*
Paulo Piau (MG) *PPS*
Moreira Mendes (RO) *PPS*
Homero Pereira (MT) *PR*
Luis Carlos Heinze (RS) *PP*
Hernandes Amorim (RO) *PTB*
Eduardo Seabra (AP) *PTB*


Quem votou CONTRA o substitutivo Aldo Rebelo?

Sarney Filho (MA) *PV*
Ivan Valente (SP) *PSOL*
Rodrigo Rollemberg (DF) *PSB*
Ricardo Tripoli (SP) *PSDB*
Dr. Rosinha (PR) *PT*


Enviado por Jose Ely da Veiga

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Ar Condicionado propelido por Energia Solar

Hitachi Plant Technologies Develops a Solar Activated Air Conditioning System Use of a high-efficiency solar energy collector developed by Hitachi Plant Technologies reduces consumption of fossil fuels and carbon dioxide emissions

Tokyo, January 5, 2011 --- Hitachi Plant Technologies, Ltd. (President and Representative Director: Toshiaki Higashihara) has recently developed an environmentally-friendly Solar Activated Air Conditioning System employing its own developed solar energy collector. The system reduces consumption of fossil fuels and carbon dioxide emissions remarkably.
Hitachi Plant Technologies is actively expanding its marketing activities, targeting at local-air conditioning in buildings or district cooling facilities for the regions of the Mediterranean, the interior of North America, Western Asia, and Australia, “Sun Shine Belts” which are sufficiently exposed to huge amount of sunlight. The company expects to break in its sales up to 5 billions yen in FY2015.
Solar power is increasingly in focus as a source of renewable and sustainable energy, thus avoiding the use of fossil fuels. Hitachi Plant Technologies has considerable experience in a wide range of plants employing solar energy for power and heating.
- more -
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Hitachi Plant Technologies combines this experience with its plentiful expertise in air conditioning, accumulated over many years, in the development of the Solar Activated Air Conditioning System. This system is designed to drive a refrigerator directly with thermal energy generated from the solar energy collector to obtain chilled water for air conditioning.
As the key to this system, Hitachi Plant Technologies developed its own original designed high-efficiency parabola trough-type solar energy collector*. The collector is improved through design features such as its simple and easily-handled structure, and the use of computer simulations to develop a design for control of displacement of the focal point in the presence of wind and other factors.
Hitachi Plant Technologies supplies a total system incorporating the solar energy collector, as well as presenting proposals for combinations of energy-efficient technologies for air conditioning systems, and water treatment technologies. This system also has application beyond air conditioning systems, and future development is expected to involve wider application in a variety of heat sources.
Notes: * Parabola trough-type solar energy collector: A device to track the sun automatically with a parabolic reflector while
maintaining the position of the fluid-filled heat collector tubing at the focal point of the parabola.

DESLIZAMENTO: Maior tragédia do Brasil foi na Serra das Araras

Publicado em 14/1/2011, às 19h43
Aurélio Paiva
Uma cruz de 10 metros na subida da Serra das Araras (Piraí-RJ), no local conhecido por Ponte Coberta, marca o início de um enorme cemitério construído pela natureza. Lá estão cerca de 1.400 mortos (fora os mais de 300 corpos resgatados) vítimas de soterramento pelo temporal que atingiu a serra em janeiro de 1967. Foi a maior tragédia da história do país, superando o número de mortos da atual tragédia na Região Serrana do Estado do Rio de Janeiro, hoje acima de 500.
No episódio da Serra das Araras, suas encostas praticamente se dissolveram em um diâmetro de 30 quilômetros. Rios de lama desceram a serra levando abaixo ônibus, caminhões e carros. A maioria dos veículos jamais foi encontrada. Uma ponte foi carregada pela avalanche. A Via Dutra ficou interditada por mais de três meses, nos dois sentidos.
A Revista Brasileira de Geografia Física publicou, em julho do ano passado, a lista das maiores catástrofes por deslizamento de terras ocorridos no país. O episódio da Serra das Araras, com seus 1700 mortos estimados, supera de longe qualquer outro acidente do gênero no país.
Para se ter uma idéia do que ocorreu na Serra das Araras basta comparar os índices pluviométricos. A atual tragédia de Teresópolis ocorreu após um volume de chuvas de 140mm em 24 horas. Na Serra das Araras, em 1967, o volume de chuvas chegou a 275 mm em apenas três horas. Quase o dobro de água em um oitavo do tempo.
Mas o episódio da Serra das Araras parece ter sido apagado da memória do país e, especialmente, da imprensa. O noticiário dos veículos de comunicação enfatiza que a tragédia da Região Serrana do Rio superou o desastre de Caraguatatuba em março de 1967 (ver abaixo). O caso da Serra das Araras, ocorrido em janeiro daquele mesmo ano, sequer é citado.
Até a ONU embarcou na história e colocou a tragédia atual entre os dez maiores deslizamentos de terras do mundo nos últimos 111 anos.

Caraguatatuba
O ano de 1967 foi realmente atípico. Em março, dois meses após a tragédia da Serra das Araras, outro desastre atingiu Caraguatatuba, no litoral paulista. Chovia quase todos os dias desde o início do ano (541mm só em janeiro, o dobro do normal). Do dia 17 para 18 de março, um temporal produziu quase 200 mm de chuvas em um solo já encharcado. No início da tarde de 18 de março, sábado, a tragédia aconteceu sob intenso temporal que chegou a acumular 580mm de chuvas em dois dias (Teresópolis teve 366mm em 12 dias).
Segundos os relatos da época, houve uma avalanche de lama, pedras, milhares de árvores inteiras e troncos que desceu das encostas da Serra do Mar, destruindo casas, ruas, estradas e até uma ponte. Cerca de 400 casas sumiram debaixo da lama. Mais de 3 mil pessoas ficaram desabrigadas (20% da população da época). O número de mortos - cerca de 400 - foi feito por estimativa, pois a maioria dos corpos foi soterrada ou arrastada para o mar.
Detalhe: Caraguatatuba, em 1967, era um balneário turístico de 15 mil habitantes. Dá para imaginar quais seriam as consequências se aquela tragédia ocorresse hoje, com os atuais 100 mil habitantes.

A receita de uma tragédia

Desmatamentos e ocupação de áreas que deveriam ser preservadas, somados às chuvas cada dia mais intensas, são a combinação perfeita para o drama das enchentes.


Nova Friburgo (RJ) - O bairro de Duas Pedras ficou destruído com as fortes chuvas que atingiram o município de Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro. Valter Campanato / ABr

Classificada pela imprensa como o maior desastre natural brasileiro, a enchente que desde terça-feira, 11 de janeiro, acarreta um número recorde de mortos - mais de 670 até o momento, milhares de desabrigados e perdas de produção agrícola na região serrana do estado do Rio de Janeiro é o resultado de uma equação perigosa: eventos climáticos cada vez mais extremos, como chuvas intensas e por longo período e áreas fragilizadas por desmatamento.

Pouco mais de mil quilômetros separam o palco das enchentes e Brasília, arena onde deputados ligados ao agronegócio batalham por mudanças drásticas no Código Florestal brasileiro. Por esta estrada cruzamos alguns dos mais de 100 municípios em situação de emergência ou calamidade pública no Rio de Janeiro e Minas Gerais. Na paisagem, dois dos biomas brasileiros mais desmatados: a Mata Atlântica, que perdeu 93% de sua cobertura florestal, e o Cerrado, devastado pela metade.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da ONG SOS Mata Atlântica, na última década, o ritmo de desmatamento da Mata Atlântica se manteve em torno de 34 mil hectares ao ano, uma área equivalente a quase 350 mil campos de futebol de mata nativa. No Rio de Janeiro, estado mais castigado pelas chuvas, mais de 80% de floresta já foi desmatado.

