sábado, 27 de agosto de 2011

Underground river discovered below Amazon


Brazil's National Observatory believes that it's found an enormous underground river flowing 4km below the Amazon rainforest.

By studying temperature variations at inactive oil wells drilled in the 70s and 80s by the state-owned Petrobras oil company, geoscientists obtained data showing the movement of water far below the course of the Amazon river on the surface. It's thought to be about 6,000km long, which would make it about the same length as the Amazon.
It's been named after Valiya Mannathal Hamza, who led the research team that made the discovery, and has been studying the region for more than four decades. The Hamza river flows west to east, like its surface counterpart, but it has a flow rate calculated to be around 3,000 cubic metres per second -- which is a mere three percent of the Amazon river itself.
That's still plenty, though -- more than 46 times the flow of the Thames in London -- and it represents a secondary drainage system for the Amazon basin.
It's thought to empty into the Atlantic Ocean deep below the surface, and a statement released by the research team claimed it could be responsible for the low levels of salinity found in the waters around the mouth of the Amazon.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Ciência entra na política dos EUA

Quando se pede para citar um cientista, os americanos são incapazes. Em uma pesquisa recente, a principal escolha, com 47 por cento, foi Einstein, morto em 1955, e a seguinte, com 23 por cento, foi “não sei”. Em outra pesquisa, apenas 4 por cento dos respondentes conseguiram citar um cientista vivo.

Por mais que não tenham sido exercícios estatisticamente rigorosos, eles apontam para algo real: na vida pública americana, pesquisadores são extremamente ausentes. Treinados para ficarem confinados em laboratórios, eles tendem a evitar o alvoroço político, por vezes irracional.

Por exemplo, de acordo com o Serviço de Pesquisa do Congresso, pessoas com treinamento técnico entre os 435 membros da Casa Branca incluem um físico, 22 pessoas com treinamento médico (incluindo dois psicólogos e um veterinário), um químico, um microbiologista e seis engenheiros.

Agora, vários grupos estão tentando mudar isso. Eles querem encorajar cientistas e engenheiros a falar em debates públicos ou mesmo concorrer a cargos públicos. Em se tratando do aquecimento global e um grupo de várias outras questões técnicas, “há uma desconexão entre o que a ciência diz e o que as pessoas percebem que a ciência diz”, disse Barbara A. Schaal, bióloga e vice-presidente da Academia Nacional de Ciências. “Precisamos interagir com o público pelo nosso próprio bem e pelo bem público”.

Scaal lidera o novo Programa de Embaixador da Ciência, no qual pesquisadores serão recrutados e treinados para falar sobre suas especialidades. A ação começará em Pittsburgh, onde cientistas e engenheiros que se especializam em energia serão encorajados a trabalhar com agencias e organizações públicas.

“Estamos procurando pessoas que sejam especialistas em energia e que tenham um real interesse de ir além”, disse Schaal.

Separadamente, um grupo sem fins lucrativos de cinco anos, chamado Scientists and Engineers for America (‘Cientistas e Engenheiros dos Estados Unidos’, em tradução livre), ou SEA, oferece orientação e estímulo a pesquisadores que consideram concorrer a cargos públicos – de corpos docentes locais à Casa Branca e o Senado. Com mais cientistas envolvidos na agenda legislativa, sustenta o grupo, poderia haver melhores tomadas de decisão para temas como financiamentos para pesquisa, matemática e educação científica, e problemas nacionais de infraestrutura.

“Apenas se envolva, o país precisa da sua especialidade, seu pensamento analítico e sua abordagem para temas”, diz Vernon Ehlers, físico que foi ao Congresso em 1993, em um vídeo no site da SEA. “Se você consegue aprender física nuclear, pode aprender política”.

Em uma entrevista por telefone, Ehlers, republicano de Michigan que se aposentou este ano, disse acreditar que um tipo de “arrogância reversa” mantém os pesquisadores fora da vida pública.
“Existem professores que se esforçam para preencher seu formulário para a concessão de US$ 30 mil, ao mesmo tempo que há pessoas que nunca aceitariam, em seu grupo, tomar decisões de US$ 100 milhões na Fundação Nacional da Ciência ou no Ministério da Energia”, disse ele. Ele disse que foi uma “miopia” da comunidade científica e de engenharia de não apoiar “alguns de seus melhores e mais brilhantes quadros” para a vida pública.

Até este ano, Ehlers foi parte de um grupo de três físicos na Casa Branca, junto com Rush Holt, democrata e Nova Jersey, que foi eleito para o Congresso em 1998, e Bill Foster, democrata de Illinois, que ganhou seu lugar em 2008, mas perdeu este ano para um republicano apoiado pelo Tea Party.
Este ano, Ehlers e Foster formaram um comitê de ação política bipartidária, chamado Lista de Benjamin Franklin, cujo objetivo era oferecer a engenheiros e cientistas a credibilidade e o capital que precisavam para trabalhar.

“Cientista, político, patriota”, disse Foster sobre Franklin. “Está tudo na mensagem”.
A Lista de Benjamin Franklin era para ser baseada na Lista de Emily, grupo organizado em 1985 para adiantar a causa de mulheres candidatas que apoiavam os direitos do aborto. Porém, a Lista de Franklin não teria um teste de orientação ideológica.

É fato, no entanto, que o projeto está sofrendo com sua própria natureza: Foster, seu maior organizador, anunciou em maio que seria candidato ao Congresso novamente e por isso, teria de se ausentar da ação. “Não há jeito de eu gerir uma organização não-partidária ao mesmo tempo que estou concorrendo ao Congresso”, disse ele.

Foster, que já foi físico na Fermilab, disse temer que sua saída para fazer campanha pudesse ser um “golpe moral” para a Lista de Benjamin Franklin. Porém, Ehlers não a declararia como morta, mesmo que o projeto seja mais do que ele consiga dirigir sozinho, especialmente pelo fato de ele estar fora de Washington agora. Disse que esperava que outros abraçassem a ideia. “Estaria disposto a juntar esforços com eles”, disse ele. “Estou feliz em ajudar”.

Em geral, a esperança de um bipartidarismo técnico está parte na crença – disseminada entre pesquisadores – de que engenheiros americanos, enquanto grupo, tendem a ser republicanos e os cientistas acadêmicos tendem a ser democratas. E em teoria, conforme colocado por Foster, se pessoas em ambos os lados de uma ala podem concordar quanto a “fatos quantitativos” de um tema, diferenças de políticas não necessariamente têm de levar a um amargo conflito partidário.

Em outras ações, a Associação Americana para o Avanço da Ciência oferece parcerias que colocam novos pesquisadores pós-doutorados em escritórios do Congresso e agências federais. E o Programa de Liderança Aldo Leopold oferece treinamentos a pesquisadores ambientais de como se comunicar com o público e formadores de políticas. Um de seus fundadores foi Jane Lubchenco, cientista marinha que abandonou uma cargo de pesquisadora na Universidade Estadual de Oregon em 2008, para liderar a Administração Nacional dos Oceanos e da Atmosfera.

Às vezes, finanças são um problema. “É difícil traduzir em dinheiro algo como isto”, disse Brian D. Athey, professor de informática biomédica na Faculdade de Medicina da Universidade de Oregon e presidente do conselho da SEA. Ele também disse que a SEA não sabia quantos dos cientistas e engenheiros que frequentaram seus treinamentos se candidataram a – ou conquistaram – cargos públicos. “Precisamos de membros informados no Congresso, precisamos de prefeitos informados, precisamos de governadores que entendam a ciência e a engenharia”.

Há muitas esferas de ação para esses esforços, disse Foster, o qual citou “surpreendentes situações de ignorância técnica em ambos os lados do governo”. Ele se lembrou de um colega democrata (cujo nome ele não sabia), defendendo um maior uso de energia eólica “pois moinhos de vento conseguem bons votos” – o que não é, de acordo com Foster, uma base lúcida para a política energética. E havia também um republicano que defendia o desenvolvimento da tecnologia GPS como um exemplo de inovação sem restrições por parte do governo, aparentemente desconhecendo o fato de a tecnologia ser um produto de uma pesquisa patrocinada pelo governo.
Se essas várias ações terão sucesso, é uma pergunta aberta.

