Agricultura de várzea não justifica redução de matas ciliaresAntonio Donato Nobre, Ricardo R. Rodrigues |
Valor Econômico - 24/08/2012 |
No país dos superlativos, o gigantismo do nosso sistema hidrológico
também entra no rol de maior do mundo: são mais de 9 milhões de
quilômetros de rios. Enfileirados dariam 220 voltas na Terra, ou
cobririam 22 vezes a distância à Lua. Da estabilidade, vigor e saúde
desses rios dependem o suprimento das cidades, a segurança hidrológica,
a geração de eletricidade, a irrigação na agricultura e a
sobrevivência de preciosa biodiversidade. As bacias hidrográficas
adequadamente florestadas, como ainda vemos em parte da Amazônia, mantém
rios ricos e saudáveis. No contraponto, as terras agrícolas degradadas
e os efluentes urbanos e industriais tem péssimas consequências.
A destruição indiscriminada dos ecossistemas resulta sempre em elevados prejuízos. Com a degradação das terras, das águas, do clima e da biodiversidade surgem múltiplos impactos na saúde e também consequências econômicas, nem sempre devidamente reconhecidas ou contabilizadas. A complacência com a destruição é herança da mentalidade colonial europeia e da revolução industrial, dois aríetes históricos que deixaram um rastro de destruição mundo afora. Mas a consciência sobre a necessidade de preservação das florestas não é recente nem é um luxo urbano. Em 1537 o governador desta colônia portuguesa, Duarte Coelho, determinou: "E assim mando que todo povo se sirva e logre dos ditos matos,..., tirando fazer roça que não farão,... e... árvores maiores... não cortarão sem minha licença..., porque tais árvores são para outras coisas de maior substância..., e assim resguardarão todas as madeiras e matos que estão ao redor dos ribeiros e fontes." Em meados do século XIX, D. Pedro II, premido pela degradação da água que abastecia o Rio de Janeiro, desapropriou fazendas no maciço da Tijuca e mandou reflorestar a mata Atlântica. Hoje, como no tempo do descobrimento, fluem cristalinas as águas alí. Como resposta a séculos de abuso, o primeiro código florestal de 1934 já veio tarde. O desrespeito generalizado ao "resguardo das madeiras e matos ao redor de ribeiros e fontes" comprometeu águas por toda parte. E para azar dos rios, o despejo crescente de esgotos e todo tipo de contaminantes somou-se à centenária erosão das terras desnudas. O código florestal evoluiu no interesse do bem comum, peitando a arraigada mentalidade desmatadora, oferecendo assim um mínimo de proteção para as florestas, e com elas para as águas e para os rios. Apesar disso, para muitos a lei era regra de papel, e as florestas continuaram a tombar. Acumulou-se extenso passivo de ilegalidade nas propriedades, situação colocada em evidencia pelo eficiente cerco de fiscalização e punição dos anos recentes. A reação no setor rural foi curiosa: se a obediência é inescapável, então desconstrua-se a lei. Suportados por uma azeitada máquina política no Congresso e investindo pesado em retórica, lideranças deste setor vem tentando justificar o afrouxamento na lei.
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Coletânea de artigos selecionados por sua veracidade e importância para as questões ambientais no Brasil e no Mundo.
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
Código florestal: águas ameaçadas
O PODER DO SILÊNCIO
Índios não tem medo do Silêncio
Nós os índios, conhecemos o silêncio, não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
gentilmente encaminhado por Grasiela Rodrigues
Nós os índios, conhecemos o silêncio, não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.
Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles nos transmitiram esse conhecimento.
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes; observa os anciões
para ver como se comportam;
observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás. Quando tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos e pretos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola, em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes e chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir, nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei, mas talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo, mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveriam pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas, muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.
( De Filosofia nativa )
"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.
Esta é a maneira correta de viver.
Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes; observa os anciões
para ver como se comportam;
observa o homem branco para ver o que querem.
Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás. Quando tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.
Com vocês, brancos e pretos, é o contrário. Vocês aprendem falando.
Dão prêmios às crianças que falam mais na escola, em suas festas, todos tratam de falar.