Também segundo o INPE, os últimos 60 anos foram de aumento gradativo da intensidade das águas. Chuvas acima de 50 mm por dia, algo raro até a década de 1950, hoje ocorrem entre duas a cinco vezes por ano na cidade de São Paulo, por exemplo. No dia de maior temporal em Nova Friburgo foram 182,8 mm, o que equivale a dizer que para cada metro quadrado, quase 183 litros de água caíram do céu. Em Teresópolis foram 124,6 mm de chuva.

“Eventos extremos, que tendem a aumentar por conta das mudanças climaticas, têm sido cada vez mais freqüentes e intensos. Se há dúvidas sobre como lidar com o problema, existe ao menos a certeza de que a solução não é a derrubada de mais floresta”, diz Nicole Figueiredo, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace.

Enquanto isto, em Brasília, os deputados ruralistas insistem em transfigurar a legislação florestal. É o caso das Áreas de Preservação Permanente (APP), cuja função é proteger margens de rios, encostas e topos de morros, garantindo a estabilidade geológica e a proteção do solo. Se depender da turma da motosserra, algumas faixas de APP serão reduzidas até pela metade. A proteção de beira de rios com larguras de até cinco metros, por exemplo, passariam dos atuais 30 metros para 15. Ficariam liberados para ocupação também os topos de morro, montes, montanhas e serra e áreas de várzea.

Para visualizar o resultado do ideário da motosserra, basta olhar as imagens da tragédia da região serrana. Aos pés de morros lambidos pela terra, o fruto deste tipo de ocupação e do desmatamento de áreas que deveriam ser preservadas, à revelia do que hoje prevê o Código Florestal, é de pura destruição.

“A legislação florestal existe com um propósito claro, o de assegurar o bem-estar da população. É por questão de segurança que há a necessidade de proteger o solo e os rios”, diz Rafael Cruz, da campanha de Florestas do Greenpeace. “As alterações são propostas pela bancada ruralista são irresponsáveis”, complementa.

O Brasil tem mais de 40 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente ocupadas irregularmente, uma área equivalente ao estado de Minas Gerais. Muitas destas regiões desmatadas estão em municípios que hoje estão em calamidade pública como Petrópolis e Teresópolis, que já perderam 70% de sua cobertura florestal, e São João do Vale do Rio Preto, com quase 80% desmatados.

A bancada ruralista também espera conceder ampla anistia a quem desmatou até 2008, o que inclui as APPs. “A proposta segue na contramão da necessidade de recuperação de regiões frágeis, seja nas cidades, ou em áreas rurais, responsáveis pela produção de alimentos e o abastecimento de água para as áreas urbanas”, completa Rafael Cruz.

DILMA CHANCELA O ATRASO

Ricardo Baitelo

 O GLobo - 28/jan/2011

 Em seu discurso de posse, no dia 1º de janeiro, Dilma Rousseff prometeu
fazer uma revolução na área de energia no Brasil. Se disse comprometida com
o desenvolvimento de fontes limpas de geração energética e garantiu que seu
governo incentivaria investimentos em usinas à base de biomassa, eólica e
solar. A presidente projetou o Brasil como futuro campeão mundial de energia
limpa e dono da matriz energética mais limpa do mundo, baseado em um projeto
inédito de país desenvolvido com forte componente ambiental.

 Dilma, no entanto, parece estar rasgando o seu discurso de posse. Depois de
anunciar um plano para construir 11 mega-hidrelétricas na Amazônia e voltar
a fustigar órgãos de governo responsáveis pelo licenciamento ambiental de
grandes obras, a presidente vai, nesta sexta-feira, emprestar seu prestígio
e a força de seu cargo numa homenagem ao que existe de mais acabado em
termos de involução energética. Dilma prometeu que vai estar presente à
inauguração da usina termoelétrica Presidente Médici - que por óbvias razões
o governo prefere chamar de Candiota III. A usina é um monumento à geração
energética do passado.

 Movida a carvão - o menos nobre e mais poluente dos combustíveis fósseis -
Candiota III promete gerar 350 MW de energia deixando um rastro de emissões
de gases responsáveis pelo efeito estufa que ameaçam a saúde humana e a
estabilidade do clima do planeta. Significa que uma única usina -
responsável por pouco mais de 0,5% da energia gerada atualmente no Brasil -
contribuirá com o aumento de 10% das emissões atuais do setor elétrico.

 Isso, sem incluir a mineração do carvão necessário à alimentação de seus
geradores, uma atividade que comprovadamente causa impactos nocivos ao
lençol freático e ao solo. Dilma, fiel ao bordão do governo, provavelmente
dirá que Candiota III serve para garantir a segurança energética do país,
assegurando que teremos energia para continuarmos a nos desenvolver.
Trata-se de uma lenda.

 De acordo com o cenário Revolução Energética, lançado pelo Greenpeace na
COP 16, em Cancún, o potencial de energia eólica e biomassa e solar poderá
atender a boa parte da expansão energética brasileira prevista com o
crescimento econômico das próximas décadas. A matriz elétrica de 2050 seria,
portanto, uma mescla entre o parque hidrelétrico já instalado, com forte
participação de eólicas e cogeração a biomassa e geração solar centralizada
e distribuída. Além dos óbvios benefícios ambientais, os ganhos seriam
sociais, com a geração de empregos verdes, e econômicos, com a redução de
gastos de combustíveis fósseis.

 Não há lugar para termelétricas a carvão e nucleares nessa matriz. Este
tipo de usina é considerado inflexível ou de operação ininterrupta e não se
adapta, portanto, a um modelo que privilegia a a conjunção da
disponibilidade momentânea de cada uma das renováveis. O relatório "A
batalha das redes", lançado na semana passada pelo Greenpeace, mapeia o
sistema de redes necessário para conectar a geração de energias renováveis
na Europa e tornar a matriz dessa região 100% renovável e independente de
fontes sujas até 2050.

 Se a Europa, continente de grande geração fóssil, pode realizar essa tarefa
até meados deste século, o Brasil, que já conta com uma matriz de mais de
80%, tem todas as condições para chegar lá antes disso. A privilegiada
situação brasileira de potencial renovável permite que apostemos na
conjunção entre os regimes de geração das diferentes formas de energias
renováveis, que pode perfeitamente atender à demanda nacional de forma
segura.

 Em suma, a presidente está chancelando um empreendimento baseado em um
modelo energético do século retrasado. Mas, se quiser se redimir, ainda terá
a oportunidade de cumprir parte do que prometeu no ato da posse e tirar o
projeto de lei de energias renováveis - PL 630 - do limbo na Câmara dos
Deputados em fevereiro.

 RICARDO BAITELO é coordenador de energia da organização não governamental
Greenpeace no Brasil.

MEDIDAS SIMPLES REDUZEM 73% CONSUMO DE ENERGIA

New Scientist  - 27/jan/2011

Um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) mostra que a energia
global poderia ser economizada em 73% com a adoção de medidas simples e o
uso de tecnologias existentes.

As discussões sobre a redução das emissões de gás-estufa geralmente se
concentram em formas de gerar energia limpa, sem mexer no consumo mundial, e
não no aproveitamento do que já está disponível.

Para chegar a esse número dos 73%, Julian Allwood e colegas de Cambridge
analisaram prédios, veículos e indústrias, aplicando uma política de como
aproveitá-los melhor.

As alterações em casas e edifícios incluem instalação de vidros triplos para
melhorar o isolamento térmico, utilização de tampas de panelas ao cozinhar e
redução da temperatura de máquinas de lavar roupa e louça, entre outras
mudanças. No transporte, também é indicado que o peso dos carros seja
limitado a 300 quilos.

