ÉPOCA (Opinião)
O fogo é usado para transformar Florestas em pasto na Amazônia. Não é só o Brasil que regula esse tipo de prática em terras privadas, segundo um novo estudo
Um estudo feito por duas respeitáveis entidades Ambientalistas, o Proforest e o Imazon, derruba um dos principais argumentos da bancada ruralista no debate sobre o Código Florestal brasileiro. A tese dos ruralistas, que serviu de inspiração ao projeto do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), é que o Brasil seria um dos poucos países do mundo onde o Estado teria o direito de limitar o Desmatamento em terras privadas e de impor punições a quem descumpre a lei. Realizado a pedido do Greenpeace, o estudo mostra uma realidade diferente.
Na França, a conversão de qualquer área de reserva com mais de 4 hectares requer permissão do governo. Ela só pode ser concedida se comprovadamente não causar prejuízos ambientais. O Japão também proíbe o Desmatamento das Florestas tanto estatais como privadas , exceto em circunstâncias excepcionais. Dos 11 países analisados, o único que não realiza nenhuma forma de controle é a Indonésia, que não é modelo ambiental nem mesmo entre os campeões da motosserra. Mesmo na China, uma referência para o desenvolvimento acelerado em condições que guardam semelhanças entre os países emergentes, como o Brasil, a lei proíbe o uso de Florestas para projetos de mineração e infraestrutura. Ali também é proibido destruir encostas íngremes, Florestas e zonas pantanosas.
Nada mais equivocado do que opor a defesa do Meio Ambiente ao desenvolvimento econômico. Só resolvendo o impasse entre Ambientalistas e ruralistas, o Brasil terá uma lei que dê segurança para a produção rural e para a preservação ambiental. Quanto menos hipocrisia e manipulação de dados houver no debate, maior a chance de um acordo sensato e realista, de que o Brasil precisa com urgência.