Daniel S. Greenberg, autor do livro ‘Science, Money and Politics’ (University of Chicago Press), de 2001, disse em uma entrevista acreditar que as chances de sucesso eram “razoavelmente baixas”, em parte por causa da crença disseminada que tal atividade é inapropriada para pesquisadores sérios ou corrompe sua objetividade. Ele apontou para a eleição presidencial de 1964, quando cientistas organizaram uma oposição ao candidato republicano Barry Goldwater. Goldwater foi derrotado, mas, segundo Greenberg, o esforço deixou muitos cientistas sentindo que “mancharam a ciência”.
Mesmo hoje, quando pesquisadores entram na arena política, “o coletivo da ciência joga isso contra o cientista de alguma forma”, disse Rush Holt em entrevista por telefone.

Alan I. Leshner, psicólogo que encabeça a Associação Americana para o Avanço da Ciência, concordou. Ele recorda que quando era um jovem cientista nos anos 1960, aprendeu que pessoas envolvidas em assuntos fora do laboratório “estavam desperdiçando tempo e resultados”. Ele diz que os jovens pesquisadores de hoje querem que seu trabalho seja “relevante, útil e utilizado”, mas “ainda incorporam essa mensagem de seus mentores”.

Alguns pesquisadores estão preocupados que, se deixarem o laboratório, mesmo que brevemente, nunca poderão retomar o caminho de suas carreiras técnicas.
Todavia, Foster disse que não teve uma diminuição de oportunidades de trabalho interessantes na ciência, depois de seus dois anos no Congresso e acrescentou que tais riscos são parte do serviço público.
“Se você for um executivo, seus negócios saem dos trilhos”, disse Foster.
“Se você for advogado, sua prática irá perder qualidade. Você está pedindo para pessoas fazerem um sacrifício, sem a menor dúvida”.
Em uma entrevista na semana passada, Foster comparou o que chamava de lógica política com a lógica científica, citando o debate acerca do teto da dívida.
“A lógica política é ‘do que posso me livrar dizendo que pessoas acreditarão’”, disse ele. “A lógica científica é ‘quais são as melhores estimativas para os números relevantes’”.
Quando ambas se chocam, disse ele ”a lógica política é avassaladora”.
Ainda assim, ele planeja fugir de sua campanha congressional esta semana para dirigir uma conferência na Universidade Brown, organizada pela Sociedade Física Americana, a maior organização americana de físicos. Ele elaborou o esboço de sua conversa quando estava trabalhando na Lista de Benjamin Franklin. Seu tópico: ser um cientista no Congresso. (Fonte: Portal iG)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Um Código Florestal mais iluminado


O senhor acredita que o Senado terá serenidade – e tempo – para agregar o vasto conhecimento científico disponível hoje no Brasil ao texto do novo Código Florestal, aprovado na Câmara sem que os deputados levassem em conta o que os cientistas tinham a dizer?

Quando fomos às duas audiências públicas no Senado, em nome do Grupo de Trabalho do Código Florestal, formado por representantes da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e Academia Brasileira de Ciências, os senadores demonstraram receptividade ao que tínhamos a dizer. Mostraram interesse em relação a uma abordagem mais científica em relação à reforma do Código Florestal.  Demonstração disso é que o Senado aprovou o requerimento para que a Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) da casa também participe da análise do tema nessa nova etapa. No entanto, tudo vai depender de quem será nomeado relator na comissão de Ciência e Tecnologia. Se os senadores quiserem registrar na historia seu compromisso com os valores republicanos e com o futuro, indicarão para relator na CCT alguém efetivamente isento de vieses, que possa compilar as contribuições científicas de forma independente e objetiva.

E qual foi o tratamento dado à academia na Câmara dos Deputados?

Fomos recebidos de modo civilizado tanto pela bancada ruralista quanto pela bancada ambientalista, que enalteceram a importância do papel dos cientistas no aperfeiçoamento do texto da reforma do Código Florestal. Fizemos um esforço imenso, produzimos uma publicação em que apontamos, ponto por ponto, as consequências das alterações propostas pelo relator Aldo Rebelo e fomos mais adiante, com considerações propositivas para um novo código florestal inteligente e eficiente, baseado nas mais novas e inovadoras tecnologias. Mas, na prática, essas recomendações foram solenemente ignoradas. Eu diria até que foram violadas, considerando o que se viu no relatório final que foi enviado ao plenário, e também na gravidade do que foi incluído na emenda da anistia a desmatadores aprovada.

Depois de passar pelo Senado e regressar à Câmara – considerando que as recomendações sejam agregadas –, o texto possivelmente mais equilibrado do novo Código Florestal não poderá sofrer cortes importantes e perder o caráter mais técnico que se espera que o Senado incorpore?

Vamos supor que o Senado irá melhorar o texto, aproveitando os aportes científicos para caminhar na direção da colaboração e sinergia, de atender os interesses de maiores parcelas da sociedade, sem ferir os direitos das minorias. Com isso, o espaço político para uma regressão do texto na Câmara deve ficar menor.  Foi o que aconteceu com a lei da Ficha Limpa quando tramitou no Congresso Nacional. Por mais que alguns parlamentares de ficha suja estivessem ameaçados em seus interesses, não aprovar a lei naquele momento seria suicídio politico. O que deve fazer a diferença neste caso (do Código Florestal) é uma demonstração inequívoca para a sociedade de que o dilema entre produção agrícola e conservação dos ecossistemas é falso. E isso já foi demostrado cientificamente. A melhora do texto no Senado pode e deve incorporar as evidências de que conservar a biodiversidade é investimento de alto retorno e não um custo como alguns querem fazer parecer que é. Será que a Câmara será contra o aumento sustentável da produção agrícola, lastreado na melhor ciência, e com garantias comerciais para o futuro?

Qual será a estratégia dos cientistas desta vez?

Creio que devemos ser otimistas e estarmos abertos ao diálogo. Acredito também que a comunidade científica tem uma responsabilidade importante no esclarecimento dos fundamentos cruciais que farão parte desse diálogo. Mais do que convencer os legisladores, visando à criação de joias legais – que podem terminar seus dias empoeiradas em prateleiras burocráticas –, parece essencial que estejamos todos esclarecidos. Uma lei boa é uma lei compreendida e respeitada. O trabalho de busca da consciência precisa ser feito tanto junto aos agricultores, quanto junto aos consumidores. E os parlamentares podem ter um papel importante aí, ajudando a sociedade a avançar. O que se vê hoje é que, apesar da mobilização em torno do tema, poucas pessoas compreendem em profundidade o que está em jogo. Mas os brasileiros, apesar de não desmerecerem a potência agrícola, têm, intuitivamente, manifestado sua clara opção contra medidas que possam pôr em risco as florestas brasileiras.

Durante o processo de discussão do Código Florestal, os cientistas foram criticados por demorarem a dar suas colaborações. A academia cochilou?

Reitero aqui o que temos dito: a pesquisa científica e tecnológica feita no Brasil é financiada essencialmente por recursos públicos. Portanto, a colaboração da ciência com os interesses da sociedade  é um imperativo ético. A história tem registrado que a SBCP e a ABC nunca se omitiram das questões relacionadas com a ciência. Entretanto, na gestacção das atuais alterações propostas para o Código Florestal, nem SBPC nem ABC, tampouco outras organizacões civis representativas da comunidade científica, foram convidadas para a mesa de discussões ou, o que teria sido melhor, foram instadas a fazer aportes científicos qualificados. Tentar entrar sem convite num debate essencialmente político e com fortes conotações ideológicas poderia ter sido interpretado como expressão de mais um grupo de interesse, comprometendo nisso a isenção e objetividade que convém a uma contribuicção da ciência para a política pública. Ciência e tecnologia não são uma panaceia para a solução de todos os problemas do país, mas certamente oferecem grande potencial para suportar a busca lógica de soluções inovadoras, inteligentes e apropriadas. Precisamente, para não se omitirem, a SBPC e a ABC tomaram a iniciativa conjunta de fazer um aporte científico qualificado e independente.