No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes e chamam isso de "resolver um problema".
Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos. Precisam preencher o espaço com sons.
Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.
Vocês gostam de discutir, nem sequer permitem que o outro termine uma frase.
Sempre interrompem.
Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido.
Se começas a falar, eu não vou te interromper.
Te escutarei, mas talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo, mas não vou interromper-te.
Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.
Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.
Terás dito o que preciso saber.
Não há mais nada a dizer.
Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.
Deveriam pensar nas suas palavras como se fossem sementes.
Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.
Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.
Existem muitas vozes além das nossas, muitas vozes.
Só vamos escutá-las em silêncio.
( De Filosofia nativa )
gentilmente encaminhado por Grasiela Rodrigues
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Biocombustíveis num planeta ameaçado: o instável protagonismo brasileiro
06.08.2010 14:59
Enquanto o mundo desenvolvido move-se a passos de tartaruga,
resistindo e empurrando para o futuro distante as necessárias mudanças
em seus portfólios de emissões, o Brasil tem um trunfo significativo: é o
primeiro e único Pais do mundo que terá mais de 50% de sua frota de
veículos queimando combustíveis renováveis já no inicio do novo período
do acordo climático (a partir 2012 quando termina Kyoto). Sabemos que
este protagonismo verde não surgiu de preocupações climáticas, não
obstante ele nos coloca agora em posição menos desconfortável. Sorte do
acaso ou motivo para ufanismo? Os motores flex são certamente uma
solução criativa e barata que permitiu a consolidação do etanol como
combustível viável apesar da natureza oscilante da sua produção em
safras. E a indisputável eficiência na produção Brasileira de etanol de
cana soma-se como argumento tentador para nos vermos seguros no pódio
dos vencedores. Mas será que este ciclo vai durar e consolidar o Brasil
como uma Arábia Saudita verde dos combustíveis renováveis?
Analisemos o prodígio da bioenergia brasileira sob a luz fria da
grave realidade climática. O primeiro problema é uma aritmética de
volumes e áreas que não fecha. Enquanto for somente a frota brasileira,
parece que teremos terra suficiente para continuar queimando etanol e
biodiesel sem ameaçar a Amazônia nem o cultivo de alimentos. Mas para
catapultar os biocombustíveis no combate às emissões em escala mundial
(que é a única escala que conta quando se fala de mitigar as mudanças
climáticas) seria necessária a substituição do petróleo, uma
possibilidade que demandaria mais terra para cultivo do que existem
solos aráveis em toda a Terra. Por conta desta constatação muitas vozes
se levantaram contra os biocombustíveis. Entretanto, as criticas se
concentram na produção e olvidam as tecnologias na ponta do consumo. Os
motores de combustão interna a pistão foram inventados há mais de 100
anos, permanecendo inalterados em sua concepção geral. Apesar dos
numerosos componentes sofisticados num motor moderno, a eficiência na
conversão ainda é abissal: mais de 80% da energia liberada na combustão
termina obscenamente dissipada como calor na atmosfera. Compare-se essa
eficiência com a de um veiculo elétrico: mais de 90% da energia
acumulada nas baterias transforma-se silenciosamente em energia cinética
de movimento.