"Se podemos promover uma redução séria de nossa demanda por energia", diz
Allwood, "todas as opções [de fornecimento de energia] vão parecer mais
realísticas".

Nick Eyre, líder do grupo Futuro de Baixo Carbono, da Universidade de
Oxford, diz que alguns pressupostos da equipe de Cambridge são conservadoras
demais. Há edifícios que hoje podem consumir, com o aquecimento, menos de 15
quilowatt-horas por metro quadrado a cada ano.

Ele, contudo, apoia Cambridge: "As ideias convencionais sobre o sistema
energético e a política do setor precisam ser ampliadas e incluir a maneira
como a energia é usada, e não somente a maneira como ela é obtida."

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Plano de prevenção de desastres em SC não sai do papel

26/01/2011 - 08h57 
ELIDA OLIVEIRA
DE SÃO PAULO
Santa Catarina vai esperar até maio para ter acesso a um projeto de prevenção de desastres no Vale do Itajaí. A execução, contudo, não será imediata.
Sobe para 55 o nº de cidades em emergência em SC
Em alerta, Defesa Civil monitora encostas em Itajaí (SC)
Campinas tem 143 imóveis interditados pela chuva
Governo antecipa Bolsa Família a vítimas da chuva em MG
Leia a cobertura completa sobre as chuvas no país
De posse dos estudos da agência japonesa de cooperação Jica, o governo avaliará se vai executá-las, diz o secretário da Defesa Civil, Geraldo Althoff (DEM).
Desde novembro de 2008, quando as chuvas mataram 135 em SC, nenhum plano foi posto em prática. A criação da Secretaria de Defesa Civil e o convênio com a Jica são as primeiras ações concretas.
Para Beate Frank, do Comitê da Bacia do Rio Itajaí, a criação da secretaria pode ajudar, mas o convênio com a Jica é controverso. Para ela, as propostas "não levam em conta o cerne do problema" --estruturar defesas civis, não ocupar morros, preservar margens e criar um sistema de alerta.
Apesar de a Assembleia Legislativa ainda não ter aprovado a criação da secretaria, Althoff foi anunciado para o cargo e assumiu a função de porta-voz.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A meteorologia em nossas vidas

Hélio Schwartzman na Folha20/01/2011 - 07h07


O brasileiro nunca deu muita bola para a meteorologia, que, nos países verdadeiramente temperados, chega a ser uma obsessão nacional. A diferença se explica. Por aqui, a previsão climática é quase monótona: há o tempo seco e o chuvoso, o período de calor escaldante e o suportável. A vida não muda radicalmente quer estejamos num ou noutro. Já nas nações de altas latitudes, a estação dita o ritmo de nossas existências: o que se pode fazer no inverno é muito diferente das atividades de verão, e isso afeta desde os esportes que podem ser praticados até os estados de espírito.

No período do frio, a vida se volta para ambientes internos, a luz solar escasseia, cada incursão ao mundo exterior exige preparativos, sendo, portanto, revestida de solene gravidade. Por contraste, o verão ganha uma ligeireza quase institucional: um autêntico "midwestern" norte-americano se vestirá de bermudas e camiseta em meados de setembro mesmo que a temperatura atinja 5ºC ao cair do dia. Afinal, ainda é verão.

Por aqui, são necessário eventos catastróficos como o da região serrana do Rio de Janeiro para nos fazer lembrar da importância do clima. É claro que a quantidade de chuva é apenas um dos ingredientes da tragédia. O bom Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) já havia observado que as consequências de desastres naturais são em larga medida determinadas pelos homens. Como escreveu o genebrino a respeito do grande terremoto de Lisboa (1755), não foi a natureza que, numa área relativamente exígua "reuniu 20 mil casas de seis ou sete andares". Ele vai ainda mais além e pergunta-se "quantos infelizes pereceram neste desastre, porque quiseram pegar, um suas roupas, outro, sua papelada, outro, seu dinheiro?".

Não sei se a Defesa Civil tem um patrono, mas, se não tem, deveria pegar logo Rousseau. Até onde sei, é ele que, com essas reflexões, inaugura a moderna abordagem sociológica desse tipo de evento. É claro que o fez num contexto um pouco diferente, que já explorei antes neste espaço. O bom Jean-Jacques disse o que disse em meio a uma disputa teológica. Ele se contrapunha a Voltaire (1694-1778), que, em seu "Poema sobre o Desastre de Lisboa", utilizara o sismo para introduzir o problema da teodiceia: se existe um Deus benevolente, onisciente e onipotente, como pode permitir o sofrimento de tantos inocentes? Rousseau, na ânsia de isentar a Providência de qualquer responsabilidade, preferiu lançar a culpa sobre os homens.

Deixemos, porém, o Criador de lado e nos concentremos na interação natureza-sociedade. Seria uma insanidade pretender, contra Rousseau, que erros na política de ocupação do solo e comportamentos temerários não são capazes de magnificar os efeitos de calamidades naturais. Mas é importante observar que só as chamamos de "naturais" porque há variáveis geológicas e atmosféricas envolvidas. O peso de cada qual é uma questão aberta --e com proporções que variam bastante conforme o evento.

De um modo geral, eu diria que, especialmente no Brasil, onde a meteorologia não goza de grande Ibope e onde a tradição acadêmica valoriza as chamadas forças históricas em detrimento de fatores humanos, geográficos e mesmo do bom e velho acaso, o clima acaba sendo um pouco menosprezado.

Existem, é claro, escolas alternativas. O melhor exemplo talvez seja o do geógrafo Jared Diamond, que, em seus livros "Armas, Germes e Aço" e "Colapso", coloca a geografia e o clima como explicações centrais para determinar surgimento, expansão e desaparecimento de civilizações.

Na mesma linha de pesquisa vão Raymond Fisman e Edward Miguel que, em "Economic Gangsters: Corruption, Violence, and the Poverty of Nations" (gângsteres econômicos: corrupção violência e a pobreza das nações), atribuem boa parte dos desastres da África aos caprichos do clima. Eles analisaram a relação entre secas e guerras civis e concluíram que o fator climático explica os conflitos até melhor do que as divisões étnicas e religiosas. Para esses economistas, uma queda de 5% no PIB, comum em vários países nos anos de seca, eleva em 50% (de 20% para 30%) o risco de ocorrer uma guerra civil nos 12 meses seguintes. Saindo da abstração dos números, para o sujeito que vive ali, cada vez que vem as chuvas falham, a chance de ocorrer um conflito no ano subsequente é de uma em três. E vale lembrar que a África é a região tropical do planeta com maior propensão a estiagens. É comum no continente que um país tenha de dois a três anos secos por década.

Fisman e Miguel também acharam correlações mais improváveis, como aquela entre a falta de chuvas e o maior número de mulheres assassinadas por bruxaria na Tanzânia. De novo, a deterioração das condições econômicas leva as famílias a sacrificar alguns de seus membros. A escolha acaba recaindo sobre as "bruxas", isto é, as duplamente vulneráveis: mulheres mais idosas. Nós, no conforto de nossos supermercados, já nos esquecemos de que, durante a maior parte de sua existência, os homens tiveram de apelar para infanticídios, parricídios, matricídios e vários outros "cídios" em momentos de extrema privação. Parte da humanidade ainda vive nessa era neolítica.

E essas ponderações sobre o clima nos levam à questão fundamental: de quem é a culpa pela tragédia? É a natureza/Deus ou as autoridades/cidadãos? Para responder a isso precisamos recorrer à ideia de percepção do risco, conceito onde se materializam as reações humanas diante das incertezas naturais.

E essa é uma disciplina na qual tiramos nota zero. Somos bons para fugir dos perigos que a natureza inscreveu em nossos genes: cobras, altura, plantas amargamente venenosas. Aí, a reação é imediata e nem precisamos ter certeza de que "aquela cobra" não é um simples graveto antes de sair correndo.

