quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Ciência da compaixão

Tenho profunda simpatia pela meditação, embora não a pratique. Não acho que a ideia de uma atividade introspectiva silenciadora da consciência seja incompatível com ciência, ao contrário. Posso testemunhar que a decisão de respirar fundo e esvaziar da mente o pensamento agressivo, nos momentos de irritação, dá melhores resultados que esbravejar. Por que não poderia servir de base para uma filosofia de vida e, mais, tornar-se objeto de investigação científica?
Alguma coisa acontece no cérebro de quem consegue a proeza, isso é certo. E não só no cérebro. Richard Davidson, neurocientista da Universidade de Wisconsin em Madison (EUA), desobedeceu aos conselhos de antigos orientadores na Universidade Harvard e se dispôs a descobrir o que, exatamente, se altera nos corações e mentes dos meditabundos, segundo leio em reportagem de Dirk Johnson no diário "The New York Times".
Davidson criou um Centro para Investigação de Mentes Saudáveis em Wisconsin. Seus objetos de pesquisa são "qualidades positivas" da mente, ou "virtuosas", como altruísmo e felicidade. Nos próximos cinco anos, as prioridades de investigação recaem sobre compaixão, amor e perdão.
A simpatia aumenta, diante de tanta coragem. A primeira reação de muitos diante desse programa de pesquisa pode ser negativa, pois ele recende à mescla em princípio indesejável de valores com ciência objetiva. Mas quem disse que valores nunca se misturam com ciência?
Os pesquisadores gostam de imaginar que a confusão nunca ocorre, mas ela acontece o tempo todo. Por exemplo, quando escolhem os objetos de pesquisa, ou as variáveis que investigarão. Ninguém estranha que se estudem comportamentos violentos, ou a depressão. Estamos viciados na noção de que é mais útil investigar as patologias para tentar descobrir "remédios" contra elas.
Davidson está interessado no caráter preventivo da meditação. Acaba de iniciar um projeto sobre seus efeitos em jovens de quinta série na cidade de Madison. Eles serão treinados para dedicar pensamentos caridosos a seus parentes e colegas, ou até mesmo estranhos e inimigos. Ao final do ensino fundamental, época em que adolescentes partem para as drogas ou para a ignorância, seu comportamento será comparado com o de um grupo de controle, que não terá exercitado a meditação compassiva.
Quem achar que nada disso é sério, saiba que Davidson não está aí para brincadeiras. Conta com o apoio de ninguém menos que Tenzing Gyatso, o dalai lama, um amigo pessoal que doou US$ 50 mil para as pesquisas do centro. E o neurocientista já publicou vários artigos em periódicos científicos sobre meditação, como um estudo de 2003 em que comprovou que ela pode aumentar até o efeito protetor de vacina contra a gripe, ao estimular o sistema imunológico (resultado oposto ao do estresse, reconhecido por todos).
Existem vários outros estudos mostrando com métodos objetivos que a meditação pode afetar positivamente as pessoas e inclusive fazer bem ao coração, em sentido literal e fisiológico. Já escrevi sobre o tema aqui.
 
Pense nisso. Com generosidade. Depois decida quem merece um voto de confiança. 
 
MARCELO LEITE é repórter especial da Folha, autor dos livros "Folha Explica Darwin" (Publifolha) e "Ciência - Use com Cuidado" (Unicamp) e responsável pelo blog Ciência em Dia (Ciência em dia). Escreve às quartas-feiras neste espaço.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

A Verdade tem que ser buscada... Ativamente

The people of Kalama asked the Buddha who to believe out of all the ascetics, sages, venerables, and holy ones who, like himself, passed through their town. They complained that they were confused by the many contradictions they discovered in what they heard. The Kalama Sutta is the Buddha's reply.

Do not believe anything on mere hearsay.
Do not believe in traditions merely because they are old and have been handed down for many generations and in many places.
Do not believe anything on account of rumors or because people talk a a great deal about it.
Do not believe anything because you are shown the written testimony of some ancient sage.
Do not believe in what you have fancied, thinking that, because it is extraordinary, it must have been inspired by a god or other wonderful being.
Do not believe anything merely because presumption is in its favor, or because the custom of many years inclines you to take it as true.
Do not believe anything merely on the authority of your teachers and priests.
But, whatever, after thorough investigation and reflection, you find to agree with reason and experience, as conducive to the good and benefit of one and all and of the world at large, accept only that as true, and shape your life in accordance with it.
The same text, said the Buddha, must be applied to his own teachings.
Do not accept any doctrine from reverence, but first try it as gold is tried by fire.      http://www.ling.upenn.edu/~beatrice/buddhist-practice/kalama-sutta.html

tao te ching

verse 57

if you want to be a great leader
you must learn to follow the tao
stop trying to control
let go of fixed plans and concepts
and the world will govern itself

the more prohibitions you have
the less virtuous people will be
the more weapons you have
the less secure people will be
the more subsidies you have
the less self-reliant people will be

therefore the master says:
i let go of the law
and people become honest
i let go of economics
and people become prosperous
i let go of religion
and people become serene
i let go of all desire for the common good
and the good becomes common as grass 
 
http://mattpaul.org/tao/te/ching.cgi?n_verse=57

Hélio Bicudo: ‘País pode caminhar para ditadura civil’

  Eduardo Anizelli/FolhaDurante 25 anos, a biografia de Hélio Bicudo enfeitou os quadros do PT. Com o passar do tempo, o promotor franzino tornou-se um estorvo. Em 2005, ano do mensalão, achou que era hora de se desfiliar.

Na semana passada, Bicudo, 88, voltou ao meio-fio num em defesa da democracia e da liberdade de imprensa. Uma reação a Lula. Acha-o diferente do Lula de quem fora vice, nos anos 80, numa chapa que disputou o governo de São Paulo.

Em entrevista veiculada neste domingo (26) em ‘A Gazeta’, Bicudo declara: sob a liderança de Lula, “o Brasil pode caminhar para uma ditadura civil”. Vão abaixo algumas de suas declarações:

 

- A democracia está sob ameaça? Acho que sim, porque o presidente da República ignora a Constituição, se acha acima do bem e do mal, e, com uma vitória que está delineada em favor da sua candidata, concentrará todos os poderes da República em suas mãos, além do apoio da maioria dos Estados e da população em geral. Com uma pessoa com esse potencial, e que não vê no ordenamento jurídico do país a maneira de estabilizar as discussões e debates, o Brasil pode caminhar para uma ditadura civil, sem dúvida.
- Depois de 25 anos no PT, imaginou que isso pudesse acontecer? De início, não, mas no final, achava que aconteceria essa reviravolta. Foi marcante aquela carta aos brasileiros que Lula escreveu antes da sua primeira eleição, demarcando uma posição muito mais para o neoliberalismo do que para o socialismo.
- Vê diferenças entre o neoliberalismo de FHC e de Lula? Não há nenhuma diferença, porque quem comanda as decisões políticas hoje, como ontem, é o próprio capital.
- O PT indicava uma prática diferente? O PT fazia uma oposição bastante forte nos governos Sarney e Fernando Henrique. A partir do governo Lula, a unanimidade popular que ele foi conquistando afastou a oposição do seu caminho. E o que aconteceu? Sobre o mensalão e os outros atos de corrupção apontados, nada se fez. Quando Lula diz que é presidente da República até sexta-feira à noite, e depois fecha a gaveta e só volta na segunda-feira, pratica crime de responsabilidade. Afinal, como presidente ele jurou obedecer às leis do país. E a Constituição não permite que um presidente da República participe da campanha eleitoral como ele está participando. É crime que leva ao impeachment, mas nem os partidos políticos, nem a sociedade civil movem nenhuma pedra contra isso.
- O que esperar de Dilma? Quem continuará mandando no país vai ser Lula. Dilma diz que ela é o Lula. Então as coisas continuarão como estão, com a mesma corrupção, o mesmo manejo da coisa pública.
- Imaginava voltar às ruas em defesa da democracia? A gente fica frustrado, depois de uma longa luta em prol da democracia, ver o que estamos vendo. E acho que não temos democracia, até pela maneira pela qual se conduz a vida pública, onde um grupelho toma conta do governo, pondo nele seus parentes, seus amigos... Não é o governo do povo. Veja a própria constituição do Supremo Tribunal Federal, onde não se fez uma consulta maior para a escolha dos ministros. Ela foi pessoal, feita pelo próprio presidente. Leis passam na Câmara e no Senado, por atuação da presidência da República, que transformou o Legislativo em algo sem a menor expressão. [...] Quem manda no país, passa por cima das leis é ele, Lula. Vai eleger a presidenta que fará o que ele quiser.
- Como vê Lula? Um homem inteligente, que poderia usar essa inteligência para implementar e fortalecer a democracia no país, mas optou por incrementar o poder pessoal. [...] Ele sempre mandou no partido, afastou as lideranças que pudessem competir com ele. É o dono, sente-se acima do bem e do mal.
- Os escândalos e o ‘eu não sabia’: Ele sabia de tudo, deixou as coisas escaparem. A oposição não atuou e, hoje, chegamos onde estamos.
- Incompetência da oposição? Foi inexistência de oposição.
- A saída do PT, em 2005: Saí porque achei que o partido não estava trilhando a estrada que havia traçado no seu nascedouro. Ele deixou de representar o povo. Pode até ter o voto do povo, mas representa os interesses daqueles que o comandam.
- Lula e a imprensa: Olha, Lula vive dizendo que a imprensa o prejudica. Eu acho que é o contrário. [...] A imprensa tem ajudado Lula e seus candidatos. Você não pega um jornal, um programa de televisão, que não exiba um retrato dele. O povo não vê o que está escrito além dá manchete. Funciona como propaganda.
- Lula e a popularidade: Mis-en-scène... Pergunto: com tudo isso, o que o Brasil conseguiu, do ponto de vista internacional? Zero. A questão da popularidade não tem relação com a eficiência. Olha o caso do Irã. Tem maior vergonha do que isso? Nossa política externa é péssima. O Brasil não conseguiu colocar uma pessoa em cargo relevante no conceito internacional. Em matéria de Direitos Humanos, botaram lá em Genebra uma pessoa que jejuna nessa área. E onde estão os direitos humanos no Brasil, onde o presidente aceita que a Lei de Anistia contemple também torturadores? E a compra de 36 aviões de caça? Uma brincadeira, desperdício de dinheiro público...
- O ‘ato contra o golpismo midiático’, com CUT, UNE, movimentos sociais e políticos governistas: Lula sempre diz que há uma revolução midiática para retirá-lo do poder. Os pelegos dele é que fizeram o movimento em contrário ao nosso.
- O manifesto pró-liberdade de expressão: Ontem, mais de 20 mil pessoas já tinham assinado o nosso documento. A semente foi plantada, e agora depende da sociedade. Porque o problema é também de pós-eleição. Repetindo o que já foi dito: se você não vigia, não tem democracia. Deve-se vigiar permanentemente quem governa o país, para que não haja desvios. Seja quem for eleito, independentemente do partido político.
- Vê méritos neste governo? A questão é: o que o governo pretende com sua atuação? Para mim, só autoritarismo.
- O convívio com Lula: Sim, mas os tempos mudaram completamente. Ele acabou com as lideranças do partido, e lançou uma pessoa que nem era do partido, tradicionalmente, à presidente. Hoje o PT não tem diferença nenhuma dos outros partidos.
- A opção por Marina Silva: [...] Entre os candidatos que estão aí, é ela quem tem as melhores condições, do ponto de vista de sua vida, do trabalho que já fez e se propõe a fazer...