O senhor acredita que a academia tende a ficar mais atenta às demandas da sociedade e se posicionar de modo mais ágil daqui para frente?

Também reitero que a SBPC e a ABC são, por estatutos e regimentos, instituicões isentas de viés político-partidário. À comunidade cientifica compete desenvolver novos conhecimentos que possam ser úteis para a sociedade ou que possam inspirar e fazer evoluir a consciência humana. Em uma sociedade democrática madura, o saber potencializa o processo decisório, inspirando e instruindo os representantes do povo a encontrarem as melhores solucões na arte da política. O papel da SBPC e da ABC é mobilizar competências na sociedade que possam embasar cientificamente o diálogo para construção de um novo Código Florestal brasileiro, participando de agendas plurissetoriais, levantando informacões qualificadas que, se aproveitadas, trarão benefícios para toda a sociedade. Acrescento ainda que existem duas limitações para uma postura mais ágil das entidades representativas da ciência. Primeiro é a cultura mundial e já envelhecida de uma ciência reducionista, individualista e competitiva, que precisa evoluir para uma ciência holística e colaborativa. E a segunda é a ausência real de demandas colocadas pela sociedade para os cientistas, talvez pelo próprio desestímulo das portas fechadas. Como cientistas, temos que perder o medo de descer à rua e nos misturar, entendendo que sem a colaboração dos cidadãos, por meio de seus impostos, a ciência como tal não existiria. Pelo lado do cidadão, é importante popularizar um novo conceito de direito fundamental da pessoa humana: o direito ao saber!

Qual é a agenda das entidades representativas da ciência brasileira para outros temas como mudanças climáticas, perda de biodiversidade, desmatamento, degradação ambiental, lixo, contaminação dos recursos hídricos?

O engajamento dos cientistas no tema Código Florestal rendeu motivações importantes na comunidade cientifica, o que ficou evidente na última reunião anual da SBPC. Estamos falando de dezenas de milhares de professores e pesquisadores espalhados por universidades, institutos e centros de pesquisa. Com o amadurecimento do envolvimento da ciência em temas candentes, é de se esperar que todos esses tópicos se beneficiem de um engajamento mais ativo e responsável de cientistas individuais, e com isso, teremos reflexos nas agendas de nossas associações, por demandas de associados. Meu palpite é de que precisamos, antes de tudo, de humildade para contemplar a realidade em toda sua complexidade e nos colocarmos a serviço da sociedade, sem presunção. Depois, precisamos dedicar parte importante de nossa energia na simplificação inteligente do conhecimento cientifico, tornando-o assimilável e útil para o cidadão. Por fim, creio que podemos e devemos voltar a sonhar, refletir profundamente sobre os temas para  encontrarmos solucões para os problemas complexos que temos diante de nós.

Públicado na categoria Destaque

Ministros do Meio Ambiente pedem alterações profundas no projeto do Código Florestal

[25/08/2011 14:42]
 
Em audiência no Senado, ex-ministros do meio ambiente foram unânimes em afirmar que o projeto de alteração no Código Florestal, sob análise na Casa, é um retrocesso, e que, além de diminuir a proteção aos biomas brasileiros, traz mais insegurança jurídica.


Ex-ministros dividem mesa com senadores e fazem duras críticas ao projeto do Código Florestal 



A sintonia foi fina. Mesmo pertencendo a grupos políticos distintos, os quatro ex-ministros de Meio Ambiente que participaram, nesta quarta-feira, 24/8, de audiência pública no Senado, foram veementes ao alertar que o projeto do novo Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados, fará o país andar para trás na proteção a seus biomas. Segundo eles, o projeto tem como único objetivo legalizar ocupações hoje consideradas irregulares, sem se preocupar em trazer inovações que façam com que a legislação seja melhor aplicada daqui para frente.

Cheque em branco

Para o deputado Sarney Filho, ministro do governo Fernando Henrique Cardoso (1999-2002), “o texto aprovado espelha, acima de tudo, a decisão política de consolidar, de tornar regulares, variados tipos de ocupações ocorridas em desacordo com a lei florestal, notadamente nas áreas rurais.” E acrescentou: “Elege-se uma data mágica, 22 de julho de 2008, data da mais recente regulamentação da lei de crimes ambientais, e passa-se um verdadeiro cheque em branco para as ocupações anteriores a essa data possam ser legalizadas mediante programas de regularização extremamente vagos.”

Ele pontuou várias das incoerências do texto aprovado pela Câmara, o qual apenas simularia proteção. “Tem-se hoje em pauta no Senado um texto com sérias brechas para que as diferentes normas protetivas sejam descumpridas. Mantém-se em tese as áreas de preservação permanente, mas a largura das faixas protegidas ao longo dos corpos d’água deixam de ser mensuradas pelo nível mais alto das águas. Mantém-se em tese as APPs, mas se reduz a proteção dos mangues ao se diferenciarem os salgados e os apicuns. Mantém se em tese as APPs, mas no texto aprovado, especialmente em seu artigo 8º, na prática, se admite todo e qualquer tipo de atividade nesses locais, independentemente dos programas de regularização”. Ele foi enfático ao afirmar que o texto representa um grande retrocesso.

Atenua, mas não resolve

Para José Carlos Carvalho, também ministro no governo FHC (2002) e ex-secretário de Meio Ambiente de Minas Gerais na gestão do hoje senador Aécio Neves (PSDB/MG), o texto, além de diminuir a proteção a várias áreas ambientalmente importantes, continua com os mesmo vícios da legislação anterior. “Estaremos perdendo uma oportunidade histórica se insistirmos apenas em instrumentos de comando e controle”. Segundo ele, é o momento de se introduzir na lei os instrumentos econômicos necessários para apoiar o seu cumprimento. “É necessário criar os meios para que o agricultor familiar possa cumprir com a obrigação de recuperar e proteger. Atenuar a proteção das florestas, que foi o caminho escolhido pelo projeto, apenas vai diminuir o tamanho do problema, mas não vai resolvê-lo. Mesmo que ele tenha que recuperar apenas 15 metros, como vai fazer isso sem apoio financeiro? Se o projeto for aprovado dessa forma, daqui a 20 anos vamos ter que voltar a discutir o assunto e pedir uma nova anistia”. Para Carvalho, o texto “é mandatório, quando trata de comando e controle, e meramente declaratório, quando trata de uma questão essencial que são os incentivos econômicos, financeiros, fiscais e creditícios para que o agricultor possa fazer aquilo que a lei exige que ele faça.”

O ex-ministro lembrou que todas as vezes que o Parlamento foi chamado a se pronunciar para decidir sobre o patrimônio florestal brasileiro, decidiu de maneira afirmativa pela sua proteção. Respondendo a uma questão feita pela Senadora Ana Amélia (PP/RS), disse ser necessário desmitificar essa história de que a legislação florestal foi sendo modificada por decretos e resoluções elaboradas por grandes ONGs internacionais. “Todas as grandes modificações na legislação foram votadas por esse Congresso, sejam em 1965, em 1986 ou 1989. A única modificação feita sem o aval dessa casa foi por meio de uma MP, a qual está há 10 anos esperando análise por parte dos parlamentares”. Segundo ele, o texto está cheio de incongruências, o que aumentará a insegurança jurídica dos produtores rurais, contrariando, portanto, um dos apelos da bancada ruralista. “É possível ler, no mesmo texto, dispositivo que manda recompor (florestas e áreas de proteção) e dispositivo que desobriga recompor.”

O senador Eduardo Braga (PMDB-AM), que participou do debate como presidente da Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), admitiu que o texto foi construído de forma a permitir a anistia a quem cometeu desmatamento no país. “É um projeto que olha apenas para o retrovisor”.

O ex-ministro Carlos Minc (2008-2010), atual secretário estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro, também reforçou a tese de que o texto favorece desmatamento. “A possibilidade de aumento da produção agrícola, que é o sustentáculo da balança comercial, sem a necessidade de desmatar, é um fato consensual. No entanto, o texto em discussão na Casa não reflete esse consenso e abre caminho para desmatar em encostas de morros e até em reservas legais.” Ele citou o exemplo do art.38, que permite que um proprietário que desmate sua reserva legal possa compensá-la em outro Estado, onde o valor da terra é mais barato, e ainda usando metade da área com espécies exóticas, que tem algum valor econômico, mas nenhum para a biodiversidade. “Essa regra é um incentivo ao desmatamento, e não poderia valer para novas ilegalidades”.