A questão é que esses perigos antigos são quase inexistentes nos ambientes urbanos em que vivemos hoje. Riscos modernos mais verossímeis são enchentes e outros cataclismos, acidentes automobilísticos, e venenos saborosos, como charutos e picanha. Não estamos programados para sair correndo cada vez que avistamos uma casa construída em morro nem para fugir de motocicletas. Pior ainda, corremos (e pagamos) para entrar numa churrascaria. É só através de operações intelectuais que tomamos ciência do perigo envolvido nessas situações. E, infelizmente, nem sempre reagimos a essas abstrações. Embora a cultura seja a outra via pela qual moldamos nosso comportamento, ela não é tão eficiente quanto os medos viscerais. O resultado é que ocupamos áreas de risco sem nem pestanejar. A pobreza é decerto um ingrediente a determinar quem habita onde, mas não é tudo. Mais de 90% da população norte-americana vive gostosamente em regiões onde o risco de grandes terremotos é de moderado a alto.

Um jeito de mudar essa equação seria multiplicar nossa expectativa de vida por 1 milhão. Para um ser humano que vivesse 70 milhões de anos, o ato de atravessar uma rua seria percebido como mais perigoso do que mergulhar num tanque cheio de tubarões brancos em jejum. O tempo é a chave quando pensamos em risco, isto é, em frequências relativas.
Não é de meu feitio defender autoridades públicas, mas o argumento das chuvas excepcionais não é tão estúpido. Se esperarmos o tempo necessário, é uma fatalidade aritmética que, num dado verão, o volume de água precipitada supere a capacidade da melhor engenharia de resistir a enchentes e sobrevenha uma catástrofe. Vale lembrar que, por definição, cada estação chuvosa tem uma chance em 500 de produzir a pior enchente dos últimos 500 anos. Ou uma em cem de produzir a cheia do século. Você escolhe.

Só o que podemos fazer é melhorar constantemente nossas defesas, para tentar reduzir o número de vítimas e estragos que essa "tempestade perfeita" é capaz de produzir. Nesse sentido, é mais do que legítimo que aproveitemos tragédias como a atual para pressionar as autoridades a tomar atitudes. Cobranças políticas, ainda que "injustas", são menos abstratas do que tabelas de sinistralidade. Tendem, portanto, a produzir resultados mais concretos.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Sistemas baseados no Ego precisam ser substituidos por ação colaborativa, baseada em sabedoria coletiva

Dear Academy Friend,

Firstly, let me wish you and your family all the best for 2011.  

As the new year begins, it is clear that the challenges we face - competitive, economic, environmental or interpersonal - are of such complexity that all ego-based systems must be replaced by collaborative action, based on collective wisdom. This is the theme for Oxford Leadership Academy this year, and I hope it will inspire you to join us in working together to transform business for good.
 
In this spirit, I am proud to share with you the latest issue of the Oxford Leadership Journal.  Our editor, Robert Ziegler, has done an excellent job in compiling this issue by addressing questions of complexity from several angles; I am confident that you will find the articles highly relevant.
 
Click here to access the January 2011 edition of the Journal.

Wishing you courage, integrity, decisiveness and humility - the values we believe will be most important for leaders in the Year of the Rabbit. [no calendário chinês 2011 é o ano do coelho].

Warmest regards,
Brian

Brian K. Bacon
Chairman & Founder,
Oxford Leadership Academy
Mill Street, Oxford, OX2 OJX, UK
Tel + 44 (0) 1865 811114
Mob + 44 (0) 77 8099 2450
Fax + 44 (0) 870 420 8857
 
 
USA
300 Brannan Street, #604
San Francisco, CA 94107
Tel: +1-415-615-0932
oxford : san francisco : stockholm : copenhagen : sao paulo : mexico city : hong kong : sydney

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Dilma lança sistema nacional de prevenção de desastres

Para evitar novas tragédias como as que atingem a região serrana do Rio de Janeiro e outras áreas do País todos os anos, o governo federal anunciou, nesta segunda-feira, o lançamento do Sistema Nacional de Prevenção e Alerta de Desastres Naturais. O anúncio foi feito após reunião entre a presidente Dilma Rousseff e os ministros da Defesa, Nelson Jobim, de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Integração Nacional, Fernando Bezerra.
A expectativa do governo federal é de que o sistema esteja em pleno funcionamento dentro de quatro anos. "Mas já esperamos respostas para o próximo verão. Vamos implantar pelo menos nas áreas mais críticas", afirmou o ministro de Ciência e Tecnologia.
Segundo Mercadante, o sistema de alerta vai prevenir os desastres naturais mais comuns no Brasil, que são deslizamentos de terra, inundações, ressacas, secas e vendavais. Um novo supercomputador foi adquirido, com capacidade para escanear o território nacional a cada 5 km², quando antes esse mapeamento era feito a cada 20 km². "Isso vai esquadrinhar o Brasil em regiões menores e nos dará uma previsão mais precisa", disse Mercadante. O sistema terá uma sede nacional e outras cinco distribuídas entre as regiões brasileiras.
"Para aprimorar a capacidade de previsão do tempo, vamos implantar novos radares meteorológicos e integrar todos os disponíveis, inclusive os da Aeronáutica, num só sistema. A previsão por satélite dá uma estimativa boa para três dias antes, quanto mais próximo, mais seguro. Mas os radares captam a chuva que está efetivamente ocorrendo, o que nos avisa sobre o encharcamento do solo", afirmou o ministro de Ciência e Tecnologia.
Além dos radares, 700 pluviômetros (equipamentos que captam o volume de chuva) serão adquiridos pelo governo federal - o que ainda depende do Ministério do Planejamento para determinar o ritmo de compra dos equipamentos. A intenção é fazer o levantamento das condições de solo e geografia do País. "Estimamos em aproximadamente 500 áreas de risco no País, com cerca de 5 milhões de pessoas morando nessas áreas, e temos outras 300 regiões sujeitas a inundações", disse Mercadante. O sistema será coordenado pelo ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) Carlos Nobre, que ficou à frente do órgão por 12 anos.
O ministro da Integração Nacional afirmou que Dilma determinou o retorno de alguns titulares para acompanhar a situação no Rio de Janeiro. "Voltaremos eu (Fernando Bezerra), o ministro da Justiça e o ministro da Defesa já amanhã. Vamos visitar as cidades atingidas para que possamos reforçar nossas ações e iniciar o monitoramento mais próximo das áreas ainda sujeitas a riscos, para evitar a perda de novas vidas", declarou.
Chuvas na região serrana
As fortes chuvas que atingiram os municípios da região serrana do Rio nos dias 11 e 12 de janeiro provocaram enchentes e inúmeros deslizamentos de terra. As cidades mais atingidas são Teresópolis, Nova Friburgo, Petrópolis, Sumidouro e São José do Vale do Rio Preto. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), choveu cerca de 300 mm em 24 horas na região.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Revisão do Código Florestal pode legalizar área de risco e ampliar chance de tragédia

16/01/2011 - 04h04
DE SÃO PAULO
O projeto do novo Código Florestal amplia a chance de ocupação de áreas de risco, uma das razões das mortes causadas pela chuva no Sudeste, informa a reportagem de Vanessa Correa e Evandro Spinelli publicada na edição deste domingo da Folha.
Leia relatos sobre os estragos
Saiba como fazer doações para as vítimas das chuvas
Veja como ficaram os pontos turísticos
Veja imagens dos estragos no Rio
Veja cobertura sobre chuvas na região serrana do Rio
O texto em tramitação no Congresso não considera topos de morro como áreas de preservação permanente e libera a construção de casas em encostas. Em locais assim houve deslizamentos que mataram centenas de pessoas no Estado do Rio.
O projeto reduz ainda a faixa de preservação nas margens de rios, criando brecha para o uso de áreas como o alagado Jardim Pantanal, zona leste paulistana.
O relator da revisão do Código Florestal, Aldo Rebelo (PC do B-SP), nega que o projeto trate de regras nas cidades. O texto, porém, cita a regularização fundiária de áreas urbanas.