Do Blog do Josias de Souza, http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/arch2010-09-01_2010-09-30.html#2010_09-28_08_37_18-10045644-25

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Chove chuva, mais boas acoes do Sr. Imai pela ModClima

Desde 2001, a pequena ModClima, sediada em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, dedica-se a uma atividade sui generis: semear nuvens e fazer chover. A tecnologia – brasileira e totalmente natural – foi desenvolvida pelo engenheiro Takeshi Imai, que um belo dia decidiu pagar pelo pecado de ter trabalhado durante anos com motosserras e pulverizadores. 

A técnica consiste em usar apenas um pequeno avião e água potável para semear as nuvens, estimulando seu crescimento e consequente precipitação, num processo similar ao que faz a natureza. E tem sido contratada pela Sabesp (a companhia de abastecimento de água e saneamento de São Paulo), desde 2003, para produzir chuvas sobre o sistema Cantareira, responsável por 55% do abastecimento de água da Região Metropolitana de São Paulo.

Agora, a ModClima quer levar a tecnologia ao semi-árido brasileiro, região que ocupa quase 1 milhão de km2, em 8 Estados do Nordeste (Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Bahia) , além de parte de Minas Gerais e Espírito Santo. São 1.133 municípios, onde vivem 22 milhões de habitantes, que historicamente sofrem as consequências das secas e estiagens – situação cuja tendência é só piorar com a intensificação das mudanças climáticas.

Reporter ECO, Sr Imai faz Chover no sistema Cantareira

domingo, 26 de setembro de 2010

*Todo poder tem limite*

Os altos índices de aprovação popular do presidente Lula não são fortuitos. Refletem o ambiente internacional favorável aos países em desenvolvimento, apesar da crise que atinge o mundo desenvolvido. Refletem,em especial, os acertos do atual chefe do Estado.
Lula teve o discernimento de manter a política econômica sensata de seu antecessor. Seu governo conduziu à retomada do crescimento e ampliou uma antes incipiente política de transferências de renda aos estratos sociais mais carentes.A desigualdade social, ainda imensa, começa a se reduzir. Ninguém lhe contesta seriamente esses méritos.
Nem por isso seu governo pode julgar-se acima de críticas.O direito de inquirir,duvidar e divergir da autoridade pública é o cerne da democracia, que não se resume apenas à preponderância da vontade da maioria.
Vai longe, aliás, o tempo em que não se respeitavam maiorias no Brasil. As eleições são livres e diretas, as apurações, confiáveis -e ninguém questiona que o vencedor toma posse e governa.
Se existe risco à vista, é de enfraquecimento do sistema de freios e contrapesos que protege as liberdades públicas e o direito ao dissenso quando se formam ondas eleitorais avassaladoras, ainda que passageiras. Nesses períodos, é a imprensa independente quem emite o primeiro alarme, não sendo outro o motivo do nervosismo presidencial em relação a jornais e revistas nesta altura da campanha eleitoral.
Pois foi a imprensa quem revelou ao país que uma agência da Receita Federal plantada no berço político do PT, no ABC paulista, fora convertida em órgão de espionagem clandestina contra adversários.
Foi a imprensa quem mostrou que o principal gabinete do governo, a assessoria imediata de Lula e de sua candidata Dilma Rousseff, estava minado por espantosa infiltração de interesses particulares. É de calcular o grau de desleixo para com o dinheiro e os direitos do contribuinte ao longo da vasta extensão do Estado federal.
Esta *Folha* procura manter uma orientação de independência, pluralidade e apartidarismo editoriais, o que redunda em questionamentos incisivos durante períodos de polarização eleitoral.
Quem acompanha a trajetória do jornal sabe o quanto essa mesma orientação foi incômoda ao governo tucano. Basta lembrar que Fernando Henrique Cardoso,na entrevista em que se despediu da Presidência, acusou a *Folha* de haver tentado insuflar seu impeachment.
Lula e a candidata oficial têm-se limitado até aqui a vituperar a imprensa, exercendo seu próprio direito à livre expressão, embora em termos incompatíveis com a serenidade requerida no exercício do cargo que pretendem intercambiar.
Fiquem ambos advertidos, porém, de que tais bravatas somente redobram a confiança na utilidade pública do jornalismo livre. Fiquem advertidos de que tentativas de controle da imprensa serão repudiadas -e qualquer governo terá de violar cláusulas pétreas da Constituição na aventura temerária de implantá-lo.

Só de Sacanagem - Basil Corrupção


sexta-feira, 24 de setembro de 2010

NOTA PÚBLICA - MOVIMENTO DE COMBATE À CORRUPÇÃO ELEITORAL

O Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), rede composta por 48 organizações da
sociedade civil brasileira, responsável pela campanha que culminou com a aprovação da Lei
Complementar nº 135/2010 (Lei da Ficha Limpa), a propósito do julgamento do Recurso
Extraordinário interposto por Joaquim Roriz, vem a público esclarecer o seguinte:

1. Por conseqüência do disposto no art. 97 da Constituição e na Súmula Vinculante nº 10 do STF,
é impossível  a inobservância de uma lei, no que se inclui a sua eficácia,  sem que a sua
inconstitucionalidade seja declarada pela maioria absoluta dos membros do tribunal.

2. A Lei da Ficha Limpa foi editada para ser aplicada  imediatamente, tanto que para isso conta
com um art. 3º, no qual se institui mecanismo para permitir sua aplicação já a este pleito,
autorizando o aditamento dos recursos,  a fim de amoldá-los aos termos da lei de iniciativa
popular.

3. O Supremo Tribunal Federal ao apreciar o referido recurso, não atingiu a maioria necessária à
declaração de inconstitucionalidade. Sendo assim, pela presunção constitucional da validade das
leis, a Lei da Ficha Limpa deve ter aplicação já neste pleito.

4. O Movimento deposita a sua confiança no Supremo Tribunal Federal, ciente da sua autoridade
de intérprete mais elevado da Constituição, certo de que, na primeira oportunidade, a Corte
reconhecerá formalmente a constitucionalidade e a eficácia imediata da Lei da Ficha Limpa.


Brasília, 24 de setembro de 2010.



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Poderosa Recompensa pelo controle da Erosao


Da Lama para a Energia
Powerful reward for erosion control
Sumberjaya farmers with a sediment trap they constructed to reduce the flow of silt into the river Photo: Rachman Pashsa / World Agroforestry Centre

The story of how a government-owned organization and the community came together to solve an environmental problem in the uplands of Sumatra, Indonesia is now providing a model for similar projects across the country and internationally.