O Brasil de olho no Senado

A ex-ministra (2003-2008) e ex-senadora Marina Silva destacou a expectativa do país diante do tratamento que os senadores vão dar ao assunto. “Neste momento, os olhos do Brasil estão voltados para o Senado brasileiro. Cerca de 80% dos brasileiros, segundo a pesquisa Datafolha, são contra a aprovação desse relatório nos termos em que foi aprovado na Câmara.”

Para Marina, o Senado tem a possibilidade de fazer o “realinhamento” entre representantes e representados, já que 80% dos deputados votaram a favor do projeto rejeitado pela maioria dos cidadãos. “Há um descompasso entre a vontade da sociedade e aquilo que os deputados votaram. Somos eleitos para representar e não para substituir as pessoas. Queremos que nossos representantes não nos substituam e busquem pelo menos mediar os diferentes interesses para que tenhamos um texto à altura das florestas brasileiras e da agricultura brasileira.”

Ela lembrou que a presidente Dilma Rousseff, no segundo turno da eleição presidencial, respondeu por escrito que vetaria qualquer proposta que significasse aumento no desmatamento e anistia a desmatadores.

Emenda 164 é veneno dissolvido no texto

Para Marina, seria um equívoco o Senado entender que basta modificar o artigo 8º, introduzido pela emenda 164, para resolver o problema. “Seria uma vitória de Pirro. A emenda 164 é um veneno que foi dissolvido em todo o projeto”. O artigo 8º desobriga a recuperação de todas ocupações irregulares feitas em áreas de proteção permanente (APPs) até 2008 e abre margem para que novas ocupações agropecuárias sejam legalizadas, o que acaba, na prática, retirando a proteção a beiras de rio, encostas e topos de morro. Saiba mais.

Segundo a ex-senadora, a demanda da bancada ruralista por modificação na legislação reflete a resistência que muitos setores da sociedade têm em respeitar limites impostos pelo bem comum. “O problema nosso é que temos uma cultura na qual não gostamos de senões”.

Fonte de recursos para financiar a recuperação?

O senador Rodrigo Rollemberg (PSB/DF), presidente da Comissão de Meio Ambiente, fez aos palestrantes uma ótima provocação. Relatou que está sendo discutida no âmbito do Governo Federal a renovação das concessões para exploração de hidrelétricas antigas, as quais vencem em 2015. Como os custos de implantação dessa usinas já foram amortizados, na renovação desses contratos é possível se praticar tarifas muito menores do que as atuais. Segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) - veja aqui - , é possível economizar, apenas para esse conjunto de hidrelétricas, algo em torno de 980 bilhões de reais nos próximos 30 anos em tarifa de luz. Segundo o senador, poderíamos aproveitar pelo menos parte dessa folga financeira (R$ 30 bi/ano) para financiar a recuperação florestal no país, já que o desmatamento ilegal, ao induzir a erosão, é um fator que acelera a diminuição da vida útil dos grandes reservatórios. Os palestrantes responderam positivamente.

Voto na CCJ dia 31

O senador e também relator Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), disse que apresentará seu voto na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), na reunião da próxima quarta-feira (31). Prevendo que haverá pedido de vista coletiva, Luiz Henrique avalia que o relatório poderá ser votado na reunião seguinte, no dia 6 de setembro. Se ocorrer nessa data, no entanto, a votação antecederá a audiência pública com juristas, que se realizará no dia 13/9, e que debaterá justamente os problemas jurídicos do projeto. Nessa audiência estarão presentes o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Antonio Dias Toffoli, e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Antonio Hermann Benjamin.
Após votação na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o texto segue para exame das comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e de Agricultura e Reforma Agrária (CRA), onde Luiz Henrique também é relator, e na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle (CMA), onde será relatado pelo senador Jorge Viana (PT-AC).

Para Jorge Viana, o clima no Senado para as discussões do texto está bem diferente do que prevaleceu na Câmara. “Lá, o clima ficou contaminado pelo enfrentamento entre as posições, parecendo que se votava uma lei para decidir o interesse de um lado ou de outro, quando é uma lei que põe em jogo o interesse nacional, e não de segmentos. No Senado o clima está mais tranquilo e, se permanecer assim, é possível que a gente vote o projeto até o começo de novembro”, disse ele, em entrevista ao ISA. Após a votação, o projeto voltará à Câmara, que analisará as mudanças feitas pelos senadores.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Na Amazônia e no código, a ciência quer ser ouvida

22 de Agosto de 2011

Washington Novaes

Ao mesmo tempo que o Senado retomava nesta semana as discussões sobre propostas de mudanças no Código Florestal, a presidente da República baixava medida provisória que altera (para reduzi-los) os limites de três parques nacionais na Amazônia, de modo a permitir que se executem neles obras das Hidrelétricas de Tabajara, Santo Antônio e Jirau. Outros dois parques deverão seguir o mesmo caminho, para permitir o licenciamento de mais quatro usinas (no complexo Tapajós).

Reabrem-se, por esses caminhos, polêmicas e temores de que a nova legislação e o novo Código Florestal estimulem o aumento do desmatamento, como parece já estar ocorrendo. Segundo o Imazon, entre agosto de 2010 e julho de 2011 a área desmatada no bioma amazônico subiu para 6.274 quilômetros quadrados. E a progressão do desmate, segundo o Ibama de Sinop (MT), está sendo estimulada "pela expectativa de anistia aos desmatadores" no código. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o número de áreas de soja em novos desmatamentos em Mato Grosso, Rondônia e no Pará quase dobrou (de 76 para 147 áreas) em relação a 2010.

Dizem muitos defensores das alterações no Código Florestal que as mudanças são indispensáveis para a expansão do agronegócio. É uma visão contestada por cientistas, que apontam, só em Mato Grosso, 8 milhões de hectares de pastos degradados (Estado, 20/7). É a opinião também do respeitado biólogo norte-americano Thomas Lovejoy, lembrando que na Amazônia a média é de uma cabeça de gado por hectare ocupado, muitas vezes inferior à de outros lugares, mesmo no Brasil, e pode ser melhorada, sem novos cortes. E "a Amazônia é a galinha dos ovos de ouro do agronegócio brasileiro", diz ele (Folha de S.Paulo, 16/8). O desmatamento maior permitido pelas alterações no código, afirma, "pode ser um tiro no pé dos ruralistas", se chegar a 20% da floresta (está em 18%), e talvez atinja um "ponto de inflexão" em que o aumento da temperatura pode estender-se até a outras áreas no Sul-Sudeste, com muitos problemas para a agropecuária.

As preocupações com a relação entre desmatamento, mudanças climáticas e "desastres naturais" estão presentes em muitos estudos científicos recentes. O Inpe é uma das instituições preocupadas - e também com um crescimento de 100% nas tempestades e catástrofes "naturais" nos próximos 60 anos no Sudeste, e mais ainda nas regiões litorâneas; três vezes mais até 2070 (Estado, 9/8). Já na Amazônia, especificamente, estudo conjunto do Inpe e do Escritório Meteorológico Hadley Centre (Grã-Bretanha) prevê forte aumento da temperatura e queda significativa na precipitação fluvial. Isso poderá significar substituição da floresta por outros tipos de vegetação.

Pois é exatamente neste momento, de tantas advertências científicas, que vem mais um alerta da Amazônia: as instituições científicas não estão sendo ouvidas na questão do Código Florestal. Nem em outras, como a da espantosa decisão de reverter uma decisão judicial e retomar o projeto de construção de um porto diante do invejável Encontro das Águas, em Manaus, onde os Rios Solimões e Negro se encontram e correm separados por quilômetros - as águas barrentas de um ao lado das águas mais escuras do outro -, fenômeno que atrai gente do País e do mundo todo.