Apesar da dominância no mundo dos “beberrões”, dezenas de protótipos alternativos de motores eficientes e mais simples foram demonstrados ao longo dos anos (motores cerâmicos sem arrefecimento, motores radiais com pistões rotativos, motores de 6 tempos com injeção alternada de água, turbinas, etc.). Além destes, surgiram mais recentemente sistemas híbridos que combinam a tração elétrica (com baterias) a um gerador com pequeno motor a combustão que permite grandes autonomias (um protótipo do Mini roda 1500 km com um tanque de gasolina). Isso sem falar na solução maior em termos de eficiência: células de combustível que possam extrair o hidrogênio diretamente do etanol (ou gasolina), sem qualquer combustão, e produzir eletricidade para alimentar motores elétricos. O pano de fundo é que se toda a energia química contida no biocombustível fosse eficientemente aproveitada isso equivaleria a reduzir a área requerida de cultivo para um quarto ou menos da área hoje necessária. Já sabemos que os biocombustíveis somente poderão ser considerados seriamente na arena climática quando seu cultivo não ameaçar os biomas e seus serviços ambientais, também vitais para o clima, nem a produção de alimentos. Novos motores e soluções eficientes são, portanto, partes inseparáveis da equação dos bicombustíveis no contexto das mudanças climáticas. Percebendo esta inevitabilidade climática, parece que não existe uma montadora grande no mundo que não esteja ofegante na corrida para a construção dos novos veículos híbridos ou elétricos puros que possam salvar o clima e também seus próprios negócios. O que será dos biocombustíveis neste contexto instável e de rápida transformação tecnológica? Se permanecermos apegados as tecnologias velhas pode ocorrer o mesmo que passou com o disco de vinil e a fita de videocassete depois do CD e do DVD. Como na ficção que se torna realidade, quem se importará com o etanol se tiver um carro movido a energia nuclear parado na garagem?
Outra tecnologia velha que tem seus dias contados é a produção de etanol apenas da sacarose, sem aproveitar os carboidratos abundantes presos em cadeias maiores como na celulose do bagaço e da palhada. E este tópico é motivo para outra corrida tecnológica em curso no mundo, com centenas de grupos nas melhores universidades, institutos de pesquisa e laboratórios privados buscando desenvolver patentes sobre a quebra enzimática da celulose. Um cofre (celulose) pode ser aberto de duas formas, com explosivos (digestão ácida) ou com o segredo (quebra enzimática, aquilo que todos os organismos herbívoros, xilófagos e decompositores sabem fazer com maestria e incrível eficiência). Enquanto lá fora já registram muitas patentes na segunda modalidade, no Brasil engatinha-se. Será que o líder tecnológico na produção de etanol de cana se verá em poucos anos reduzido a condição de pagador de royalties? E quando a celulose dos resíduos agrícolas locais gerarem biocombustíveis a preços competitivos, como continuar no páreo mundial considerando os custos de transporte?
A mensagem aqui, portanto, é clara: o etanol produzido a partir de açúcares da cana (uma tecnologia que em essência não mudou muito desde as capitanias hereditárias) para motores a pistão (cuja tecnologia tampouco mudou muito desde o século 19) tem um espaço precioso como auxiliar na transição energética do mundo. Mas numa época de brutal quebra de paradigmas não devemos esperar que esse etanol de hoje torne-se o salvador do clima nem da lavoura amanhã. O Brasil mostrou ser o melhor neste negócio, com as aperfeiçoadas e sofisticadas tecnologias de ontem. Estará preparado para ser também um vencedor nos próximos negócios que virão, quando o terremoto climático em curso acelerar a produção em série de descobertas e implementações tecnológicas revolucionárias?
Para evitar que o bonde da historia nos pegue de calças curtas na condição de obsolescência e inadequação para um novo mercado ultra verde que vem por aí, manda a boa providencia que nos antecipemos. Pelo lado de quem produz, o etanol de celulose é só o começo. Métodos novos de conversão química ou bioquímica da biomassa devem levar a combustíveis de maior densidade energética. Quanto mais litros por hectare e mais energia por litro tanto menor a área plantada, menor o impacto nos biomas, maior o efeito benéfico para o clima e por conseqüência mais populares se tornarão os biocombustíveis. Pelo lado da aplicação, produzir motores de combustão interna mais eficientes, mais simples e mais baratos que os atuais é o mínimo ético para começar, dada as muitas soluções tecnológicas existentes, todas completamente ao alcance das montadoras que tiverem juízo. Mas o pulo do gato será qualificar tecnologicamente os biocombustíveis para se tornarem alternativas viáveis, seguras e vantajosas às baterias nas diversas variantes de veículos elétricos ou mesmo contribuírem como fonte de energia complementar nos novos veículos híbridos. Se soubermos inovar, e enquanto não chegarem os carros da famíliaJetson movidos a flúons, o futuro dos biocombustíveis tem tudo para ser brilhante.