The lush Bukit Barisan mountain range of Sumberjaya, Lampung Province is where the Way Besai watershed originates. It feeds one of Lampung Province’s three major rivers, the Tulang Bawang, and supplies a hydropower dam.

While protection forest and national park dominate, coffee gardens now occur on around 70 percent of the total area. Believing that deforestation and conversion to coffee farms had increased erosion and was threatening the operation of the Way Besai hydropower dam, as well as reducing the amount of water available for irrigated paddy rice downstream, the government evicting thousands of farmers between 1991 and 1996.

Subsequent studies by the World Agroforestry Centre showed that the coffee farms were actually controlling erosion in a similar way to natural forest. Plus, they were providing much-needed livelihoods to local people. However some over-weeding was resulting in erosion after heavy rains.

When the Centre’s Rewarding Upland Poor for Environmental Services (RUPES) Program began working in the area in 2004 it was initially to support communities in gaining access to land tenure so they could cultivate protection forest in exchange for adopting environmentally friendly farming practices and protecting the forest.

RUPES program staff then began investigating how the community and the Way Besai hydropower company could work together at the landscape level to reduce sediment flowing into the dam.

“We believed that if the community could reduce the erosion then the company would be willing to provide them with some form of reward,” explains Beria Leimona, RUPES Project Coordinator. “It would be a classic example of a Payment for Environmental Services (PES) scheme aimed at alleviating poverty and protecting the natural environment.”

“RUPES had already been successful in the area with its work on land tenure; land value had increased, there was less corruption and farmers were practicing agroforestry and soil and water conservation.”

RUPES set up a pilot ‘RiverCare’ project to identify sediment sources and look at what could be done to reduce runoff. A formal agreement was brokered between the hydroelectric company and the community. It specified that if there was a 30 percent or more reduction in sediment then the community would receive their own micro-hydropower system. For a 21 to 29 percent reduction they would receive around US$700, and diminishing rewards for lower sediment reductions.

Farmers built small dams in the river to constrict flow and constructed infiltration pits and terraces in their coffee gardens. They planted trees and grass strips to reduce sedimentation and feed cattle. The community and Centre scientists monitored water quality and sediment levels to track progress.

At the end of project, there was around 20 percent reduction in sediment. Rather than being disappointed that the 30 percent target had not been achieved, the hydropower company recognized the community’s efforts and rewarded them with the micro-hydropower installation, giving them electricity for the first time.

“The company saw the willingness of the community to create a clean watershed and recognized their social responsibility,” Leimona says. “They understood that heavy rains had washed away some of the structures they put in place.”

As a result of the goodwill the project generated, the community has pledged to continue their conservation efforts.

According to researchers who have been studying the Way Besai case study, this PES scheme has many lessons for other such projects. “Most importantly, there must be involvement by all parties: local government, beneficiaries, communities and independent honest and transparent intermediaries,” Leimona emphasized.

“If you go into it just in terms of economics then you are set to fail. Trust must be at the core of any business agreement.”

For more information, visit the RUPES website or download the film, Mud to Power

Story by Kate Langford

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A elite que Lula não suporta

Editorial do Estado de Sao Paulo, 21/09/2010

Nota: O jornal O Estado de Sao Paulo nao registra para a historia uma conduta completamente isenta, progressiva ou mesmo de firme compromisso com os interesses maiores da sociedade. Nao foram poucas as situacoes em que este jornal defendeu interesses de retrogradas oligarquias rurais, entre outras missoes menos nobres. No entanto, o compromisso deste blog eh com a verdade, independentemente de onde ela possa aparecer. E para minha surpresa, arroubos de verdade apareceram em editorial do dito jornal, que reproduzo abaixo.

Nas encenações palanqueiras em que o presidente Lula invariavelmente se apresenta como o protagonista da obra de criação deste país maravilhoso em que hoje vivemos, o papel de antagonista está sempre reservado às “elites”. Durante mais de 500 anos, as elites mantiveram o Brasil preso aos grilhões do subdesenvolvimento e da mais perversa injustiça social. Aí surgiu Lula, o intimorato, e em menos de oito anos tudo mudou. Simples assim.
Com essa retórica maniqueísta, sem o menor pudor Lula alimenta no eleitorado de baixa renda e pouca instrução - seu público-alvo prioritário - o sentimento difuso de que quem tem dinheiro e/ou estudo está do “outro lado”, nas hostes inimigas. Mas a verdade é que o paladino dos desvalidos nutre hoje uma genuína ojeriza por uma, e apenas uma, categoria especial de elite: a intelectual, formada por pessoas que perdem tempo com leituras e que por isso se julgam no direito de avaliar criticamente o desempenho dos governantes. Por extensão, uma enorme ojeriza à imprensa. Com todas as demais elites Sua Excelência já resolveu seus problemas. Está com elas perfeitamente composto, afinado, associado, aliado e, pelo menos em outro caso específico, o das oligarquias dos grotões maranhenses, alagoenses, amapaenses e que tais, acumpliciado.
Até por mérito do próprio governo na condução da economia (nem sempre a imprensa ignora os acertos do poder público…), os ventos favoráveis que hoje, de modo geral, embalam o mundo dos negócios, muito especialmente os negócios financeiros, não permitem imaginar que o “poder econômico” considere Lula um inimigo ou uma ameaça e vice-versa. É claro que em público o jogo de cena é mantido, com ataques, sob medida para cada plateia, aos eternos inimigos do povo. Mas na intimidade o presidente se vangloria, em seus cada vez mais frequentes surtos apoteóticos, de que hoje o poder econômico, nacional e multinacional, está submisso à sua vontade. Não é, portanto, essa elite que tem em mente nas diatribes contra os malvados que conspiram contra sua obra redentora.
A revelação de seu verdadeiro alvo Lula oferece cada vez que abre a boca. Como no dia 18, em Juiz de Fora: “Essa gente não nos perdoa. Basta que você veja alguns órgãos e jornais do Brasil (…) Porque na verdade quem faz oposição neste país é determinado tipo de imprensa. Ah, como inventam coisa contra o Lula. Olha, se eu dependesse deles para ter 80% de aprovação neste país eu tinha zero. Porque 90% das coisas boas deste país não é mostrado (sic).”
Então é isto. Imprensa que fala mal do governo não presta, extrapola os limites da liberdade de informar. Não é mais do que um instrumento de dominação das elites.
Assim, movido por sua arraigada tendência ao autoritarismo messiânico que é a marca de sua trajetória na vida pública, Lula parece cada vez mais confortável na posição de dono de um esquema de poder que almeja perpetuar para alegria da companheirada. Um modelo populista, despolitizado, referendado pela aprovação popular a resultados econometricamente aferíveis, mas que despreza valores genuinamente democráticos de respeito à cidadania, coisa que só interessa à “zelite”. Tudo isso convivendo com a prática mais deslavada do patrimonialismo, coronelismo, clientelismo, tráfico de influência, cartorialismo, aparelhamento e tudo o mais que Lula e seu PT combateram vigorosamente por pouco mais de 20 anos, para depois transformar em seu programa de governo. E em toda essa mistificação o repúdio às elites é a palavra de ordem e a imprensa, o grande bode expiatório.
O diagnóstico seguinte foi feito, com as habituais competência e sutileza, por um dos mais notórios fantasmas de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em entrevista publicada no Estado de domingo: “Achei que (Lula) fosse mais inovador, capaz de deixar uma herança política democrática, mostrando que o sentimento popular, a incorporação da massa à política e a incorporação social podem conviver com a democracia, não pensar que isso só pode ser feito por caudilhos como Perón, Chávez, etc. (…) Mas Lula está a todo instante desprezando o componente democrático para ficar na posição de caudilho.” Falou e disse.

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA

Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.

Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país,
negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.

É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de
partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às
determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.


Nota:

Este manifesto foi lançado em 21 de Setembro de 2010, às 12h, na Faculdade de Direito do Largo São Francisco em defesa da democracia, do estado de direito, da liberdade de imprensa e dos direitos individuais. É um movimento apartidário de brasileiros das mais diversas áreas. Entre os signatários iniciais do documento estão o jurista Helio Bicudo, o historiador Marco Antonio Villa, o poeta Ferreira Gullar, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça, os professores José Arthur Gianotti e Leôncio Martins Rodrigues e o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso.

Confrontem o seu conteúdo com o manifesto que o PT e sindicalistas estão divulgando contra a liberdade de imprensa. De um lado, a civilização democrática; de outro, o caminho para a barbárie ditatorial.

E pensem bem nas suas escolhas em 3 de outubro de 2010. "Eu não sabia" ou "fui traído" não funciona como álibis para nós do povo. Não nos livraria de uma possível e verdadeira herança maldita.

domingo, 19 de setembro de 2010

É possível reduzir com inteligência o consumo de energia das cidades

Gastos com iluminação pública e semáforos constitui 60% da energia consumida nas cidades.


Sessenta por cento de toda a energia consumida nas cidades são gastos em iluminação pública e semáforos. O desperdício é enorme. Há maneiras de reduzir esse consumo com inteligência. Nas áreas externas podem, novas tecnologias ajudam. Já em ambientes internos, a utilização da luz natural substitui o consumo desnecessário.