O perigo parecia afastado quando uma decisão judicial embargou, em julho de 2010, a pedido do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o licenciamento do porto. Mas há poucos dias outra decisão, da Justiça Federal em Manaus, alegando que não houve audiências públicas antes de ser pedida a suspensão do licenciamento ambiental, revogou o embargo. E o governo do Estado do Amazonas, favorável à instalação do porto, imediatamente concedeu a licença para o projeto. Diz o Iphan que vai recorrer da decisão, também contestada pelo Ministério da Cultura - e que vem na mesma direção do "facilitário do desenvolvimento econômico" presente no desmatamento.

E - é preciso reiterar - tudo se faz esquecendo a visão da ciência. Como em outro ângulo: um grupo do Museu da Amazônia e do Instituto de Pesquisas da Amazônia está dizendo, num paper, que existe "uma grande variedade de áreas úmidas" no País, como "áreas alagadas ao longo de grandes rios, com diferente qualidade de águas (pretas, claras, brancas), baixios ao longo de igarapés de terras firme, áreas alagáveis nos grandes interflúvios (campos, campinas e campinaranas alagáveis, campos úmidos, veredas, campos de murunduns, brejos, florestas paludosas), assim como áreas úmidas de estuário (mangues, banhados e lagoas costeiras". Cada um desses tipos, diz o estudo, deve receber "tratamento específico em forma de artigo específico no Código Florestal, que deve conter flexibilidade suficiente para absorver os avanços do conhecimento científico".

Mas isso não está ocorrendo, com prejuízos para a sociedade e o meio ambiente, já que as áreas úmidas "proporcionam benefícios e serviços ambientais importantes". Como, por exemplo, estocagem de água, limpeza de água, recarga do lençol freático, regulação do clima local, manutenção da biodiversidade, regulação de ciclos biogeoquímicos, inclusive estocagem de carbono, hábitat e subsídios para populações humanas tradicionais (pesca, agricultura de subsistência, produtos madeireiros e não madeireiros e, em áreas abertas savânicas, pecuária extensiva).

Esse papel das áreas úmidas, afirma o texto, "vai aumentar ainda, considerando os impactos das mudanças climáticas previstas". Só na bacia amazônica são 30% da área; no Pantanal, 160 mil quilômetros quadrados. Ao todo, incluindo outras áreas, 20% do território brasileiro. Por tudo isso, os usos potenciais dessas áreas "deverão ter reconhecimento específico, dentro do Código Florestal e em outras instâncias federais".


É a voz da ciência. É preciso ouvi-la nesta nova discussão no Congresso. E no Encontro das Águas.

Washington Novaes é jornalista. Email: wlrnovaes@uol.com.br.


O Estado de S. Paulo

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Energia eólica já é mais barata que térmica a gás no Brasil

AGNALDO BRITO
Folha de Sao Paulo

O custo da energia eólica no Brasil, uma das principais fontes renováveis do mundo, já é menor do que o da energia elétrica obtida em termelétricas a gás natural. 

O governo classificou essa situação como o novo paradigma do setor elétrico brasileiro. Em alguns casos, a energia eólica também tem custo inferior ao das usinas movidas a biomassa de cana.
Esse foi o principal resultado dos dois leilões realizados pelo governo entre quarta e ontem, em São Paulo.

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) organizou leilões para garantir a oferta de energia às distribuidoras a partir de 2014. Foram contratados 1.929 MW em nova capacidade, que terá de ser montada em três anos.

Hoje, dos 110 mil MW de potência instalada no Brasil, 5.700 MW são provenientes de energia eólica.
Os preços dessa energia surpreenderam. Os valores por MWh (megawatts/hora) oscilaram entre R$ 99,54 e R$ 99,57 (a térmica a gás, em geral, está acima de R$ 120). Em leilões anteriores, o preço da eólica estava acima de R$ 130 o MWh. Há pouco mais de dois anos, o valor passava de R$ 200 por megawatt-hora.

AEROGERADORES
 
A situação do setor começou a virar neste ano. Só com a contratação de ontem, o Brasil viabilizou a montagem de mil aerogeradores.Segundo Maurício Tolmasquim, presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), existem hoje quatro empresas produzindo aerogeradores no Brasil.
"Nos certificamos se essa demanda contratada nos dois leilões poderia ser atendida pela indústria local. E a resposta é que há capacidade para atender", diz.As quatro fábricas têm capacidade anual para montar 2,8 mil MW em aerogeradores, ou 1.400 unidades.Além dessas fábricas, o governo informou que outras quatro empresas discutem com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a instalação de unidades industriais. O consumidor será beneficiado com essa redução de preço, mas o efeito ainda será residual na conta de luz.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

TORRE SOLAR


O Rio de Janeiro é como uma mulher bonita. Há sempre muito espaço para torná-la mais linda ainda e tudo lhe cai muito bem. 

Vejam só que maravilha: uma empresa suíça elaborou um projeto lindíssimo e ousado que vai acrescentar mais belezas à Cidade do Rio de Janeiro, em comemoração às Olimpíadas de 2016. Tudo isso vai ser iluminado com luz solar, gerando uma movimentação d'água como se fosse uma cachoeira. Será edificada na entrada da Baia da Guanabara e será mais um ponto turístico do mesmo nível do Cristo Redentor e do Pão de Açúcar.

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Trata-se de  uma estrutura vertical, localizada na ilha de Cotonduba, na entrada da Baia da Guanabara,  que, além de ter a função de torre de observação, se torne num símbolo de boas-vindas para quem chegar ao Rio de Janeiro por via aérea ou marítima, uma vez que esta será a cidade anfitriã dos Jogos Olímpicos de 2016.

Projectada pelo escritorio RAFAA, com sede em Zurique, na Suíça, e denominada «Solar City Tower», esta estrutura foi escolhida como a resposta adequada à proposta inicial e tem a potencialidade de gerar energia suficiente não só para a aldeia olímpica, como para parte da cidade do Rio.

A sua concepção permite-lhe aproveitar a energia solar diurna através de painés localizados ao nível do solo, ao mesmo tempo que a energia excessiva produzida é canalizada para bombear água do mar pelo interior da torre, produzindo um efeito de queda de água no exterior. Esta água é simultaneamente reaproveitada através de turbinas com o objectivo de produzir energia durante o período noturno.

Estas características permitem atribuir o epíteto de torre sustentável a este projeto, dando continuidade a alguns dos pressupostos do «United Nation´s Earth Summit» de 1992, que ocorreu igualmente no Rio de Janeiro, contribuíndo para fomentar junto dos habitantes da cidade a utilização dos recursos naturais para a produção de energia.

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A Solar City Tower engloba ainda outras funcionalidades. Anfiteatro, auditório, cafeteria e lojas são acessíveis no piso térreo, a partir do qual se sobe pelo elevador público que conduzirá os visitantes a vários observatórios, assim como a uma plataforma retráctil para a prática de bungee jumping.

No topo da torre é possível apreciar toda a paisagem que circunda a ilha onde estará implementada, bem como a queda de água gerada pelo sistema que integra a Solar City Tower, tornando-a num ponto de referência dos Jogos Olímpicos de 2016 e da cidade do Rio de Janeiro.

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enviado por Grasiela Rodrigues

País corta verba de parques a um ano de cúpula ambiental

 JC e-mail 4322, de 15 de Agosto de 2011

Orçamento de 2011 do Instituto Chico Mendes caiu 30% enquanto país se prepara para sediar encontro Rio +20. Em investimento, áreas de conservação vão ter dinheiro equivalente a um quarto das obras de um estádio para a Copa.
Enquanto aumenta a pressão sobre as áreas protegidas do País com novas obras de infraestrutura, o governo federal corta verbas para a conservação da biodiversidade. O ICMBio (Instituto Chico Mendes), que gerencia os parques nacionais, teve seu orçamento de 2011 tesourado em 30%. De R$ 557,8 milhões previstos para 2011, o ICMBio só foi autorizado a gastar R$ 388,7 milhões. Em 2010 foram gastos R$ 461 milhões.

 Uma das vítimas foi o projeto Parques da Copa, que revitalizaria unidades de conservação perto das cidades-sede da Copa-2014 para turbinar o turismo ecológico.