Artigo por Antonio Donato Nobre (antonio.nobre@inpe.br) na Revista Opiniões, out-dez 2009 (www.revista.opinioes.com.br), numero especial sobre o etanol, a bioeletricidade e a mitigação das mudanças climáticas.
Apesar da dominância no mundo dos “beberrões”, dezenas de protótipos alternativos de motores eficientes e mais simples foram demonstrados ao longo dos anos (motores cerâmicos sem arrefecimento, motores radiais com pistões rotativos, motores de 6 tempos com injeção alternada de água, turbinas, etc.). Além destes, surgiram mais recentemente sistemas híbridos que combinam a tração elétrica (com baterias) a um gerador com pequeno motor a combustão que permite grandes autonomias (um protótipo do Mini roda 1500 km com um tanque de gasolina). Isso sem falar na solução maior em termos de eficiência: células de combustível que possam extrair o hidrogênio diretamente do etanol (ou gasolina), sem qualquer combustão, e produzir eletricidade para alimentar motores elétricos. O pano de fundo é que se toda a energia química contida no biocombustível fosse eficientemente aproveitada isso equivaleria a reduzir a área requerida de cultivo para um quarto ou menos da área hoje necessária. Já sabemos que os biocombustíveis somente poderão ser considerados seriamente na arena climática quando seu cultivo não ameaçar os biomas e seus serviços ambientais, também vitais para o clima, nem a produção de alimentos. Novos motores e soluções eficientes são, portanto, partes inseparáveis da equação dos bicombustíveis no contexto das mudanças climáticas. Percebendo esta inevitabilidade climática, parece que não existe uma montadora grande no mundo que não esteja ofegante na corrida para a construção dos novos veículos híbridos ou elétricos puros que possam salvar o clima e também seus próprios negócios. O que será dos biocombustíveis neste contexto instável e de rápida transformação tecnológica? Se permanecermos apegados as tecnologias velhas pode ocorrer o mesmo que passou com o disco de vinil e a fita de videocassete depois do CD e do DVD. Como na ficção que se torna realidade, quem se importará com o etanol se tiver um carro movido a energia nuclear parado na garagem?
Outra tecnologia velha que tem seus dias contados é a produção de etanol apenas da sacarose, sem aproveitar os carboidratos abundantes presos em cadeias maiores como na celulose do bagaço e da palhada. E este tópico é motivo para outra corrida tecnológica em curso no mundo, com centenas de grupos nas melhores universidades, institutos de pesquisa e laboratórios privados buscando desenvolver patentes sobre a quebra enzimática da celulose. Um cofre (celulose) pode ser aberto de duas formas, com explosivos (digestão ácida) ou com o segredo (quebra enzimática, aquilo que todos os organismos herbívoros, xilófagos e decompositores sabem fazer com maestria e incrível eficiência). Enquanto lá fora já registram muitas patentes na segunda modalidade, no Brasil engatinha-se. Será que o líder tecnológico na produção de etanol de cana se verá em poucos anos reduzido a condição de pagador de royalties? E quando a celulose dos resíduos agrícolas locais gerarem biocombustíveis a preços competitivos, como continuar no páreo mundial considerando os custos de transporte?
A mensagem aqui, portanto, é clara: o etanol produzido a partir de açúcares da cana (uma tecnologia que em essência não mudou muito desde as capitanias hereditárias) para motores a pistão (cuja tecnologia tampouco mudou muito desde o século 19) tem um espaço precioso como auxiliar na transição energética do mundo. Mas numa época de brutal quebra de paradigmas não devemos esperar que esse etanol de hoje torne-se o salvador do clima nem da lavoura amanhã. O Brasil mostrou ser o melhor neste negócio, com as aperfeiçoadas e sofisticadas tecnologias de ontem. Estará preparado para ser também um vencedor nos próximos negócios que virão, quando o terremoto climático em curso acelerar a produção em série de descobertas e implementações tecnológicas revolucionárias?