Conheça também a luminária usada nos Jogos de Pequim que não consome eletricidade, apenas reverbera a luz solar. Já o programa Reluz, da Eletrobras, cria crédito para prefeituras melhorarem os sistemas de iluminação

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A revisão do Código Florestal e o desenvolvimento do país

As alterações propostas no Código Florestal brasileiro ignoram o conhecimento científico atual sobre a importância dos ecossistemas naturais e da biodiversidade. Além disso, contradizem diretrizes de programas de governo amplamente debatidos e aprovados e compromissos assumidos pelo Brasil em organismos e tratados internacionais. Comprometem também o futuro do país ao se oporem à tendência mundial em direção a um modelo sustentável de desenvolvimento.

opinião, Ciência Hoje • v o l . 4 6 • n º 2 7 4

Ima Célia Guimarães Vieira    
Museu Paraense Emilio Goeldi
Bertha Koiffmann Becker
Universidade Federal do Rio de Janeiro

Meio século após a elaboração do Código Florestal, é necessário, sem dúvida, rever as regras de uso da cobertura vegetal do território brasileiro, adequando-as às exigências de produtividade e competitividade do século 21. Tal adequação, porém, só será possível mediante políticas públicas coerentes e inovadoras, sintonizadas com o novo contexto e com o projeto de desenvolvimento que se deseja para o país. Considerando que pontos críticos da proposta de revisão que está em debate no Congresso Nacional já foram debatidos minuciosamente pela sociedade, o que se deseja neste texto é contribuir para a questão em duas dimensões: 

1. as exigências contemporâneas de competitividade para o uso da terra, desconhecidas na proposta de revisão;

2. as fortes contradições da proposta que, articulada ao discurso dos imperativos do desenvolvimento, choca-se com outras importantes decisões governamentais que visam exatamente ao desenvolvimento.

Faz tempo que querem modificar o Código Florestal brasileiro. Essa lei não tem sido suficiente para evitar que, a cada ano, áreas de florestas sejam derrubadas e queimadas. A ‘necessidade’ de novas áreas de cultivo faz os produtores avançarem sobre a floresta, vista como improdutiva e fora do sistema de produção da propriedade. Essa situação decorre, em grande parte, da política generalizada de ocupação e uso da terra em todos os biomas, e particularmente na Amazônia, onde se descaracteriza de forma brutal o uso florestal da propriedade.

São muitas as desculpas para mudar a lei, depois de não cumpri-la. Uma é a de que é preciso ter mais área para a agricultura – uma preocupação com a ‘segurança alimentar’. Estudo (de 2009) do ecólogo Evaristo E. de Miranda e equipe, da Embrapa Monitoramento por Satélite, afirma que a legislação ambiental e indigenista brasileira ‘engessa’ mais de 73% do território nacional, destinados a Unidades de Conservação, Terras Indígenas, Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais (RLs). No entanto, o cientista social e ecólogo José Augusto Drummond ressaltou, em trabalho de 2009, que o restante (27%) é suficiente para a expansão da agricultura.

Esse autor enfatiza que a agropecuária pode se expandir com base no aumento de produtividade e no aproveitamento/recuperação de solos ‘usados’, e que as RLs, que chegam a 31,54% do território nacional, juntamente com as APPs, seriam o preço a ser pago pela agropecuária – o que está de acordo com o movimento mundial que visa a enquadrar ambientalmente as atividades produtivas. Mais recentemente (2010), o agrônomo Gerd Sparoveck e outros demonstraram que o Brasil tem 61 milhões de hectares (ha) de alta e média produtividade agrícola que já estão alterados e podem ser usados na produção de alimentos. Segundo o pesquisador, dos 278 milhões de ha ocupados pela agropecuária no país, pelo menos 83 milhões estão em situação de não conformidade com o Código Florestal e teriam que ser recuperados.

Observando todos esses dados, é possível afirmar que, no Brasil, não é necessário cortar mais árvores para produzir alimentos e que há um grande passivo de florestas ilegalmente cortadas que precisam ser restauradas. Nesse contexto, o que nos surpreende é: por que uma lei de quase 50 anos não tem sido respeitada e cumprida? A discussão, após tanto tempo de destruição dos ecossistemas naturais brasileiros, deveria estar centrada em ‘onde’ e ‘como’ recuperar as Reservas Legais e Áreas de Proteção Permanente que não foram respeitadas.

As mudanças climáticas e o aquecimento global, amplamente debatidos por toda a sociedade, tornam ainda mais necessário manter RLs e APPs. À medida que avança o conhecimento sobre a importância da biodiversidade e dos serviços ambientais prestados por ecossistemas naturais, mais estamos certos de que quaisquer mudanças, agora, sem base científica, serão catastróficas para todos os biomas.

É importante ressaltar a incongruência entre as alterações propostas ao Código Florestal e os compromissos voluntários do Brasil na Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudança do Clima. Estes envolvem claramente ações para prevenir e controlar o desmatamento nos biomas Amazônia e cerrado e um conjunto de metas voltadas à agricultura e que, se bem implantadas, garantiriam intensificar a produção, de modo sustentável, em áreas já alteradas nos diferentes biomas brasileiros. As metas incluem recuperação de áreas de pastagem degradadas, plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e fixação biológica de nitrogênio.

A revisão do Código Florestal precisa, em vez de favorecer práticas obsoletas, incentivar a inovação contínua no uso do nosso patrimônio natural

Os seis biomas brasileiros têm cerca de 6,6 milhões de km2 de cobertura vegetal, e a perda desta, até 2008, já soma cerca de 3 milhões de km2 (45% do total), segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br/portalbio). Por que, então, perpetuar a expansão do desmatamento nos biomas ainda conservados e destruir os remanescentes de cobertura vegetal desses biomas? As RLs devem, também, ser uma contra Os seis biomas brasileiros têm cerca de 6,6 milhões de km2 de cobertura vegetal, e a perda desta, até 2008, já soma cerca de 3 milhões de km2 (45% do total), segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (www.mma.gov.br/portalbio). Por que, então, perpetuar a expansão do desmatamento nos biomas ainda conservados e destruir os remanescentes de cobertura vegetal desses biomas? As RLs devem, também, ser uma contrapartida aos lucros da exploração da terra – a compensação pelo desmatamento e pela perda de biodiversidade. Se já dispomos de terras suficientes para o crescimento da produção agrícola, como comprovam Drummond e Sparoveck, não há razões econômicas, nem éticas, que justifiquem a perpetuação de um modelo de desenvolvimento que elimina os recursos naturais dos diferentes biomas.

As APPs significam uma decisão racional que visa a proteger áreas mais frágeis, como topos de morros, terrenos mais inclinados, matas ciliares dos rios e encostas e, sobretudo, as nascentes de água. Conservar a maior parte da cobertura vegetal nativa da Amazônia, manter a vegetação original restante dos demais biomas e recuperar o que foi destruído ilegalmente devem ser os caminhos a serem trilhados para combater a fragmentação de hábitats, proteger a diversidade dos ecossistemas e manter um percentual mínimo de vegetação nativa por bacia hidrográfica, como demonstrado em diversos trabalhos científicos.

O Brasil já é grande produtor de alimentos, mas, à medida que nos tornamos globalizados e a sociedade civil bem informada, as exigências são maiores – os produtos têm que ser comprovadamente saudáveis do ponto de vista ambiental, sem desmatamento associado (seja soja, carne ou até biodiesel). Até que ponto ‘flexibilizar’ a lei nos trará progresso agrícola e mais respeito às florestas que ainda restam?

Área da floresta amazônica, no Mato Grosso, desmatada para produção de soja em 2008

A proposta de alteração do Código Florestal, que tem como relator o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), já passou por votação em Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Dos pontos críticos das modificações defendidas pelo relator, preocupam-nos demasiadamente:

1) A dispensa de Reserva Legal para propriedades com até quatro módulos fiscais (o tamanho do módulo, que varia entre 10 e 100 ha na Amazônia, é definido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária para cada município) e a dispensa de recomposição da vegetação de áreas desmatadas ilegalmente. Vale lembrar que um imóvel pode ser dividido em módulos menores pelo mesmo dono quando ele quiser. No Pará, empresas interessadas em plantar dendê já estão apoiando agricultores familiares que tenham até 10 ha, que pela lei não precisam manter RLs, e muitos proprietários estão dividindo suas terras em módulos menores para atender a essa ‘demanda’.

2) A redução para 15 m nos limites de área de preservação permanente (APP) à margem dos rios, córregos, nascentes e outros cursos d’água de até 10 m de largura. Isso seria catastrófico, pois pequenos corredores de vegetação tornam inviável a manutenção de populações de alguns grupos de animais (mamíferos de grande porte, por exemplo).

3) O plantio em áreas de várzeas (hoje proibido por lei).

4) A consolidação de áreas hoje utilizadas para a atividade agropecuária, mesmo tendo sido desmatadas de maneira ilegal.