Considerando só os chamados investimentos (compra de equipamentos e reparo de instalações, por exemplo), o Brasil tem, neste ano, R$ 155 milhões de verba federal para aplicar em 310 unidades de conservação (uns 10% do território nacional).

 É um quarto do valor de um único estádio da Copa, o de Brasília, e um péssimo cartão de visitas para o país que sediará no ano que vem a conferência sobre desenvolvimento sustentável Rio +20. "O que a gente gasta, considerando a área, é uma gozação", diz o presidente do ICMBio, Rômulo Mello. São R$ 2 por hectare. Quando a folha de pagamento é incluída, o valor é R$ 5, ainda assim uma ordem de grandeza mais baixo que o aplicado na Costa Rica ou no México.

 Isso para não falar dos EUA. O NPS (National Park Service), órgão equivalente ao ICMBio, teve neste ano US$ 3 bilhões de verbas federais, ou R$ 145 por hectare protegido. "E a gente ainda reclama", brinca David Barna, porta-voz do NPS. 

A falta de verba federal obriga o ICMBio e os diretores dos parques brasileiros a serem criativos. Na Amazônia, 64 unidades recebem doações internacionais pelo programa Arpa. "No ano passado, 70% da minha verba veio do Arpa", diz o diretor do parque dos Campos Amazônicos, Renato Dumont.

 Um grupo seleto de 12 unidades consegue arrecadar boa parte do seu orçamento cobrando ingressos. No parque da Tijuca, que abriga o Cristo Redentor, foram R$ 13 milhões em 2010. O parque nacional de Brasília, segunda unidade mais rica do país, levantou R$ 1,1 milhão. "O problema é que a nossa demanda aqui é cinco ou seis vezes maior que a verba", diz Amauri Motta, diretor do parque de Brasília.

 O economista Carlos Eduardo Young, da UFRJ, vê a situação como uma oportunidade perdida. Ele e colegas estimam que, em visitação, as unidades de conservação poderiam gerar R$ 1,8 bilhão por ano. Só com ICMS ecológico, parcela do imposto que alguns estados destinam a municípios com unidades de conservação, foram repassados em 2009 R$ 402 milhões. No mesmo ano, o ICMBio gastou R$ 322 milhões.

(Folha de São Paulo)


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Como se fôssemos rãs em água fervente


02 de julho de 2010 
Washington Novaes - O Estado de S.Paulo

É mais do que oportuna a divulgação (Estado, 15/6) de estudo de várias instituições respeitadas (Inpe, Unicamp, Unesp, USP e Fapesp) segundo o qual a temperatura média na Região Metropolitana de São Paulo subirá entre 2 e 3 graus Celsius neste século. E com isso dobrará o número de dias com chuvas intensas (hoje, de duas a cinco por ano). O estudo dramatiza a necessidade de ações concretas nas zonas urbanas, para impedir, além dos deslizamentos de morros e encostas, a formação de ilhas de calor, que atraem os "eventos extremos". Questão aguda, quando o próprio estudo enfatiza que, se a expansão urbana continuar como hoje, em 2030 a mancha ocupada será o dobro da atual e 11% das ocupações humanas estarão em áreas com risco de deslizamento e mais de 20% em áreas sujeitas a enchentes e inundações.
Tudo isso reforça mais uma vez a necessidade de mudanças radicais em nossas políticas de mitigação (redução de emissões de gases poluentes) e de adaptação a mudanças climáticas. E estas, muito urgentes, exigem mudanças de padrões de construção urbana e rodoviários (pontes, viadutos, aterros, etc.); obrigatoriedade de manter nas zonas urbanas áreas permeáveis, que permitam a infiltração de água e reduzam inundações; leis para obrigar a retenção de água em cada imóvel, com a possibilidade de utilizá-la em descargas sanitárias e outros usos; proibição efetiva de ocupação de áreas de risco (30% da população paulistana, 2,7 milhões de pessoas, vive em cortiços, habitações precárias e comunidades ilegais, todos vulneráveis aos eventos climáticos); e muitas coisas mais.
Também é decisivo no momento em que as chuvas intensas em Alagoas e Pernambuco destroem cidades inteiras, rompem barragens, produzem dezenas de mortes, centenas de desaparecidos, mais de 150 mil desabrigados. Só neste ano, informou este jornal (24/6), 1.635 municípios (quase 30% do total) relataram "situação crítica causada por chuva ou seca". E no momento em que, dizem relatórios oficiais, menos de cem municípios têm alguma instituição capaz de cuidar da defesa civil.
Já perdemos muito tempo. Como está registrado por climatologistas da USP há muitos anos no Atlas do Verde e do Meio Ambiente (editado pela respectiva secretaria na capital paulista), a diferença de temperatura entre as áreas paulistanas que mais conservam a vegetação (Serra do Mar, Cantareira) e as áreas de ocupação industrial e trânsito mais intensos (como a Mooca) pode chegar a 6 graus. E estas "ilhas de calor" geradas pelo asfalto, por fábricas e edifícios atraem chuvas intensas. A consequência é que chove menos nas áreas de mananciais e reservatórios, onde a água seria benéfica, e chove mais nas áreas onde ela é problemática para o trânsito e provoca inundações. Mas há também uma consequência na distribuição temporal das chuvas: cai mais água de segunda a sexta-feira nas áreas de alta ocupação ? quando ela é mais problemática ? e menos nos fins de semana, quando o trânsito se reduz.
Mas as nossas políticas e nossas cidades terão também de chegar a alguma formulação em relação ao transporte urbano e às suas consequências para a saúde humana e o clima. Não dá para aceitar passivamente que a frota de veículos no País cresça 38% de 2000 para cá e chegue a 27,8 milhões, quando no mesmo período a população aumentou 12,7%. Da mesma forma, a frota de motocicletas, que cresceu no mesmo período 243% e chegou a 8,55 milhões. Que se espera que aconteça em matéria de trânsito, emissões e poluição? A má qualidade do ar urbano (Correio Braziliense, 27/10/2008) custa R$ 1 bilhão por ano na saúde. Só em 41 dias do ano a qualidade do ar foi adequada na Região Metropolitana de São Paulo (Estado, 6/3/2009). Seis em dez paulistas vivem em cidades saturadas por ozônio (18/8/2009). Nada menos que 3,5 mil pessoas morrem a cada ano no País por causa da má qualidade do ar (Envolverde, 23/4/2009). Na capital paulista são 20 por dia.
É certo que o Conselho Nacional do Meio Ambiente tornou obrigatória a inspeção anual de veículos e que o Estado de São Paulo está pondo em vigor uma política de mudanças climáticas, que visa a reduzir as emissões de gases poluentes em 20% (calculadas sobre as de 2005) até 2020. Também é certo que empresas começam a se empenhar em reduzir emissões e a promover um registro público voluntário das suas. Afinal, o Brasil já é o quarto maior emissor do planeta.
Mas é preciso muito mais, diante da gravidade da situação planetária em matéria de clima, como têm demonstrado tantos estudos e eventos recentes (mais de 2,5 milhões de desalojados na China). E ainda há poucos dias a Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, depois de rever 1.322 estudos de cientistas que se dizem céticos quanto à influência de ações humanas no agravamento de mudanças climáticas, afirmou que as credenciais desses "céticos" são insuficientes para negar conclusões em contrário, do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas e outras instituições e outros cientistas. Precisamos de um esforço dramático ? que não está ocorrendo ?, diz o ex-secretário da Convenção do Clima Yvo De Boer. Porque o risco, diz ele, é de nos comportarmos como a rã que está na água e não percebe que ela se aquece; quando perceber, pode ser tarde. De Boer disse, entre muitas coisas, que a China não poderá continuar crescendo 8% ou 10% ao ano para estender o atual modelo a toda a sua população, porque as emissões serão insuportáveis. Da mesma forma, acentuou, como fazer se 5,4 bilhões de pessoas no mundo que vivem hoje com menos de US$ 10 (R$ 18) por dia querem ampliar seu consumo ? o que exigirá mais emissões nos formatos atuais?
"Teremos de aprender a viver consumindo menos recursos, para que todas as pessoas possam viver", alertou, no recente Fórum Global da Mídia, o diretor da Organização Meteorológica Mundial, Mannava Sivakumar. Não há como contestar.
JORNALISTA. E-MAIL: WLRNOVAES@UOL.COM.BR