Para evitar que o bonde da historia nos pegue de calças curtas na condição de obsolescência e inadequação para um novo mercado ultra verde que vem por aí, manda a boa providencia que nos antecipemos. Pelo lado de quem produz, o etanol de celulose é só o começo. Métodos novos de conversão química ou bioquímica da biomassa devem levar a combustíveis de maior densidade energética. Quanto mais litros por hectare e mais energia por litro tanto menor a área plantada, menor o impacto nos biomas, maior o efeito benéfico para o clima e por conseqüência mais populares se tornarão os biocombustíveis. Pelo lado da aplicação, produzir motores de combustão interna mais eficientes, mais simples e mais baratos que os atuais é o mínimo ético para começar, dada as muitas soluções tecnológicas existentes, todas completamente ao alcance das montadoras que tiverem juízo. Mas o pulo do gato será qualificar tecnologicamente os biocombustíveis para se tornarem alternativas viáveis, seguras e vantajosas às baterias nas diversas variantes de veículos elétricos ou mesmo contribuírem como fonte de energia complementar nos novos veículos híbridos. Se soubermos inovar, e enquanto não chegarem os carros da famíliaJetson movidos a flúons, o futuro dos biocombustíveis tem tudo para ser brilhante.
Artigo por Antonio Donato Nobre (antonio.nobre@inpe.br) na Revista Opiniões, out-dez 2009 (www.revista.opinioes.com.br), numero especial sobre o etanol, a bioeletricidade e a mitigação das mudanças climáticas.
quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Contentamento
“Contentamento é um dos maiores
poderes espirituais. Com contentamento fico livre
de estar sempre precisando ou querendo algo. Fico
livre da insatisfação. Quando estou contente
internamente, o que acontece fora já não me abala
mais. Fico mais estável diante dos dramas da vida.
Quando tenho esse poder posso ajudar os outros a
passarem facilmente pelos desafios da vida. Hoje
vou praticar o contentamento e dizer para mim
mesmo: Eu já tenho tudo que preciso! Eu sou
pleno!”
Brahma Kumaris
gentilmente encaminhado por M.Paulette ao grupo yougue
domingo, 12 de agosto de 2012
Análise: Agora, tudo tem de dar muito certo para ficar apenas ruim
Nota do Blog: A materia abaixo é uma resposta da "realidade" para a maldade criminosa dos ceticos do clima, e atinge de forma especial o ruralismo, que tem se comportado como se a Natureza pudesse ser comprada, depois de ter sido impiedosamente abusada por 500 anos no Brasil (e no mundo herdeiro do expansionismo colonial europeu). Hoje temos uma safra recorde aqui e perdas recorde nos USA. Mas se alguem tem alguma duvida de que o quadro pode se inverter ou mesmo ficar ruim para todos, podem se descabelar. Segundo a analise cientifica da realidade climatica, e segundo as previsoes mais benignas, as oscilações climaticas que estão quebrando safras em toda parte somente tendem a piorar. Quando estiver tudo mto ruim mesmo, chamem os ceticos do clima e os lideres ruralistas, Aldo Rebelo incluso, para nos salvar...
12/08/2012 - 06h00
Seca severa afeta 90% das plantações de milho nos EUA
Após uma quebra de safra nos EUA no ano passado, outra na América do Sul no começo deste ano e mais uma agora nos EUA, qualquer clima ruim na nova safra da América do Sul, que começará a ser semeada, provocará brutal redução nos estoques mundiais de alimentos.
Voltarão à tona as discussões sobre crise alimentar e eventuais políticas de segurança alimentar a serem adotadas por países dependentes da importação de grãos.
Os números são impressionantes. Apenas nesse período mencionado (nas safras do ano passado e deste), os EUA deixaram de colher 132 milhões de toneladas de milho. Algumas regiões da América do Sul, como o Sul do Brasil, também tiveram fortes perdas.
A redução na oferta de soja foi de 38 milhões de toneladas, quando comparadas as estimativas iniciais com a safra colhida nos Estados Unidos e na América do Sul.
O relatório de oferta e demanda mundiais divulgado anteontem pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aponta o cenário ruim do momento, registrando queda de 102 milhões de toneladas na produção de milho do país, comparando a meta inicial da safra com a produção efetiva que os norte-americanos terão.