Sob o pretexto de garantir a ‘segurança alimentar’, a Comissão da Câmara aprovou uma anistia para todos os estragos feitos no passado e ignorou os avanços da ciência e dos programas estratégicos em andamento. APPs deveriam ser tratadas como patrimônios tombados e RLs como áreas que garantem a função social da propriedade! Do ponto de vista científico, o ecólogo Jean-Paul Metzger comprova (2010) que o estado das pesquisas atuais oferece forte sustentação para critérios e parâmetros definidos pelo Código Florestal de 1965 e, em alguns casos, haveria necessidade de expansão das APPs, e não sua redução.

Assim, alguns serviços ambientais já caracterizados nas APPs e RLs que não se restringem somente ao carbono, mas a aspectos hídricos, balanço de nutrientes, polinização e outros, que contribuem para a produção agrícola nas áreas próximas, deveriam ser considerados em qualquer discussão sobre mudança no Código Florestal refereferentes a essas áreas de proteção. Os múltiplos serviços ambientais, produzidos pela natureza ou por atividades humanas, já são um componente do futuro e atribuem novo e maior valor à cobertura vegetal, segundo uma das autoras (Becker, 2009). Eliminar RLs e APPs equivale a eliminar um uso da terra que representa um potencial de futuro, tanto para pequenos quanto para grandes produtores.

A construção de um novo paradigma, em que a terra, pública ou privada, deve cumprir uma função social consolidou-se apenas na Constituição de 1988. Desde o início do processo de colonização, a terra e o direito à propriedade foram tratados sob a ótica da especulação. Com o rápido avanço de problemas ambientais e a consciência de que o equilíbrio ambiental independe de questões administrativas ou temporais, o poder público brasileiro passou a intensificar a função de gestão territorial e ambiental, em todos os níveis.

Diante desse contexto, foram elaborados vários planos ou programas nacionais, e vale citar alguns (todos disponíveis na internet): Política Nacional de Biodiversidade, Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, Política Nacional sobre Mudança do Clima, Plano Nacional de Recursos Hídricos, Programa Terra Legal, Plano de Regularização Fundiária de Imóveis da União e Macrozoneamento Ecológico-econômico da Amazônia Legal.

Sem dúvida, faria mais sentido rever o Código Florestal a partir do conhecimento e das diretrizes previstas nos planos e compromissos assumidos com toda a sociedade, e não com uma pequena parcela dela. Hoje é necessário e urgente definir instrumentos econômicos de estímulo à conservação e criar fontes de financiamento para apoiar pequenos e médios produtores rurais para a averbação da Reserva Legal. Também é preciso definir mecanismos de financiamento da conservação em áreas privadas (como o mercado de carbono e o pagamento pelos serviços ambientais dos ecossistemas nativos) e reorientar os sistemas produtivos na Amazônia rumo a uma economia sustentável (em forma de gestão territorial integrada, valorizando o capital social presente em diferentes realidades). Além disso, são necessárias políticas públicas de longo prazo, que possam sustentar-se independentemente de articulações eleitorais e da subordinação de dispositivos político-institucionais aos desígnios momentâneos dos responsáveis pela tomada de decisões.

É preciso garantir que a revisão do Código Florestal seja feita com sabedoria e cautela para que a nova lei seja efetivamente cumprida e respeitada por todos – segurança alimentar e segurança ambiental são dois lados da mesma moeda

O desafio consiste na integração dos instrumentos de regulação, das políticas públicas e das novas oportunidades e mecanismos de incentivo à proteção ambiental, à produção sustentável e à restauração florestal, em uma abrangente estratégia para o estabelecimento de territórios sustentáveis nas regiões, em especial na Amazônia.

Seria isso a fazer agora, em vez de mudar o Código Florestal sem base científica alguma e sem sequer verificar diretrizes e metas previstas em programas nacionais e compromissos internacionais. Se o que a Comissão Especial aprovou for confirmado pelo plenário da Câmara dos Deputados, será um retrocesso geral. Políticas e programas oficiais não poderão ser realizados ou terão que ser modificados, muitos compromissos internacionais (redução de emissões de gás carbônico e conservação da biodiversidade, por exemplo) estarão fadados ao fracasso, resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e decisões amplamente discutidas para articular e implantar programas públicos ficarão desmoralizadas.
Há fortes contradições – no tempo e no espaço – geradas por políticas públicas em nome do desenvolvimento do país, mas que poderão dificultá-lo em futuro próximo. A contradição no tempo é patente na incongruência, como demonstrado aqui: liberar o uso da terra, como proposto, certamente ampliará o desmatamento, que já é grande, tornando difícil, senão impossível, manter o compromisso assumido por lei de reduzir entre 36% e 38%, até 2020, as emissões nacionais dos chamados gases de efeito estufa. No espaço, a contradição de políticas diz respeito, sobretudo, ao não reconhecimento da diversidade do território, em várias escalas, e da necessidade de adequar a lei à complexidade territorial.

No plano das políticas públicas, vale destacar o Macrozoneamento Ecológico-econômico da Amazônia Legal, recém-concluído e que envolve mais da metade do território nacional. Esse trabalho não pode ser desconsiderado no Código Florestal. O zoneamento indica: 1. que não deve ser permitido desflorestamento algum na floresta mais densa ainda bastante preservada; 2. que devem ser incentivados o uso dos serviços ambientais e o extrativismo; e 3. que na floresta mais aberta e no cerrado (já destruídos, respectivamente, em 50% e 40%) a recomposição da vegetação deve ser efetuada em ampla escala. Assim, não é possível pensar em dispensar as RLs nesses imensos espaços, mas, sim, planejar e incentivar o uso diversificado da terra.

Em um ambiente mundial crescentemente competitivo, o Brasil precisa ampliar suas forças distintas e a natureza de seu território é um dos trunfos. Seu sistema de inovação está em grande parte alicerçado em seus recursos naturais. Do petróleo e das hidrelétricas à agricultura, aos biocombustíveis e ao papel da floresta amazônica no clima, a maior parte das inovações no Brasil está associada a seus ativos naturais, como mostraram a cientista social Kirsten Bound (2008) e uma das autoras deste artigo (Becker, 2010).

A revisão do Código Florestal deve ter esse fato crucial em mente e precisa, em vez de favorecer práticas obsoletas, investir e incentivar a inovação contínua no uso de nosso patrimônio natural. A Amazônia é o grande potencial para esse laboratório a ser desenvolvido. Se necessário, para defender a Amazônia da destruição, melhor seria estatizar o coração da floresta que está bem preservada e utilizá-la apenas mediante concessões coordenadas pelo Estado.

É preciso garantir que a revisão do Código Florestal seja feita com sabedoria e cautela para que a nova lei seja efetivamente cumprida e respeitada por todos – segurança alimentar e segurança ambiental são dois lados da mesma moeda. 


Minha Casa Civil, Minha Vida!

Dalcío

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Marina Silva defende uso de energias alternativas



Candidata do PV participou de encontro com empresários. Ela pediu para que comerciantes, agricultores e industriais de Minas não fiquem com medo das novas energias.

 

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A ELEGÂNCIA

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Existe uma coisa difícil de ser ensinada e, talvez por isso, esteja cada vez mais rara entre as pessoas:  a Elegância do Comportamento.

É algo que vai muito além do uso correto dos talheres e que abrange bem mais do que dizer um simples obrigado diante de uma gentileza.

É a elegância que nos acompanha da primeira hora da manhã até a hora de dormir e que se manifesta nas situações mais prosaicas, quando não há festa alguma nem fotógrafos por perto.
É uma elegância desobrigada. É possível detectá-la nas pessoas que elogiam mais do que criticam. Nas pessoas que escutam mais do que falam. Antes de criticar uma tarefa de alguém, você tem a certeza de que a faria melhor?

É possível detectá-la nas pessoas que não usam um tom superior de voz ao se dirigir a frentistas ou empregados. Nas pessoas que evitam assuntos constrangedores porque não sentem prazer em humilhar os outros.

É muito elegante não falar de dinheiro em bate-papos informais. É elegante ser carinhoso e solidario.

É elegante o silêncio diante de uma rejeição.  Sobrenome, jóias, cargos de liderança e nariz empinado não substituem a elegância do gesto.  É elegante a gentileza. Atitudes gentis falam mais que mil imagens.

Abrir a porta para alguém é muito elegante.

Dar o lugar para alguém sentar… É muito elegante.

Sorrir, sempre é muito elegante e faz um bem danado para a alma…

Oferecer ajuda.. É muito elegante.

Olhar nos olhos, ao conversar é essencialmente elegante.

Oferecer flores é sempre elegante.

Educação enferruja por falta de uso! E detalhe: não é frescura.”