Editoria de Arte/Folhapress

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Não é a chuva que deve ir para a cadeia

14 Jan 2011, 12:30
Das surpresas do clima quem pode falar por todos os políticos com conhecimento de causa são os faraós egípcios. Eles, como o ex-presidente Lula, agiam como enviados do céu à terra. E, ao contrário do ex-presidente Lula, não falam desde que saíram de cena, a não ser por intermédio de escribas e hieroglifos.

Mas, como encarnações do sol, se o sol fracassava lá em cima eram arrancados do trono cá embaixo, surrados e cuspidos no fundo do Nilo. Tudo porque o rio deixava de inundar o delta que nutria seu reino agrícola. Lá, o regime político mudava conforme o regime do rio. Tornava-se violento e insurreto até o Nilo voltar à normalidade, irrigando uma nova dinastia.

As vítimas dessas tragédias políticas e climáticas não tinham, na época, como saber que as cheias do Nilo eram regidas pelas chuvas de monção do Sudeste Asiático, que por sua vez dependiam de ventos conjurados pela temperatura das águas no Oceano Pacífico, do outro lado da terra, na costa da América do Sul, um lugar mais distante que o sol do cotidiano egípcio.

O remédio é responsabilizar homens públicos como pessoas físicas pelos crimes que cometem contra a vida. Às vezes em série, como acaba de acontecer na Região Serrana do Rio de Janeiro. 
O culpado da desordem era um fenômeno natural que só entrou há duas décadas no noticiário internacional, com o nome de El Niño. Mas deixar o clima fazer seus estragos à solta, em Tebas ou Menfis, tinha custo político, porque da regularidade do rio dependiam vidas humanas. O preço era injusto, cruel e exorbitante. Como é injusto, e talvez seja também cruel e exorbitante, que hoje não se processe no Brasil, por homicídio culposo, o político que patrocina baixas evitáveis e supérfluas em encostas carcomidas e vales entulhados por ocupações criminosas.

No dia em que um prefeito, olhando as nuvens no horizonte, enxergar a mais remota possibilidade de ir para a cadeia pelas mortes que poderia impedir e incentivou, as cidades brasileiras deixariam aos poucos de ser quase todas, como são, feias, vulneráveis e decrépitas. De graça, ou com o dinheiro virtual do PAC, os políticos não consertarão nunca a desordem que os elege.

Não adianta ameaçá-los com ações contra o Estado ou a administração pública, porque o Estado e a administração pública, na hora de pagar a conta, somos nós, os contribuintes. O remédio é responsabilizar homens públicos como pessoas físicas pelos crimes que cometem contra a vida. Às vezes em série, como acaba de acontecer na Região Serrana do Rio de Janeiro.

O resto é conversa fiada. Ou, pior, papo de verão em voo de helicóptero, que nessas ocasiões poupa às autoridades até o incômodo de sujar os sapatos na lama. Pobres faraós. O longo e virtuoso caminho civilizatório que nos separa de seu linchamento está nos levando de volta à impunidade anárquica das entressafras dinásticas, quando a favelização lambia até as suntuosas muralhas de Luxor.

Linchar um político não é a mesma coisa que malhar seus projetos. E os brasileiros estão perdendo mais uma chance de bater com força no projeto de lei número 1.876/99, que o deputado Aldo Rabelo transfigurou, para enquadrar o Código Florestal nos princípios do fato consumado. Ele reduz à metade as áreas de preservação em margens de rio, dispensa da reserva legal propriedades pequenas ou médias e consolida os desmatamentos ilegais. Nunca foi tão fácil saber aonde ele quer chegar com isso, folheando as fotografias aéreas das avalanches em Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo. Dá para ver nas imagens o que havia antes nos pontos mais atingidos. É o que o novo Código Florestal vai produzir no campo. Mais disso.

Mudar código florestal é buscar catástrofes

 Miriam Leitão
Eu conversei ontem com um conservacionista para ajudar a ilustrar nosso debate sobre essa tragédia que estamos vivendo. Miguel Milano, engenheiro florestal, acabou de fazer uma viagem de 5 mil quilômetros pelo interior do Brasil, pegando as pequenas rodovias. Ele ficou impressionado com o que viu. Disse que morros estão se desfazendo em erosão, porque não se respeita a lei. É preciso ter vegetação em áreas de declive, reserva legal, mata ciliar nos rios.
Contou também que lembrou o que estudou na faculdade: a diferença entre o pico da cheia e o da secas nas áreas vegetadas é de sete vezes; no caso das degradadas, 20 vezes. A água cai em área devastada com mais violência. As árvores também transpiram, bombeando parte da água para a atmosfera. Por isso que é preciso ter reserva florestal, faz parte dessa lógica do planeta.
Ele descreve um quadro de contratação de catástrofe pelo interior do Brasil todo e, nesse momento, o país está discutindo no Congresso a mudança do código florestal, que sugere uma redução de áreas de preservação permanente, de beiras de rio, de reserva legal em todos os biomas.
Vai na direção contrária do que tem de ser feito. Temos de obrigar o respeito a lei, em vez de tentar flexibilizá-la num momento em que os climatologistas nos dizem que tudo vai piorar. Está nas mãos do Congresso decidir se vamos caminhar na direção da catástrofe, aprovando esse relatório da mudança do código, ou recusar essa insensatez. Queremos caminhar para contratar mais dor, mais sofrimento? É preciso aumentar a proteção, não reduzi-la.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Questão de tempo

Miriam Leitão
O GLOBO - 13.01.2011

Chuvas despencam em volume espantoso sobre áreas do Sudeste, fazendo mais de duas centenas de mortos só na Região Serrana do Rio. Na Austrália, vive-se a maior enxurrada em 120 anos. O Ibama passa por mais uma crise — a terceira — provocada pela exigência de licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte. Assuntos separados? Não, partes da mesma insensatez.

Os cientistas estão avisando há tempos que os fenômenos naturais, que sempre estiveram conosco, como tempestades e secas, vão acontecer com mais frequência e com mais intensidade. No ano passado, o caudaloso, abundante e aparentemente infinito Rio Negro, na Amazônia, enfrentou uma seca que o transfigurou. As imagens que chegavam de seu leito seco em algumas áreas eram inacreditáveis para quem já o viu na cheia. Como outros rios amazônicos, ele tem oscilações fortes de volume de água, mas o extremo a que chegou na seca do ano passado foi impressionante. Anos atrás, uma seca na Amazônia exibiu o solo da região mais úmida do Brasil rachada como se fosse o Nordeste. É nessa região que o governo pretende construir a maioria das 61 novas usinas hidrelétricas, que, segundo matéria publicada no GLOBO, vão provocar o desmatamento de 5.300 km de florestas só nas áreas dos reservatórios e das linhas de transmissão. Uma dessas usinas é a mais emblemática e mais polêmica: a hidrelétrica de Belo Monte. Ontem, o presidente do Ibama, Abelardo Bayma, pediu demissão alegando motivos pessoais, mas a informação do Blog Político da “Época” é que ele saiu por discordar da licença de Belo Monte. Já houve outros episódios de desabamento no Ibama por causa da mesma hidrelétrica.

