Veja- No relatório, o senhor diz: “Uma situação extraordinária requer medidas extraordinárias. Sempre é tempo de rever leis para adequá-las às demandas da realidade e da sociedade. Somente multar desmatadores, que mais adiante serão anistiados pela burocracia ou pelo Congresso, é receita de fracasso.” Quais mudanças o senhor proporia à legislação para um melhor combate ao desmatamento? Pelo relatório, pode-se deduzir que o fim à anistia de desmatadores. Há algo mais?
Proporia
os mesmos avanços e aperfeiçoamentos que a SBPC e a Academia Brasileira
de Ciencia propuseram em 2011 durante as discussoes do Codigo Florestal
no Congresso (veja o livro publicado aqui). Sim,
muito mais mudanças. Para começar a lei florestal precisa ser
incontroversa, facil de entender e aplicar, e, fundamentada na melhor
ciencia. Uma lei sabia, que conte com fundamentos logicos accessiveis e
que seja ao mesmo tempo justa para todos, e responsavel com o futuro,
ainda precisa ser construida no Brasil. A oportunidade que tivemos 3
anos atras foi perdida em um jogo de interesses mesquinhos e falta de
visao.
Veja- O governo brasileiro diz ter atrasado os números sobre o desmatamento da floresta porque vai começar a usar um sistema de satélite capaz de captar imagens em terrenos de até 6 hectares – antes eram 25. Dados da ong Imazon, no entanto, mostram que o desmatamento cresceu na região. Esse aumento, apesar da tendência clara de diminuição do desmatamento nas últimas décadas, é preocupante? Com novas tecnologias de monitoramento, como imagens de satélite mais precisas, e conscientização da população, como o senhor sugere no relatório, há como se estimar quando conseguiríamos chegar do “desmatamento zero”?
O
aumento é consequencia obvia e prevista da ampla e imoral anistia
concedida para desmatadores pelo novo Codigo Florestal. Como frisei no
relatorio, o desmatamento anual é grave e precisa ser zerado para ontem
-nao mais procrastinar em relacao a isso é obrigaçao de todos, porque o
clima está em jogo-. A continuar a tendencia de crescimento nestes
ultimos anos, mto breve estaremos de volta batendo records de destruiçao
anual. Mas temos em nosso colo um problema ainda mais grave: precisamos
reconsiderar o passivo do desmatamento, a enorme area que foi raspada
na Amazonia nos ultimos 40 anos. Sao 3 Estados de Sao Paulo, ou 184
milhoes de campos de futebol, quase um por brasileiro. É essa massiva
destruiçao na grande usina de serviços ambientais Amazonica que sente o
clima. E isso sem considerar area ainda maior de florestas degradadas,
cujo papel para o clima tambem fica muito comprometido.
Veja- Na Cúpula do Clima de Nova York, que aconteceu em setembro, o governo brasileiro deixou de assinar um acordo mundial de desmatamento zero. Entre os motivos apresentados por representantes oficiais, está o fato de o Brasil não ter sido chamado para a elaboração do documento (apesar de a ONU afirmar que procurou o governo, mas não recebeu nenhuma resposta), e também a postura brasileira de distinguir o desmatamento legal do ilegal. O que o senhor acha sobre isso? Na sua opinião, o Brasil deveria ter assinado o acordo? O senhor acha que a distinção entre o desmatamento legal e ilegal pode prejudicar ainda mais a Floresta Amazônica?