Adaptado de Toulouse-Lautrec (1864-1901)
encaminhado por Grasiela Rodrigues

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Em MT, agrotóxico presente na água, no ar e no sangue

sex, 03/09/2010 - 16:10 — jorge

(2'00" / 470 Kb) - O agrotóxico está presente na terra, na água, no ar e até mesmo no sangue e na urina dos moradores de dois municípios produtores de grãos, no Mato Grosso. A Constatação foi feita pela Fundação Oswaldo Cruz e pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que mediram os efeitos do uso de agrotóxicos em Campo Verde e Lucas do Rio Verde.
O estudo monitorou a água dos poços artesianos e identificou a existência de resíduos de agrotóxicos em 32% das amostras analisadas. Em 40% dos testes com a água da chuva também foi identificada a presença de defensores agrícolas. Nos testes com o ar, 11% das amostras continham substâncias tóxicas, como o endossulfam, proibido pelo potencial cancerígeno. O médico e professor da UFMT, Wanderlei Pignati, relata como se dá o processo de contaminação.
“Os reflexos negativos do agrotóxico ocorrem no trabalhador, que aplica diretamente, na família, que muitas vezes mora dentro das plantações de soja, e na periferia das cidades. Não só aqui no Mato Grosso, as pessoas plantam e pulverizam quase que em cima das casas. Teremos um impacto no ambiente e isso faraz com que a população absorva esses agrotóxicos, resultando em intoxicações crônicas.”
No ano de 2009, foram despejadas um milhão de toneladas de agrotóxicos nas lavouras brasileiras. Somente o Mato Grosso utilizou 11% dessa quantidade. Pignati revela que os dados das Secretarias e Ministério da Saúde sobre intoxicação coincidem com os índices de produção no campo.
“No Mato Grosso, nas regiões que mais produzem soja, milho e algodão, tem uma incidência três vezes maior de intoxicação aguda. Diarréia, vômito, desmaio. Alguns até morrem. [As substâncias] dão distúrbios cardíacos, pulmonares e até distúrbios psiquiátricos.”
De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.
03/09/10

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Como nunca antes neste país

Nota: O jornal O Estado de Sao Paulo nao registra para a historia uma conduta completamente isenta, progressiva ou mesmo de firme compromisso com os interesses maiores da sociedade. Nao foram poucas as situacoes em que este jornal defendeu interesses de retrogradas oligarquias rurais, entre outras missoes menos nobres. No entanto, o compromisso deste blog eh com a verdade, independentemente de onde ela possa aparecer. E para minha surpresa, arroubos de verdade apareceram em editorial do dito jornal, que reproduzo abaixo. Na sequencia deste, tomei a liberdade de colocar duas posicoes criticas ao mesmo, que nao desmerecem o teor deste, mas questionam exatamente a isencao e a gritante falta de isonomia politica do jornal. 

09 de setembro de 2010 | 0h 00

Editorial em O Estado de S.Paulo
Tão profícua tem sido a atuação do presidente Lula na desmoralização das mais importantes instituições do Estado brasileiro, que se torna missão complexa avaliar o que efetivamente tem sido realizado nesse campo, aí sim como nunca antes neste país. Como a lista é longa, melhor ficar nos exemplos mais notórios.
O presidente Lula desmoralizou o Congresso Nacional ao permitir que o então chefe de seu Gabinete Civil, o trêfego José Dirceu, urdisse e implantasse um amplo esquema de compra de apoio parlamentar - o malfadado mensalão. Essa bandidagem custou ao chefe da gangue o cargo de ministro. Mas seu trânsito e influência dentro do governo permanecem enormes, com a indispensável anuência tácita do chefão.
Denunciado o plano de compra direta de apoio de deputados e senadores, o governo petista passou a se compor com toda e qualquer liderança disposta a trocar apoio por benesses governamentais, não importando o quanto de incoerência essas novas alianças pudessem significar diante do que propunha, no passado, a aguerrida ação oposicionista de Lula e de seu partido na defesa intransigente dos mais elevados valores éticos na política. Daí estarem hoje solidamente alinhadas com o governo as mais tradicionais oligarquias dos rincões mais atrasados do País - os Sarneys, os Calheiros, os Barbalhos, os Collors de Mello, todos antes vigorosamente apontados pelo lulo-petismo como responsáveis, no mínimo, pela miséria social em seus domínios. Essa mudança foi recentemente explicada por Dilma Rousseff como resultado do "amadurecimento" político do PT.

O presidente Lula desmoralizou a instituição sindical ao estimular o peleguismo nas entidades representativas dos trabalhadores e, de modo especial, nas centrais sindicais, transformadas em correia de transmissão dos interesses políticos de Brasília.

O presidente Lula tentou desmoralizar os tribunais de contas ao acusá-los, reiteradas vezes, de serem entrave à ação executiva do governo por conta do "excesso de zelo" com que fiscalizam as obras públicas.

O presidente Lula desmoralizou os Correios, antes uma instituição reconhecida pela excelência dos serviços essenciais que presta, ao aparelhar partidariamente sua administração em troca, claro, de apoio político.

O presidente Lula desmoralizou o Tribunal Superior Eleitoral, e, por extensão, toda a instituição judiciária, ao ridicularizar em público, para uma plateia de trabalhadores, multas que lhe foram aplicadas por causa de sua debochada desobediência à legislação eleitoral.

Mas é preciso reconhecer que pelo menos uma lei Lula reabilitou, pois andava relegada ao olvido: a lei de Gerson. Aquela que, no auge do regime militar e do "milagre brasileiro", recomendava: o importante é levar vantagem em tudo. Esse sentimento que o presidente nem tenta mais disfarçar - tudo está bem se me convém - só faz aumentar com o incremento de seus índices de popularidade e sinaliza, por um lado, a tentação do autoritarismo populista, enquanto, por outro lado, estimula a erosão dos valores morais, éticos, indispensáveis à promoção humana e a qualquer projeto de desenvolvimento social.

O presidente vangloria-se do enorme apoio popular de que desfruta porque a economia vai bem. Indicadores econômicos positivos, desemprego menor, os brasileiros ganhando mais, Copa do Mundo, Olimpíada. É verdade, mesmo sem considerar que Lula e o PT não fizeram isso sozinhos, pois, embora não tenham a honestidade de reconhecê-lo, beneficiaram-se de condições construídas desde muito antes de 2002 e também de uma conjuntura internacional política e, principalmente, econômica, que de uma maneira ou de outra acabou sendo sempre favorável ao Brasil nos últimos anos.

Mas um país não se constrói apenas com indicadores econômicos positivos. São necessárias também instituições sólidas, consciência cívica, capacidade cidadã de avaliar criticamente o jogo político e as ações do poder público. Nada disso Sua Excelência demonstra desejar. Oferece, é verdade, pão e circo. Não é pouco. Mas é muito menos do que exige a dignidade humana, senhor presidente da República!

Comentario de um colega sobre a materia:
Nao apoio o PT, nao voto no PT. Mas o Estado eh um jornal abertamente conservador e de direita.

Sim, tudo que esta escrito eh verdade no editorial. Porem, para ser justo e equilibrado, substitua Lula por FHC no texto. Vera que quase tudo se aplica aa perfeicao. Substiua os exemplos de escandalos do Lula por outros escandalos do governo FHC (estritamente falando mensalao e compra de votos descarada para a aprovacao da reeleicao sao do mesmo grau de seriedade: corrupcao institucional da pior especie anti-democratica). FHC tambem cooptou e apoiou a criacao da pelega Força Sindical. Tambem bajulou e trabalhou com quase todos os corruptos citados na materia (menos Collor que estava com direiros politicos cassados). Ainda que tivesse pose de intelectual, FHC praticou uma politica populista. A historia das privatizacoes entraria em qualquer livro texto sobre corrupcao, nao diferente da corrupcao entranhada do governo Lula.

Realmente, nao me lembro se o Estadao publicou materia semelhante sobre FHC.

Em resumo, qualquer analise isenta mostra que sao todos farinha do mesmo saco. Infelizmente.

 E para completar minha resposta a este comentario:

Achei tao fidedigna a descricao do editorial que postei no meu blog. Mas Vc tem inteira razao em teu comentario. Acho que a malfadada obra prima de Maquiavel, o Principe, explica porque estes governantes adotam o pragmatismo amoral. Alias, no livro do FHC, a historia que vivi, o segundo capitulo tenta encontrar um fundamento filosofico para justificar o que ele chama de a inevitabilidade de aceitar a etica de resultados (ou a correcao moral de demolir a etica de principios), um nojo intelectual completo. Alias, comentei isso com a Marina, e lhe perguntei qual sua posicao, como defenderia principios se chegasse no governo. A resposta dela me pareceu interessante, mais ou menos nestas linhas "os principios cada um tem os seus, eh de onde partimos. Mas para governar eh preciso ter valores que vao alem dos principios, e estes a gente constroi junto com a sociedade". Se entendi bem, ela diz que alguns principios individuais podem conflitar com principios de outras pessoas, e na sociedade eh preciso compatibilizar as vontades e as perspectivas baseados em valores construidos, que podem ter raizes nos principios e serem de dimensao universal (seguir as leis da natureza, por exemplo). 

sábado, 4 de setembro de 2010

LEDs Destronam as Lampadas Fluorescentes Compactas


The next generation of eco-friendly lightbulbs Dan Saelinger
Never mind that twisty compact fluo­rescent. The new energy-efficient way to light your home is with LEDs. An upcoming crop of bulbs draw 12 watts or less, edging out a typical fluorescent, and they have a more conventional shape, contain no mercury, and last at least 25,000 hours, three times as long.
They’re among the first LED bulbs as bright as a classic 60-watt incandescent (about 800 lumens), and they address past problems with LEDs, such as bluish light, overheated chips and too-concentrated beams. Launch the gallery to find out how they'll do it, all within a 130-year-old form.

http://www.popsci.com/gadgets/article/2010-07/updating-edison

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Cientista brasileiro descobre como coletar energia do ar

Notícias - Pesquisa e Desenvolvimento Inovação Tecnológica
Publicado em 26 de Agosto de 2010

Alimentar casas e fábricas com eletricidade coletada diretamente do ar pode ser possível: cientistas brasileiros resolveram um enigma científico que durava séculos sobre como a umidade na atmosfera torna-se eletricamente carregada, abrindo caminho para seu aproveitamento.