As cidades brasileiras não estão preparadas para o momento atual, o que dirá do futuro que os climatologistas prenunciam e alertam. A arquiteta e urbanista da Unicamp Andrea Ferraz Young me disse ontem que tudo foi feito errado no passado na ocupação do espaço urbano:

— Nunca foi considerado o funcionamento do sistema de margens dos rios e das várzeas, a vegetação foi suprimida sem planejamento. Toda a lógica das bacias e microbacias foi ignorada. As margens dos rios que deveriam ter matas ciliares foram cimentadas e concretadas. Os rios que serpenteavam foram transformados em canais retos. As galerias foram mal dimensionadas. O lixo obstrui tudo. Aí, quando vem a chuva, o solo não consegue absorver a água, e aumenta o volume que cai nos canais, que eram rios. Por não ter obstáculos, a água corre com mais velocidade e se transforma em enxurrada.

Ela acha que diante do aviso dos climatologistas de maior intensidade dos eventos extremos, é preciso repensar seriamente o espaço urbano. Uma das ideias mais óbvias e de mais difícil execução é a remoção de quem mora em área de risco:

— É preciso criar dentro das cidades áreas verdes para que o solo possa absorver a água, reduzindo o impacto da chuva, e, nas secas, elevar a umidade dos centros urbanos.

Tudo parece simples e é adiado. Só que o país corre contra o tempo. A Austrália parece um espelho avançado dos riscos que corremos com as mudanças climáticas. Teve quatro anos de secas extremas, consideradas as piores da história do país. Agora tem uma enchente que provocou em algumas áreas fenômenos chamados de “tsunami interno”. Brisbane, a terceira maior cidade do país, ficou submersa. O prejuízo já se conta em bilhões de dólares e o governo alerta que a população se prepare para o pior.

É neste contexto global de mudança do regime hidrológico que se pensa em construir às pressas e a manu militari hidrelétricas na nossa parte da maior floresta tropical do planeta. Belo Monte para ser construída terá que acabar com o que é hoje chamado de a Grande Volta do rio Xingu. Vai remover mais terra do que o necessário para fazer o Canal do Panamá. Terá uma instabilidade já prevista de geração de energia. A capacidade instalada será de 11 mil megawatts, na média pode ser de 4.000, se tanto. Mas pode-se chegar a apenas mil megawatts em alguns períodos do ano. Não estão bem dimensionados os custos fiscais, o governo estatizou o risco econômico através das empresas, do financiamento e dos fundos de pensão. Já os riscos ambientais não podem ser devidamente avaliados porque cada vez que o Ibama tenta fazer isso rolam cabeças. Foi assim que aconteceu em dezembro de 2009 com o então diretor de licenciamento Sebastião Custódio Pires e com o coordenador de infraestrutura e energia Leonildo Tabaja. Logo depois, em janeiro de 2010, o Ibama foi chamado à Casa Civil e enquadrado. Que o licenciamento saísse. Publiquei aqui neste espaço no dia 17 de abril, na coluna “Ossos do Ofício”, a reprodução dos documentos em que o Ibama foi simplesmente atropelado para dar a licença prévia. Agora querem a licença de instalação da mesma forma. A construção de Belo Monte enfrenta oito ações do Ministério Público.

Que país é este, que mesmo diante dos alertas da Natureza de que todos os riscos ambientais precisam ser bem avaliados porque o clima está mudando de forma acelerada, acha que se deve soterrar as dúvidas com uma barragem de autoritarismo? Que país é este, que acha que pode continuar ocupando o espaço urbano sem planejamento, não corrigir os erros do passado e contratar a repetição de tragédias? Ontem, o Bom Dia Brasil mostrou que moradores estão voltando a morar no Morro do Bumba, em Niterói, que desabou porque era uma favela feita sobre um lixão. Que país canta “Às margens do Ipiranga”, mas soterra o Ipiranga sobre concreto, como fez com inúmeros outros rios, córregos, riachos? Se você mora em tal país, está na hora de exigir que ele comece a mudar. É uma questão de tempo.

Código Florestal: apoio da AGU a mudanças contraria tese da Sociedade Rural Brasileira

Flavia Bernardes

O órgão do governo federal se manifestou em defesa das mudanças relativas às Reservas Legais, previstas para o Código Florestal brasileiro. Ao Supremo Tribunal Federal (STF), foi enviada uma manifestação da AGU em resposta a uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) ajuizada pela Sociedade Rural Brasileira.
Segundo a Sociedade Rural Brasileira, as mudanças alteram a exigência de Reserva Legal, estabelecendo, sem previsão de ressarcimento, novas restrições e obrigações aos proprietários de imóveis rurais. A entidade afirma que a Reserva Legal não possui natureza de limitação administrativa e que sacrificaria direitos individuais em prol da coletividade, devendo o Estado ressarcir o dono da área.
A ADIn prevê também que a recuperação da Reserva Legal não pode ser atribuída ao proprietário, mas somente ao poder público diante do que determina o parágrafo único do artigo 255 da Constituição Federal (CF). O dispositivo afirma que "todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações".
Já para a Advocacia Geral da União (AGU) não se trata de interferência no direito de propriedade, muito menos confisco de propriedade privada, diante da possibilidade de utilização da área da Reserva Legal do imóvel rural, desde que o manejo seja sustentável e obedecidas as demais disposições ambientais.
Legalidade
A AGU argumentou que a norma está em conformidade com o que prevê a Emenda Constitucional nº 32, de 2001, que se definiu pela validade/continuidade das medidas provisórias editadas em data anterior à publicação até que nova medida as revogue ou até deliberação do Congresso Nacional.
No que diz respeito ao ressarcimento, a AGU entende que deve ser levado em consideração, nesses casos, o fato de que o direito de propriedade já nasce com a função ambiental que obriga o titular a ceder, respeitar e a recompor as reservas conforme necessidade.
A Sociedade Rural Brasileira tem como posições sobre a legislação  florestal brasileira a necessidade de que a abertura de novas áreas só será permitida mediante rigorosos estudos de  zoneamento ambiental e econômico; que nas  propriedades rurais as atividades sejam conduzidas de forma a conservar os  recursos naturais, especialmente a água e o solo, inclusive com reflorestamento de áreas onde tal medida seja a mais indicada; que sejam constituídas as reservas florestais que a sociedade brasileira considerar  necessárias, preferencialmente em terras impróprias ou marginais para uso agropecuário.
Entende ainda que as reservas florestais são um benefício para toda a sociedade brasileira e que os  custos para sua implantação e manutenção devem ser distribuídos por toda a sociedade e não exclusivamente para os produtores rurais, que não têm recursos ou renda para suportar tal encargo.
Na prática, a sociedade entende que a legislação não deve obrigar que as terras apropriadas para a agropecuária, que  estejam sendo utilizadas para esta finalidade de forma sustentável, sejam convertidas para uso florestal.
Leia mais:
Comunidade científica reage contra mudanças no Código Florestal
http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=6334

Precisamos de ciência e tecnologia de prevenção de desastres associados a eventos climáticos