Amazônia é a galinha dos ovos de ouro do agronegócio brasileiro



ENTREVISTA THOMAS LOVEJOY

 
MATA É IMPORTANTE PARA MANTER CHUVAS QUE ABASTECEM LAVOURAS DO CENTRO-OESTE; AUTORIZAR MAIS DESMATE COM NOVA LEI É TIRO NO PÉ, AFIRMA PESQUISADOR
Paula Giolito/Folhapress

ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O agronegócio sairia ganhando se visse a Amazônia como "galinha dos ovos de ouro". Se a floresta morre, as chuvas na região secam, e o lucro evapora junto. É o que pensa o biólogo americano Thomas Lovejoy, 69, pioneiro nas pesquisas sobre a região amazônica.
Quando visitou a floresta pela primeira vez, em 1965, ele era um jovem biólogo à procura "da maior aventura possível". Pai de gêmeas cariocas, de férias no país, defendeu que o cuidado com a Amazônia seja parcelado entre várias nações.

Folha - O sr. afirma que a devastação na Amazônia pode chegar a um limite, a partir do qual o sumiço da floresta seria um caminho sem volta. Estamos perto?

Thomas Lovejoy -
O Banco Mundial pôs US$ 1 milhão num estudo que projeta pela primeira vez os efeitos de mudança do clima, queimada e desmatamento juntos. Os resultados sugerem que poderia haver um ponto de inflexão em 20% de desmatamento [da floresta original]. Estamos bem perto, 18%.
Isso significa que áreas do sul e sudeste da mata vão começar a secar e se transformar em cerrado. É como jogar uma roleta de "dieback" [colapso] na Amazônia.

Folha - Com o desmatamento subindo de novo, qual é o prazo para esses 20%?
 
Thomas Lovejoy - Não fiz cálculos, mas não tomaria muito tempo. Pode ser cinco anos, se continuar assim. Claro que [a devastação] traz implicações para os padrões de chuva, incluindo as áreas agroindustriais de Mato Grosso e mais ao sul, até o norte da Argentina.
O ex-governador [Eduardo] Braga [AM] costumava dizer ao ex-governador [Blairo] Maggi [MT]: "Sua soja depende da chuva no meu Estado".

Folha - Quais as consequências para a agricultura?
 
Thomas Lovejoy - Agricultura e economia teriam menos chuvas. E elas dependem da chuva. Talvez não em São Paulo, mas mais ao oeste, com a água passando pelas hidrelétricas, em projetos como Belo Monte.

Folha - O sr. estuda a Amazônia há mais de quatro décadas. Quais previsões deram certo e quais passaram longe?
 
Thomas Lovejoy - Meu primeiro artigo sobre a Amazônia, escrito em 1972, chamava-se "Transamazônica: estrada para a extinção?". Não acho que alguém tinha a capacidade de imaginar a soma de desmatamento que ocorreu. Lembro quando as primeiras imagens de satélite saíram, nos anos 1980. Todos ficaram surpresos.
Também houve boas surpresas. Uma é a força da ciência brasileira aplicada na Amazônia. A outra é a consciência pública, que em geral é bastante alta no Brasil. E também a extensão das áreas protegidas, incluindo as demarcações de fronteiras indígenas. Tudo isso junto protege 50% da Amazônia, o que é impressionante.

Folha - Do jeito que está, o novo Código Florestal pode impedir o crescimento na produção de alimentos?
 
Thomas Lovejoy - Não acho que precisemos enfraquecer o [atual] Código Florestal para aumentar a produção agrícola no Brasil.
No caso do gado, o uso médio da terra na Amazônia é de uma cabeça por hectare. Essa é a média mais baixa em qualquer lugar do mundo.
É uma questão de organizar a imensa capacidade da Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária], um dos centros líderes de agricultura no mundo.

Folha - Comparado com os EUA, o Brasil tem legislação ambiental rígida. Lá, sequer estão na mesa criar coisas como a reserva legal. Pode soar paternalista dizer o que deve ser feito por aqui?
 
Thomas Lovejoy - Só estou tentando pensar no que faz sentido para o Brasil, não necessariamente no que faz sentido o Brasil fazer para o resto do mundo. O atual Código Florestal é um dos mais visionários do planeta.
Nos EUA, temos de pagar o preço de não ter tido essa visão há muito tempo. E também não temos florestas tropicais, mais sensíveis.
Economia e ecologia têm a mesma raiz grega: "oikos", que remete a "casa". Não existe ser no planeta que não afete seu ambiente sem consumo e produzir desperdício. A questão da sustentabilidade está nos detalhes de quanto e como se faz isso.

Folha - Qual a sua avaliação do governo Dilma no debate?
 
Thomas Lovejoy - Até agora, parece muito prático, sério. Como ela vai responder a qualquer que seja o Código Florestal será, claro, um grande teste. Mas ter deixado claro que o governo Dilma não aprovaria a anistia [aos desmatadores] é um sinal bem positivo.
O que é perigoso, na lei, é a ideia de dar o poder de demarcar as reservas legais aos Estados. Se você vai administrar a Amazônia como sistema, precisa ser consistente.

Folha - O sr. conhece a senadora Kátia Abreu, uma das vozes da bancada ruralista?
 
Thomas Lovejoy - Não conheço, mas diria a ela: "Você precisa tomar cuidado para não matar a galinha dos ovos de ouro". E o ovo de ouro é a chuva.

Folha - O caos nas finanças globais tira os holofotes da questão ambiental?
 
Thomas Lovejoy - Geralmente, quando há forte recessão econômica, muitas das coisas que causam problemas ambientais se enfraquecem. Alguns dos motores do desmatamento, como os preços da soja e da carne, enfraquecem quando a demanda é menor.

Folha - O Brasil é capaz de cuidar sozinho da Amazônia?
 
Thomas Lovejoy - O BNDES tem de ser cuidadoso com os projetos de infraestrutura, pois há todos os outros países [amazônicos]. O Brasil não deveria segurar a responsabilidade sozinho. A Amazônia é um elemento-chave no funcionamento do mundo. É do interesse de outros países ajudar o Brasil.

Folha - Já chamaram o sr. até de espião da CIA. Há paranoia sobre um complô internacional para 'roubar' a Amazônia?
 
Thomas Lovejoy - Isso não tem fundamento. A pior forma de biopirataria é destruir a floresta.

Folha - Parte da comunidade científica minimiza o papel do homem no aquecimento global. O que o sr. acha?
 
Thomas Lovejoy - Não há quase nenhum cientista com credibilidade que acredite nisso. Nos últimos 10 mil anos, a história climática do planeta foi bem estável. Agora, nós o estamos mudando. Está claro que 2 ºC a mais é muito para a Terra.

sábado, 13 de agosto de 2011

Amortecedor do futuro transforma tranco de buraco em eletricidade

Folha de Sao Paulo


Um equipamento promete mudar o mercado de carros elétricos. Pesquisadores desenvolveram um amortecedor "coletor de energia" que, quando instalado no sistema de suspensão de um veículo, pode absorver a energia dos obstáculos do solo e transformá-la em eletricidade.

Desenhado por Leo Zuo, professor de engenharia mecânica da Universidade Estadual de Nova York, em parceria com os estudantes de pós-graduação Xiudong Tang e Zachary Brindak, o novo amortecedor ganhou o cobiçado R & D 100 Award, conhecido como o "Oscar da invenção".
  
Amortecedores instalados em picape média
Amortecedores instalados em picape média

Zuo e sua equipe desenvolveram e patentearam dois tipos de amortecedores: linear e rotacional. O linear é composto por um pequeno tubo com intensidade magnética de alto fluxo que desliza no interior de um tubo de bobina maior. O amortecedor de rotação usa um mecanismo de movimento compacto, que amplia e energia coletada.