Imagine dispositivos capazes de capturar a eletricidade do ar e usá-la para abastecer residências ou recarregar veículos elétricos, por exemplo.

Da mesma forma que painéis solares transformam a luz do Sol em energia, esses painéis futurísticos poderão coletar a eletricidade do ar - a mesma eletricidade que forma os relâmpagos - e direcioná-la de forma controlada para alimentar qualquer equipamento elétrico, nas casas e nas indústrias.

Se isso parece revolucionário demais, mais entusiasmante ainda é saber que a descoberta que poderá tornar esses sonhos uma realidade foi feita por um cientista brasileiro.

O professor Fernando Galembeck, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) apresentou suas descobertas históricas hoje (25) durante a reunião da American Chemical Society (ACS), em Boston, nos Estados Unidos.

"Nossa pesquisa pode abrir o caminho para transformar a eletricidade da atmosfera em uma fonte de energia alternativa para o futuro," disse Galembeck. "Assim como a energia solar está liberando algumas residências de pagar contas de energia elétrica, esta nova e promissora fonte de energia poderá ter um efeito semelhante."

Eletricidade atmosférica

A descoberta do professor Galembeck parece resolver um enigma científico que já dura séculos: como a eletricidade é produzida e descarregada na atmosfera.

No início da Revolução Industrial, os cientistas perceberam que o vapor que saía das caldeiras gerava faíscas de eletricidade estática - trabalhadores que se aproximavam dos vapores eram frequentemente atingidos pelos choques elétricos.

Mas essa eletricidade se forma também em locais mais amenos, quando o vapor de água se junta a partículas microscópicas no ar, o mesmo processo que leva à formação das nuvens - é aí que começam a nascer os relâmpagos.

Nikola Tesla ficou famoso pelas suas tentativas de capturar e utilizar essa eletricidade do ar, tentativas infelizmente nem sempre bem-sucedidas.

Mas, até agora, os cientistas não tinham um conhecimento suficiente sobre os processos envolvidos na formação e na liberação de eletricidade a partir da água dispersa pela atmosfera.

"Se nós soubermos como a eletricidade se acumula e se espalha na atmosfera, nós também poderemos evitar as mortes e os danos provocados pelos raios," estima Galembeck.

Higroeletricidade

Os cientistas sempre consideraram que as gotas de água na atmosfera são eletricamente neutras, e permanecem assim mesmo depois de entrar em contato com as cargas elétricas nas partículas de poeira e em gotículas de outros líquidos.

Mas o professor Fernando Galembeck e sua equipe descobriram que a água na atmosfera adquire sim uma carga elétrica.



Painéis para capturar a energia higroelétrica poderão ser colocados no topo dos prédios para drenar a energia do ar e impedir o acúmulo das cargas elétricas que são liberadas na forma de raios. [Imagem: Martin Fischer]

O grupo brasileiro confirmou essa ideia por meio de experimentos de laboratório que simulam o contato da água com as partículas de poeira no ar.

Eles usaram minúsculas partículas de sílica e fosfato de alumínio - ambas substâncias comumente dispersas no ar - para demonstrar que a sílica se torna mais negativamente carregada na presença de alta umidade, enquanto o fosfato de alumínio se torna mais positivamente carregado.

"Esta é uma evidência clara de que a água na atmosfera pode acumular cargas elétricas e transferi-las para outros materiais que entrem em contato com ela," explicou Galembeck. "Nós a chamamos de higroeletricidade, ou seja, a eletricidade da umidade."

Alimentar casas e fábricas com eletricidade coletada diretamente do ar pode ser possível: cientistas brasileiros resolveram um enigma científico que durava séculos sobre como a umidade na atmosfera torna-se eletricamente carregada, abrindo caminho para seu aproveitamento.

Imagine dispositivos capazes de capturar a eletricidade do ar e usá-la para abastecer residências ou recarregar veículos elétricos, por exemplo.

Da mesma forma que painéis solares transformam a luz do Sol em energia, esses painéis futurísticos poderão coletar a eletricidade do ar - a mesma eletricidade que forma os relâmpagos - e direcioná-la de forma controlada para alimentar qualquer equipamento elétrico, nas casas e nas indústrias.

Se isso parece revolucionário demais, mais entusiasmante ainda é saber que a descoberta que poderá tornar esses sonhos uma realidade foi feita por um cientista brasileiro.

O professor Fernando Galembeck, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) apresentou suas descobertas históricas hoje (25) durante a reunião da American Chemical Society (ACS), em Boston, nos Estados Unidos.

"Nossa pesquisa pode abrir o caminho para transformar a eletricidade da atmosfera em uma fonte de energia alternativa para o futuro," disse Galembeck. "Assim como a energia solar está liberando algumas residências de pagar contas de energia elétrica, esta nova e promissora fonte de energia poderá ter um efeito semelhante."

Coletores de energia do ar


No futuro, segundo Galembeck, poderá ser possível desenvolver coletores - similares às células solares que coletam a luz solar para produzir eletricidade - para capturar a higroeletricidade e permitir seu uso em residências e empresas.

Assim como as células solares funcionam melhor nas regiões mais ensolaradas do mundo, os painéis higroelétricos vão funcionar de forma mais eficiente em áreas com alta umidade, uma característica das regiões tropicais, Brasil incluído.

Alta umidade significa altos níveis de vapor de água no ar - um vapor que se torna visível ao se condensar e embaçar os vidros do carro, por exemplo, e cuja baixa intensidade incomoda tanto nos dias secos de inverno.

Galembeck afirmou em sua apresentação que uma abordagem semelhante poderia ajudar a prevenir a formação de raios. Ele vislumbra a colocação de painéis higroelétricos no topo de prédios em regiões onde ocorrem muitas tempestades. Os painéis drenariam a energia do ar, impedindo o acúmulo das cargas elétricas que são liberadas na forma de raios.

Seu grupo de pesquisa já está testando metais para identificar aqueles com maior potencial para utilização na captura da eletricidade atmosférica e prevenção dos raios.

"São ideias fascinantes que novos estudos, nossos e de outras equipes de cientistas, poderão tornar realidade," disse Galembeck. "Nós certamente temos um longo caminho a percorrer. Mas os benefícios no longo prazo do aproveitamento da higroeletricidade podem ser substanciais."

Fenômenos eletrostáticos

Durante o século 19, houve vários relatos experimentais associando a interface ar-água e os fenômenos eletrostáticos da chamada "eletricidade do vapor". O famoso Lord Kelvin idealizou um equipamento, que ele chamou de condensador de gotas de água, para reproduzir experimentalmente o fenômeno.

Contudo, até hoje ninguém havia conseguido descrever os mecanismos do acúmulo e da dissipação das cargas elétricas na interface ar-água.

Isso pode dar a dimensão dos resultados agora obtidos pelos cientistas brasileiros.

O trabalho do professor Fernando Galembeck e sua equipe demonstra que a adsorção do vapor de água sobre superfícies de materiais isolantes (dielétricos) ou de de metais isolados - devidamente protegidas dentro de um ambiente blindado e aterrado - leva à acumulação de cargas elétricas sobre o sólido, em um intensidade que depende da umidade relativa do ar, da natureza da superfície usada e do tempo de exposição.

A pesquisa verificou ainda um aumento acentuado nas cargas elétricas acumuladas quando são usados substratos líquidos ou isolantes sólidos, sob a ação de campos externos, quando a umidade relativa do ar se aproxima de 100%.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Energia: Brasil desperdiça potencial eólico e solar

Usinas nucleares e termelétricas ainda geram 10% da energia usada no País; até 2019 perfil energético do Brasil não deve mudar

Artigo de Herton Escobar, Estado de SP, 2/set/2010

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Para o pesquisador Sergio Colle, coordenador dos Laboratórios de Engenharia de Processos de Conversão e Tecnologia de Energia (Lepten), da Universidade Federal de Santa Catarina, o Brasil poderia ser muito mais ambicioso no aproveitamento de seu potencial eólico. Não só do ponto de vista da sustentabilidade energética, mas também do desenvolvimento tecnológico e industrial. “Enquanto a gente fala em 3 GW, a China projeta 30 GW”, compara. “O Brasil não pode se dar ao luxo de ficar de braços cruzados e desperdiçar as oportunidades, só porque nasceu no ‘berço esplêndido’ das hidrelétricas e da biomassa. Não pode se omitir de investir em outras tecnologias renováveis.”