Sérgio Abranches
11 janeiro, 2011
Chuvas fortes e secas prolongadas não são novidades no Brasil e vão aumentar de frequência e intensidade ao longo desta década. Também não são novidades as enchentes, os deslizamentos, as populações desprevenidas, que ficam sem águas, as perdas associadas a esses eventos.
Com o tenho insistido aqui, não existem ‘desastres naturais’. Existem desastres associados a fenômenos naturais. Um tsunami em alto mar, sem ilhas habitadas ou navios por perto não vira desastre se não chegar a áreas habitadas. Permanece apenas como registro científico de um fenômeno natural. Tudo se agrava quando o ‘ambiente construído’ é mal planejado e mal construído. Além de não prever e levar em consideração a possibilidade de eventos climáticos extremos, não é construído de forma a evitar resistir a eles. Pontes e prédios agravam as enchentes ao barrar o fluxo das águas. Prédios e casas desabam porque não foram feitos para resistir à forças das águas ou do vento. Não há abrigos, rotas de escoamento, planos de remoção. Não temos um sistema de alerta para eventos iminentes, somos muito deficientes na análise, classificação e gestão de riscos de desastres. Fazemos muito pouco para prevenir, mitigar ou evitar o desastre, não os eventos climáticos, que são inevitáveis.
O ministro Aloizio Mercadante, da Ciência e Tecnologia, disse que quer criar um “grande programa de previsão de catástrofes naturais”. Ele está certo. Mas precisamos mais que apenas um sistema de previsão ou de “georreferenciamento de áreas de risco e previsão meteorológica que tenha maior capacidade de se antecipar aos fenômenos”. Isso, segundo o ministro, permitiria que a gente tivesse, “com a Defesa Civil e o apoio das Forças Armadas, condições de prevenir desastres naturais”.
Não podemos evitar um terremoto ou uma tempestade tropical. Mas podemos usar o conhecimento científico e tecnológico que já temos e que possamos desenvolver para definir áreas de risco e remover populações dessas áreas; melhorar as obras de infra-estrutura em função do comportamento das águas; evitar deslizamentos; criar sistemas de sensores para alertar as comunidades e organizar respostas adequadas das autoridades da defesa civil e da própria comunidade. A defesa civil pode mesmo se beneficiar de inteligência – pesquisa e sistemas de alerta prévio – novas tecnologias, melhores equipamentos. Além disso, precisamos pesquisar os riscos de novos eventos extremos que enfrentaremos no futuro próximo com a mudança climática. Temos grande incidência de tornados no país e sequer nos damos conta disso.
É preciso ter pesquisa permanente sobre os riscos e os tipos de desastres possíveis no Brasil e como e onde os eventos que podem levar a tragédias humanas se agravarão com a mudança climática. Precisamos de desenvolver novas tecnologias em todas as áreas pertinentes à prevenção e mitigação de desastres. E conhecer melhor o nosso futuro climático.
O Japão é um bom caso de sistema desenvolvido de ciência e tecnologia para prevenção de desastres. Desde o após-guerra investiu muito nesse campo. Tem muita tradição nesse campo. O Instituto de Pesquisa em Prevenção de Desastres de Quioto, por exemplo, estuda controles de segurança para o espaço urbano; planejamento para a mitigação de desastres no ambiente construído; inovações em prevenção de desastres; sistemas sociais para a governança de risco de desastres. Em áreas relacionadas a tempestades, há estudos importantes sobre o ambiente climático; o ambiente atmosférico e de tempestades extremas; desastres hidrometeorológicos, entre muitas outras áreas de pesquisa em desastres.
No EUA há numerosos centros que se dedicam à pesquisa sobre desastres e desenvolvimento de tecnologias e sistemas sociais de governança. Tem também um extenso programa federal de financiamento à pesquisa de prevenção e mitigação de desastres.
A ONU tem uma Estratégia Internacional para Redução de Desastres.
A Índia tem um programa extenso de gestão de desastres. A China tem um Instituto de Ciência e Tecnologia de Prevenção de Desastres bastante desenvolvido.
E não é só o Governo Federal que deve se dedicar a isto não. Os governos dos estados e das grandes capitais também.
Esta é uma área de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico estratégica no século 21 não apenas para a segurança coletiva e proteção da população. Ela é crucial para a segurança econômica, alimentar, energética do país. Portanto, parte do conceito correto de segurança nacional.

Um dia Volta

Mudanças climáticas não podem ser desculpa para enchentes, diz especialista

DA BBC Brasil

O aumento da incidência de chuvas em consequência das mudanças climáticas globais não pode servir de desculpa para os governos não agirem para evitar enchentes, na avaliação de Debarati Guha-Sapir, diretora do Cred (Centro de Pesquisas sobre a Epidemiologia de Desastres), de Bruxelas, na Bélgica.

"Não é possível fazer nada agora para que não chova mais. Mas temos que buscar os fatores não ligados à chuva para entender e prevenir desastres como esses (das enchentes no Brasil e na Austrália)", disse ela à BBC Brasil.

"Dizer que o problema é consequência das mudanças climáticas é fugir da responsabilidade, é desculpa dos governos para não fazer nada para resolver o problema", critica Guha-Sapir, que é também professora de Saúde Pública da Universidade de Louvain.

O Cred vem coletando dados sobre desastres no mundo todo há mais de 30 anos. Guha-Sapir diz que eles indicam um aumento considerável no número de enchentes na última década, tanto em termos de quantidade de ocorrências quanto em número de vítimas.

Segundo ela, as consequências das inundações são agravadas pela urbanização caótica, pelas altas concentrações demográficas e pela falta de atuação do poder público.

"Há muitas ações de prevenção, de baixo custo, que podem ser adotadas, sem a necessidade de grandes operações de remoção de moradores de áreas de risco", diz, citando como exemplo proteções em margens de rios e a criação de áreas para alagamento (piscinões).

Para a especialista, questões como infraestrutura, ocupação urbana, desenvolvimento das instituições públicas e nível de pobreza e de educação ajudam a explicar a disparidade no número de vítimas entre as enchentes na Austrália e no Brasil.

"A Austrália é um país com uma infraestrutura melhor, com maior capacidade de alocar recursos e equipamentos para a prevenção e o resgate, com instituições e mecanismos mais democráticos, que conseguem atender a toda a sociedade, incluindo os mais pobres, que estão em áreas de mais risco", afirma.

Para ela, outro fator que tem impacto sobre o número de mortes é o nível de educação da população. "Pessoas mais educadas estão mais conscientes dos riscos e têm mais possibilidades de adotar ações apropriadas", diz,

Apesar disso, ela observa que a responsabilidade sobre as enchentes não deve recair sobre a população. "Isso é um dever das autoridades. Elas não podem fugir à responsabilidade", afirma.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Einstein não teria chance de sucesso na ciência atual...



Nota do Blog: "A Mente intuitiva é uma dádiva sagrada e a mente racional é um servo fiel. Nós criamos uma sociedade que honra o servo e esqueceu da dádiva"

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Mercadante reforça peso da agenda ambiental no MCT

