domingo, 12 de agosto de 2012

Análise: Agora, tudo tem de dar muito certo para ficar apenas ruim

Nota do Blog: A materia abaixo é uma resposta da "realidade" para a maldade criminosa dos ceticos do clima, e atinge de forma especial o ruralismo, que tem se comportado como se a Natureza pudesse ser comprada, depois de ter sido impiedosamente abusada por 500 anos no Brasil (e no mundo herdeiro do expansionismo colonial europeu).  Hoje temos uma safra recorde aqui e perdas recorde nos USA. Mas se alguem tem alguma duvida de que o quadro pode se inverter ou mesmo ficar ruim para todos, podem se descabelar. Segundo a analise cientifica da realidade climatica, e segundo as previsoes mais benignas, as oscilações climaticas que estão quebrando safras em toda parte somente tendem a piorar. Quando estiver tudo mto ruim mesmo, chamem os ceticos do clima e os lideres ruralistas, Aldo Rebelo incluso, para nos salvar...


12/08/2012 - 06h00
MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA
 
Daqui para a frente, tudo tem de dar muito certo para ficar apenas ruim. Isso mesmo! Se a produção global de grãos não tiver um clima perfeito a partir de agora, o que resultaria numa "safra cheia", como dizem no setor, a oferta de alimentos será um caos.

Seca severa afeta 90% das plantações de milho nos EUA
 
Após uma quebra de safra nos EUA no ano passado, outra na América do Sul no começo deste ano e mais uma agora nos EUA, qualquer clima ruim na nova safra da América do Sul, que começará a ser semeada, provocará brutal redução nos estoques mundiais de alimentos.

Voltarão à tona as discussões sobre crise alimentar e eventuais políticas de segurança alimentar a serem adotadas por países dependentes da importação de grãos.

Os números são impressionantes. Apenas nesse período mencionado (nas safras do ano passado e deste), os EUA deixaram de colher 132 milhões de toneladas de milho. Algumas regiões da América do Sul, como o Sul do Brasil, também tiveram fortes perdas.

A redução na oferta de soja foi de 38 milhões de toneladas, quando comparadas as estimativas iniciais com a safra colhida nos Estados Unidos e na América do Sul.

O relatório de oferta e demanda mundiais divulgado anteontem pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aponta o cenário ruim do momento, registrando queda de 102 milhões de toneladas na produção de milho do país, comparando a meta inicial da safra com a produção efetiva que os norte-americanos terão.

O Usda tenta minimizar os efeitos da redução de safra provocada pela seca refazendo os números de consumo. No caso do milho, por exemplo, a estimativa de consumo total dos EUA para a safra 2012/13 --o número inclui as exportações-- é de apenas 285 milhões de toneladas. É um número irreal, uma vez que as exigências do mercado norte-americano já superam 320 milhões de toneladas por ano. Só a produção de etanol consumiu 127 milhões de toneladas no ano passado. O Usda prevê uso menor de milho na produção desse combustível neste ano, mas essa queda tem um limite. O país tem um patamar de produção de etanol fixado por lei. Para que os estoques mundiais sejam refeitos, o Usda aposta em safras maiores de milho e de soja no Brasil e na Argentina. Esses países ganhariam também fatia maior nas exportações mundiais. Os dados da semana passada do governo norte-americano apontaram que o Brasil exportará o recorde de 14 milhões de toneladas de milho e 38 milhões de toneladas de soja. Preços internacionais elevados e dólar mais favorável permitem essas exportações. O problema é a logística para a saída desses produtos. A escassez de grãos força a alta nos preços. Isso é bom para toda a cadeia agrícola, que passa a ter margem maior na comercialização. Na outra ponta, no entanto, estão as indústrias processadoras de alimentos, que pagam mais pela matéria-prima e vão repassar os aumentos de custos para os consumidores.

Os dados de inflação divulgados na semana passada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indicam que o consumidor paulistano está pagando 2% mais pelos óleos de soja e de milho nos últimos 30 dias. Esse deve ser apenas o início dos reajustes, uma vez que a alta de preços no campo demora várias semanas para chegar ao varejo. Nos últimos 30 dias, a inflação média teve elevação de 0,16% em São Paulo, aponta a Fipe.