DESPERDÍCIO SOLAR

A situação é ainda pior no caso da energia solar. “Há uma completa omissão do governo sobre essa tecnologia”, afirma Colle. O aproveitamento é irrisório, tanto para aquecimento de água quanto para geração elétrica, e a produção nacional é baseada em tecnologias ultrapassadas. “A indústria nacional produz cerca de 800 mil m² de coletores solares planos baseados em concepções primitivas, copiadas dos primeiros coletores solares da década de 20”, diz Colle. “Estamos na idade da pedra polida em desenvolvimento tecnológico de energia solar.”

O potencial, por outro lado, é enorme. País de maior extensão territorial nos trópicos, o Brasil é “abençoado” não apenas com muita água, mas também com muito sol. Para se ter uma ideia, o pesquisador Enio Bueno Pereira, do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), faz a seguinte comparação: se a área do reservatório da usina hidrelétrica de Balbina (2.360 km2), no Amazonas, fosse coberta de painéis fotovoltaicos, a energia gerada (cerca de 500 TWh/ano) seria suficiente para atender todo o consumo nacional de energia elétrica (cerca de 455 TWh/ano). “Não proponho que isso seja feito, mas é uma boa ilustração do potencial dessa tecnologia”, explica ele.

Um problema é o preço. A eletricidade solar ainda é uma energia relativamente cara, tornando um empreendimento deste porte proibitivo economicamente. O que não significa que ela não possa ter um papel estratégico no desenvolvimento sustentável da matriz energética nacional. A estratégia mais simples, propõe Pereira, seria disseminar o uso de painéis solares em telhados para uso doméstico, como forma de reduzir a demanda sobre o sistema e, assim, liberar mais energia para uso industrial, especialmente nos horários de pico.

Eventualmente, assim como fazem as usinas de açúcar e álcool com a cogeração de bioeletricidade do bagaço de cana, os produtores domésticos de energia solar poderiam vender o excedente de sua geração para o sistema integrado, afirma Pereira. Ele e outros pesquisadores da área defendem firmemente a criação de uma política de regulamentação que incentive o uso da energia solar, tanto na indústria quanto nos domicílios. “Se o governo não der incentivo, essa tecnologia não vai decolar nunca”, afirma Pereira. “O custo inicial não é competitivo. Só fica competitivo quando aumenta o número de usuários e há demanda garantida, como aconteceu com a eólica.”

“Se houver um compromisso de compra, a indústria virá para cá, com certeza”, reforça o pesquisador Ricardo Ruther, da Universidade Federal de Santa Catarina e diretor técnico do Instituto para o Desenvolvimento das Energias Alternativas na América Latina (Ideal). Em algumas regiões, diz ele, a energia solar poderia se tornar competitiva já nos próximos anos. “Os custos estão caindo e vai chegar um momento, ainda nesta década, em que instalar um telhado solar e gerar sua própria eletricidade será mais barato do que comprar energia das concessionárias”, diz. “Quando esse momento chegar, o cidadão tem de ter o direito de optar pela alternativa mais barata. Só que, hoje, o consumidor não pode se conectar diretamente à rede. O governo tem de criar a regulamentação necessária para que isso aconteça.”


Representante do Itamaraty no CTNBIO defende espancamento de pesquisador argentino que descobriu efeitos terriveis de herbicida em embrioes

Pesquisa de Andrés Carrasco sobre glifosato é publicada e aponta resultados pavorosos

Ao longo dos últimos meses temos divulgado a saga do pesquisador argentino Andrés Carrasco, chefe do Laboratório de Embriologia Molecular da Universidade de Buenos Aires (UBA), que em abril de 2009 divulgou dados de suas pesquisas indicando sérios efeitos do herbicida glifosato em embriões de anfíbios (modelo tradicional de estudo para avaliação de efeitos fisiológicos em vertebrados, cujos resultados podem ser comparáveis ao que aconteceria com embriões humanos).

A perseguição que o pesquisador vem enfrentando desde então atingiu o extremo no início deste mês, quando sua comitiva foi espancada durante uma palestra em La Leonesa, na Província do Chaco - Argentina.

A principal crítica alegada pelos defensores do glifosato era a de que o estudo ainda não havia sido publicado em um periódico científico e, portanto, não teria valor científico.

Finalmente, em 09 de agosto último, a revista Chemical Research in Toxicology, da Sociedade Americana de Química (ACS, na sigla em inglês) -que conta com mais de 160 mil membros e é referência mundial-, publicou a pesquisa, assinada por toda a equipe científica de Carrasco, legitimando-a definitivamente.

Durante 30 meses os pesquisadores estudaram o efeito do glifosato em embriões de anfíbios e frangos. O estudo intitulado "Herbicidas a base de glifosato produzem efeitos teratogênicos em vertebrados interferindo no metabolismo do ácido retinoico" confirma as deformações produzidas pelo veneno em concentrações até 5 mil vezes menores do que as do produto comercial (500 menores do que as utilizadas na agricultura).

As dez páginas da revista científica estão recheadas de termos técnicos que dão conta dos efeitos negativos do agrotóxico: microftalmia (olhos menores que o normal), microcefalia (cabeças pequenas e deformadas), ciclopia (um olho só, no meio do rosto, malformação conhecida pela clínica médica), malformações craniofaciais (deformação de cartilagens faciais e craniais) e encurtamento do tronco embrionário. E a pesquisa não descarta que, em etapas posteriores, se confirmem malformações cardíacas.

O agrotóxico tem a propriedade de permanecer por extensos períodos no ambiente e de viajar a longas distâncias carregado pelo vento e pela água. Outros estudos já comprovaram que a placenta humana é permeável ao glifosato.

"O efeito (do glifosato) sobre embriões abre a preocupação acerca dos casos de malformações em humanos observadas em populações expostas em zonas agrícolas", observa a revista científica e explica: "Devido a defeitos craniofaciais observados em seres humanos de zonas agrícolas, decidimos explorar se os genes implicados no desenvolvimento da cabeça são alterados com os agrotóxicos. Confirmamos que tanto a marca comercial como o glifosato puro produzem defeitos cefálicos".

A partir das provas científicas, a pesquisa adverte: "Os resultados comprovados em laboratório são compatíveis com malformações observadas em humanos expostos ao glifosato durante a gravidez".

Em junho deste ano uma comissão oficial do governo do Chaco, província argentina, publicou um relatório informando que ao longo da última década -período em que o uso de venenos agrícolas se expandiu na região- quadruplicaram os nascimentos de bebês com malformações em todo o estado.

A revista científica assinala que se avançou em um feito inédito, de particular interesse para o meio científico, que é vincular as malformações com a influência do glifosato sobre o aumento do ácido retinoico (derivado da vitamina A, normal em todos os vertebrados e essencial para a regulação correta dos genes envolvidos na vida embrionária). "Pequenas variações de ácido retinoico produzem malformações. Nosso trabalho é a primeira evidência de que as malformações produzidas pelo glifosato estão associadas com o ácido retinoico", explicou Carrasco ao jornal argentino Página/12.

Depois de detalhar ao extremo as formas como se realizaram as análises científicas, a pesquisa problematiza os aspectos macro da problemática argentina: "O modelo agrícola baseado no pacote tecnológico de transgênicos na atualidade se aplica sem avaliação crítica, sem normas rigorosas e sem informação adequada acerca do impacto das doses sub-letais sobre a saúde humana e o meio ambiente".

Extraído e adaptado de: Página/12, 17/08/2010.

Em tempo: Edílson Paiva, o atual presidente da CTNBio, afirmou ao jornal Valor Econômico (23/04/2007) que "A vantagem na segurança alimentar [do herbicida glifosato] é que os humanos poderiam até beber e não morrer porque não temos a via metabólica das plantas".

Membro da CTNBio defende espancamento de Andrés Carrasco

Em comentário postado no portal Ecoagência, Paulo Andrade, representante do Ministério das Relações Exteriores na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança, defendeu o espancamento de Carrasco.

Após tentar desqualificar tecnicamente o trabalho do pesquisador, Paulo Andrade dispara:

"Por fim, o Prof. Carrasco foi fazer sua palestra aos moradores de uma região onde se planta grãos extensivamente, com o emprego de herbicidas (não apenas o glifosato, mas muitos outros, muito mais perigosos), mas não foi sozinho ou na companhia de outros cientistas: foi acompanhado de políticos (deputados e vereadores) que se opõem à tecnologia por razões bem menos claras do que a sua. Erro gravíssimo. Foi espancado, e talvez tenha merecido, não pelas suas posições científicas, mas por ter juntado política partidária e ciência, dois líquidos imiscíveis".

[Número 504 - 27 de agosto de 2010].

* Da Campanha Por Um Brasil Livre de Transgênicos e Agrotóxicos