Daniela Chiaretti
Valor Econômico - 10/01/2011

A agenda ambiental subiu de patamar nas prioridades do Ministério da Ciência e Tecnologia na gestão recém-inaugurada por Aloizio Mercadante. Está em gestação a criação de um Conselho de Biodiversidade, a mudança climática ganhou destaque e o Brasil pode ser pioneiro em laboratórios marinhos em alto mar. Na Amazônia, a estratégia é criar parques tecnológicos e incubadoras de empresas que tenham a biodiversidade como insumo - a intenção é agregar valor aos bens da floresta.
A marca que o novo ministro pretende imprimir ficou clara em seu discurso de posse. Mercadante mencionou várias vezes que o futuro está na "economia verde". O sinal mais evidente de que ele realmente acredita que a sustentabilidade ambiental é um dos eixos do futuro surgiu ao convidar Carlos Nobre, o mais famoso climatologista brasileiro, para a Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped). Nobre, que trabalha no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e coordena a Rede Clima - que agrupa 60 instituições e mais de 470 pesquisadores - , aceitou. Em poucos dias estará no comando de políticas e programas de desenvolvimento científico para oceano, Antártica, biodiversidade, biotecnologia, nanotecnologia, meteorologia, hidrologia e, evidentemente, mudança climática.
Um dos primeiros passos é formar um centro de prevenção de desastres naturais com base nos cenários traçados pelo supercomputador que acaba de ser inaugurado no Inpe, o terceiro maior do mundo em meteorologia. "Vamos ampliar para o Cerrado o mapeamento que já fazemos para a Amazônia", disse o ministro ao Valor. Mas melhorar o controle sobre os ecossistemas é só um dos usos do novo computador. Ele será fundamental na previsão meteorológica e na prevenção de desastres naturais, área em que Nobre já vem trabalhando há algum tempo. O mapa de áreas de risco de inundações e deslizamentos de terra indica 500 pontos e cinco milhões de pessoas expostas. Há Estados que têm este mapa detalhado, mas outros não. A intenção é prosseguir com os estudos, cruzar com a previsão meteorológica do Inpe e antecipar a prevenção de desastres.
Outra diretriz será, claro, a Amazônia. "O Brasil é o G1 da biodiversidade mundial", diz o ministro. "Temos que desenvolver instrumentos para transformar esta biodiversidade em desenvolvimento econômico." A contenção do desmatamento tem sido um trunfo, mas é hora de criar empregos de qualidade na região, diz ele.
Outro ponto é valorizar os centros de pesquisa da região como o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), de Manaus, o Museu Emilio Goeldi, em Belém, ou o Mamirauá, em Tefé, no Amazonas. "A primeira coisa que estou fazendo é criar uma coordenação, porque ela não existe", explica. "Cada um trabalha em seu projeto, na sua área, seu bioma, sua dinâmica, mas não existe um conselho que coordene, planeje ações, junte forças", prossegue. "Não é só investir na pesquisa da biodiversidade, mas também no desenvolvimento da economia verde. É isto que trará perspectivas econômicas."
Em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente, o MCT pretende iniciar um inventário da biodiversidade do País.
Mercadante assumiu um Ministério que cresceu de estatura nas gestões anteriores. Em 1987, o Brasil formava cinco mil mestres e doutores, um número que hoje bate em 50 mil. Há uma oferta de 155 mil bolsas de estudo. O desembolso da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) de ciência e tecnologia era de cerca de R$ 475 milhões em 2002 e foi de R$ 4 bilhões em 2010. Há 122 institutos nacionais de ciência e tecnologia no país e dentro do ministério são 18 institutos de pesquisa, vários considerados centros de excelência. "Agora falta criar a carreira de pesquisador nas universidades", imagina. Outro passo é articular a vida acadêmica e o mundo da produção, duas pontas que pouco se juntam.
Mercadante quer fortalecer o que ele chama de "sociedade do conhecimento". Um dos alicerces é criar o que chama de "comitês de busca e atração" para seduzir os talentos brasileiros que foram viver no exterior durante a recessão. Ele estima que há 3 mil brasileiros dando aula nos Estados Unidos. "Isto é parte da nossa Inteligência. Muita gente foi embora por falta de condições nos anos de baixo crescimento, mas acho que este é o momento do Brasil."
Ele sugere a organização de um portal na Internet para que os talentos se tornem conhecidos e conectados a institutos de pesquisa e empresas por aqui. Também está interessado em abrir espaço para que cientistas estrangeiros possam passar um período nas universidades ou institutos brasileiros. Para isto, cita a necessidade de serem feitos "ajustes" na legislação. "Não estou falando em mudar as regras dos concursos de docência, mas o primeiro requisito para uma universidade chamar um professor estrangeiro é que ele tem que dominar a língua. Mas, assim, vamos excluir muita gente."

Um Planeta Faminto e a Agricultura Brasileira



Nota do Blog: Creio que tal abordagem explica porque o debate em torno das alterações no Código Florestal chegou no plano da objetividade dos números, e da importância de ressaltar todos os números, independente da causa que cada um tenha. Será inevitavel, bom até, que a ciência possa colocar na mesa o menu completo, isto é, complementando uma abordagem como essa da BASF, de tal modo que a sociedade possa julgar por si mesma. Apesar do esmero e da qualidade deste flash, a mensagem subliminar de que é desejável aumentar a área da agricultura não está baseada em estudo sólido. Tampouco mostra o drama dos agricultores com a própria industria de defensivos, que lhes tornam dependentes "químicos". Frutas, legumes e cereais MAIORES não significa mais saudáveis, e a saúde pública está aí para demonstrar is efeitos nefastos dos agrotóxicos na vida de gado, povo marcado, povo infeliz que consome essa nova "comida" abundante. Uma visão crítica e sem retoques de mída da indústria química pode ser visto no documentario "O Mundo segundo a Monsanto".

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Have scientists discovered how to create downpours in the desert?

By Daily Mail Reporter
 3rd January 2011
  • Technology created 50 rainstorms in Abu Dhabi's Al Ain region last year
For centuries people living in the Middle East have dreamed of turning the sandy desert into land fit for growing crops with fresh water on tap. Now that holy grail is a step closer after scientists employed by the ruler of Abu Dhabi claim to have generated a series of downpours. Fifty rainstorms were created last year in the state's eastern Al Ain region using technology designed to control the weather.

Dry as dust: The sand dunes of the United Arab Emirates, which sees no rain at all for months. Now a secret project has brought storms to Abu Dhabi
Dry as dust: The sand dunes of the United Arab Emirates, which sees no rain at all for months. Now a secret project has brought storms to Abu Dhabi
Plan: Scientists are attempting to make clouds in the desert to give man control over the weather
Plan: Scientists are attempting to make clouds in the desert to give man control over the weather

Most of the storms were at the height of the summer in July and August when there is  no rain at all. People living in Abu Dhabi were baffled by the rainfall which sometimes turned into hail and included gales and lightening.

HOW TECHNOLOGY IS KICKING UP A STORM

The Metro System scientists used ionisers to produce negatively charged particles called electrons. They have a natural tendency to attach to tiny specks of dust which are ever-present in the atmosphere in the desert-regions. These are then carried up from the emitters by convection - upward currents of air generated by the heat release from sunlight as it hits the ground. Once the dust particles reach the right height for cloud formation, the charges will attract water molecules floating in the air which then start to condense around them. If there is sufficient moisture in the air, it induces billions of droplets to form which finally means cloud and rain.

The scientists have been working secretly for United Arab Emirates president Sheikh Khalifa bin Zayed Al Nahyan. They have been using giant ionisers, shaped like stripped down lampshades on steel poles, to generate fields of negatively charged particles. These promote cloud formation and researchers hoped they could then produce rain. In a confidential company video, the founder of the Swiss company in charge of the project, Metro Systems International, boasted of success. Helmut Fluhrer said: 'We have achieved a number of rainfalls.'

It is believed to be the first time the system has produced rain from clear skies, according to the Sunday Times. In the past, China and other countries have used chemicals for cloud-seeding to both induce and prevent rain falling. Last June Metro Systems built five ionising sites each with 20 emitters which can send trillions of cloud-forming ions into the atmosphere. Over four summer months the emitters were switched on when the required atmospheric level of humidity reached 30 per cent or more. While the country's weather experts predicted no clouds or rain in the Al Ain region, rain fell on FIFTY-TWO occasions. The project was monitored by the Max Planck Institute for Meteorology, one of the world's major centres for atmospheric physics. Professor Hartmut Grassl, a former institute director, said: There are many applications. One is getting water into a dry area. 'Maybe this is a most important point for mankind.'

The savings using the Weathertec technology are huge with the system costing £6 million a year while desalination is £45 million. Building an ionising system is about £7 million while a desalination plant would be £850 million and costs a lot more to run. Some scientists are treating the results in Al Ain with caution because Abu Dhabi is a coastal state and can experience natural summer rainfall triggered by air picking up moisture from the warm ocean before dropping it on land. But the number of times it rained in the region so soon after the ionisers were switched on has encouraged researchers. Professor Peter Wilderer witnessed the experiments first hand and is backing the breakthrough. The director of advanced studies on sustainability at the Technical University of Munich, said: 'We came a big step closer to the point where we can increase the availability of fresh water to all in times of dramatic global changes.'


Read more: http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-1343470/Have-scientists-discovered-create-downpours-desert.html#ixzz1A57WWLrv

Adaptando-se, Partly Cloudy