Os solavancos e vibrações normais de condução fazem os tubos produzirem uma tensão elétrica. Os amortecedores podem gerar de 100 a 400 watts de energia em condições normais de condução quando instalado em um automóvel de passageiros de médio porte viajando a 100 km/h.

Em estradas particularmente difíceis, podem ser gerados até 1.600 watts. Para veículos maiores, como caminhões, vagões ferroviários e carros "off-road", a energia gerada pode chegar de 1 a 10 quilowatts, dependendo das condições da estrada.

De acordo com os pesquisadores, a eletricidade obtida pode ser usada para carregar a bateria de um veículo elétrico veículo ou mesmo a de um carro convencional, reduzindo a carga do alternador.
Nos carros convencionais, há uma redução no consumo de combustível com um aumento de 4% na eficiência do veículo. Em veículos híbridos, o desempenho melhora em 8%.

Os novos amortecedores também oferecem um passeio suave devido ao amortecimento da suspensão ajustável e o controle de vibrações. Segundo Zuo, o equipamento ainda não está disponível para venda no mercado. Para acelerar a comercialização, a equipe recebeu uma doação do " SUNY Technology Accelerator Fund".

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Preço REAL de um Hambúrguer: 100 Dolares!!



BBC BUSINESS NEWS
14 Junho 2011

Um destacado ambientalista e escritor (do livro Consuptionomics) afirmou que o valor da maior parte dos recursos globais é “totalmente sub-precificado” e, se os custos econômicos e ambientais da produção de carne fossem levados em conta no preço dos alimentos, um hambúrguer valeria cerca de "cem dólares" .

Falando à BBC Business Daily, Chandran Nair disse a Lesley Curwen que o atual modelo asiático para o crescimento econômico está quebrado e é insustentável. Se o desenvolvimento econômico na Ásia deve prosseguir no seu ritmo acelerado, "medidas draconianas são absolutamente necessárias" para combater a deterioração do meio ambiente.

Transcrição da entrevista abaixo.

Chandran Nair:tamanha discussão sobre a mudança do poder econômico do oeste para o leste e grande parte da narrativa é uma narrativa ocidental. E eu argumento que uma espécie de subserviência intelectual da parte de muitos políticos e economistas asiáticos resultou em uma negação da evidência científica de que 5 bilhões de asiáticos em 2050 não poderão viver como vive o americano médio hoje.

Lesley Curwen: Por que não?

Chandran Nair: Simplesmente porque não há o suficiente para o globo. Deixe-me dar um exemplo. Hoje a China já é o maior mercado mundial de automóveis e nível de propriedade por é cerca de 150 carros por mil pessoas. Nos países da OCDE, os níveis são cerca de 800-750 por grupo de mil pessoas, dependendo da fonte consultada. O nível de posse na Índia hoje está em cerca de 50; Os indianos ainda não começaram a dirigir. E as estimativas são de que apenas somando China e Índia, haverá cerca de 1,5 bilhão de carros, o que será três vezes a atual frota mundial de carros.

Lesley
Curwen: Em que ano chegaria a esse nível?

Chandran
Nair: Nos próximos 30 anos. Então, isso simplesmente não é possível, por uma variedade de razões, incluindo precisamente a natureza da capacidade das cidades para acomodar estes quantidade de carros; mas o mais importante é que existem algumas estimativas que vai demorar o envio de petróleo da Arábia Saudita inteira apenas para propelir carros na China e Índia se eles alcançarem estes níveis de propriedade. E eu posso seguir falando sobre a carne e tudo mais.

Lesley
Curwen: Então, e a carne?

Chandran Nair: Bem, o consumo de carne é particularmente interessante, dada a preocupação sobre como a produção de carne é ineficiente em termos de conversão de grãos para carne e da intensidade de uso da água. Mas, novamente, aqui está uma estatística interessante. Os americanos consomem hoje algo como 9 bilhões de aves por ano. A Ásia, com uma população cerca de 10 vezes maior consome hoje cerca de 16 bilhões de aves. Se o consumo asiático de carne aumentar no ritmo da previsão, os asiáticos em 2050 vão consumir algo como 200 bilhões de aves. Isso de novo não vai ser possível porque na jornada a esses níveis de consumo, veremos uma enorme quantidade de colapsos em termos de sistemas ecológicos, nos quais estamos muito dependentes.

Lesley
Curwen: Você está falando aqui, não está, sobre as aspirações das pessoas de fazerem melhor para seus filhos do que eles próprios fizeram. É um impulso humano tão básico. Não é incontrolável?

Chandran
Nair: Você poderia argumentar que é incontrolável e, em seguida, todos nós poderíamos encerrar a conversa de que as mudanças climáticas tornam o mundo um lugar melhor. Se nós não damos a mínima, porque dizemos que a natureza humana é completamente egoísta e incontrolável, então esperemos pelo melhor. Mas esperança não é um plano.

Lesley
Curwen: Se as políticas vão restringir o crescimento econômico na Ásia em particular, então como você consegue que os governos adotem essas [politicas]? Porque com certeza nas democracias as pessoas não vão votar por isso. Seria provável que um país como a China adotasse voluntariamente tais politicas, já que até agora o que temos visto do governo chinês é "tenhamos mais crescimento"?

Chandran Nair: Eu acho que precisamos ir além dessa noção muito simplista sobre o que é crescimento econômico. Acho que o que todos nós estamos interessados ​​é em desenvolvimento. Defendo no livro que na verdade está no interesse dos governos na Ásia começar a resolver esse problema imediatamente. Uma mudança de rumo irá proporcionar-lhes uma melhor oportunidade para elevar a maioria.

Lesley Curwen: Você está dizendo realmente que deve haver limites impostos ao número de pessoas que podem possuir carros nas economias asiáticas, o número de pessoas que podem comer carne, seriam tais medidas aplicáveis?

Chandran Nair: Medidas draconianas são absolutamente necessárias. Nós temos medidas draconianas em muitos aspectos de nossas vidas hoje. Quero dizer que temos medidas draconianas, que não permitem que você e eu –e eu não fumo - fumemos dentro de casa. Alguns governos podem decidir que haveriam restrições à posse carro, o que alguns governos já fazem. Essas intervenções podem ser muito diretas, mas elas podem também vir através de meios fiscais e tributação, etc.

O atual modelo econômico é baseado em uma coisa muito importante que é a subvalorização dos recursos. A maioria dos recursos globais foram completamente sub-precificados e o capitalismo extremo prosperou sorvendo estes recursos. Se você começar precificar as coisas corretamente, então é claro que a carne vai ser comida, mas as pessoas vão pagar um preço adequado por ela.

Eu argumentaria, como alguns economistas que começaram a olhar para esta questão têm sugerido, que o preço de um hambúrguer que eu acho, e eu não como hambúrgueres, varia de 3 a 4 dólares; que o preço real se você tiver computado o custo econômico real das externalidades, seria algo como US$ 100. Então claramente o primeiro passo em tudo isso é precificar externalidades corretamente.

Lesley Curwen: Se você restringir o crescimento no local com o mais rápido crescimento da economia global, o que isso significa para todos nós no final?

Chandran Nair: Esta é realmente a questão crítica, a narrativa fabricada em torno das questões de limites de recursos, das alterações climáticas, etc, sugeriria que de alguma forma os mercados livres, a tecnologia e as finanças irão resolver estes problemas.

Uma das coisas que me provocaram a escrever o livro foi, e acho que isso vai direto ao coração da questão. Quando a crise financeira estourou, você vai se lembrar que a insistência da maioria das economias ocidentais e governos foi pedir aos asiáticos para consumir. Ao mesmo tempo, estávamos sendo informados que a mudança climática é provavelmente o maior desafio que a humanidade enfrenta. Qualquer pessoa inteligente sabe que você não pode reconciliar o pedido a bilhões de asiáticos para que consumam mais, como os americanos e, ao mesmo tempo lidar com as mudanças climáticas.

Entrevista com o autor do Livro 
Consumptionomics: Asia's Role in Reshaping Capitalism and Saving the Planet. by Chandran Nair [encontrável no Amazon.com]

Sobre Chandran Nair