O Usda tenta minimizar os efeitos da redução de safra provocada pela seca refazendo os números de consumo. No caso do milho, por exemplo, a estimativa de consumo total dos EUA para a safra 2012/13 --o número inclui as exportações-- é de apenas 285 milhões de toneladas. É um número irreal, uma vez que as exigências do mercado norte-americano já superam 320 milhões de toneladas por ano. Só a produção de etanol consumiu 127 milhões de toneladas no ano passado. O Usda prevê uso menor de milho na produção desse combustível neste ano, mas essa queda tem um limite. O país tem um patamar de produção de etanol fixado por lei. Para que os estoques mundiais sejam refeitos, o Usda aposta em safras maiores de milho e de soja no Brasil e na Argentina. Esses países ganhariam também fatia maior nas exportações mundiais. Os dados da semana passada do governo norte-americano apontaram que o Brasil exportará o recorde de 14 milhões de toneladas de milho e 38 milhões de toneladas de soja. Preços internacionais elevados e dólar mais favorável permitem essas exportações. O problema é a logística para a saída desses produtos. A escassez de grãos força a alta nos preços. Isso é bom para toda a cadeia agrícola, que passa a ter margem maior na comercialização. Na outra ponta, no entanto, estão as indústrias processadoras de alimentos, que pagam mais pela matéria-prima e vão repassar os aumentos de custos para os consumidores.
Os dados de inflação divulgados na semana passada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indicam que o consumidor paulistano está pagando 2% mais pelos óleos de soja e de milho nos últimos 30 dias. Esse deve ser apenas o início dos reajustes, uma vez que a alta de preços no campo demora várias semanas para chegar ao varejo. Nos últimos 30 dias, a inflação média teve elevação de 0,16% em São Paulo, aponta a Fipe.
12/08/2012 - 06h00
MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA
Daqui para a frente, tudo tem de dar muito certo para ficar apenas ruim.
Isso mesmo! Se a produção global de grãos não tiver um clima perfeito a
partir de agora, o que resultaria numa "safra cheia", como dizem no
setor, a oferta de alimentos será um caos.
COLUNISTA DA FOLHA
Seca severa afeta 90% das plantações de milho nos EUA
Após uma quebra de safra nos EUA no ano passado, outra na América do Sul no começo deste ano e mais uma agora nos EUA, qualquer clima ruim na nova safra da América do Sul, que começará a ser semeada, provocará brutal redução nos estoques mundiais de alimentos.
Voltarão à tona as discussões sobre crise alimentar e eventuais políticas de segurança alimentar a serem adotadas por países dependentes da importação de grãos.
Os números são impressionantes. Apenas nesse período mencionado (nas safras do ano passado e deste), os EUA deixaram de colher 132 milhões de toneladas de milho. Algumas regiões da América do Sul, como o Sul do Brasil, também tiveram fortes perdas.
A redução na oferta de soja foi de 38 milhões de toneladas, quando comparadas as estimativas iniciais com a safra colhida nos Estados Unidos e na América do Sul.
O relatório de oferta e demanda mundiais divulgado anteontem pelo Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) aponta o cenário ruim do momento, registrando queda de 102 milhões de toneladas na produção de milho do país, comparando a meta inicial da safra com a produção efetiva que os norte-americanos terão.
O Usda tenta minimizar os efeitos da redução de safra provocada pela seca refazendo os números de consumo. No caso do milho, por exemplo, a estimativa de consumo total dos EUA para a safra 2012/13 --o número inclui as exportações-- é de apenas 285 milhões de toneladas. É um número irreal, uma vez que as exigências do mercado norte-americano já superam 320 milhões de toneladas por ano. Só a produção de etanol consumiu 127 milhões de toneladas no ano passado. O Usda prevê uso menor de milho na produção desse combustível neste ano, mas essa queda tem um limite. O país tem um patamar de produção de etanol fixado por lei. Para que os estoques mundiais sejam refeitos, o Usda aposta em safras maiores de milho e de soja no Brasil e na Argentina. Esses países ganhariam também fatia maior nas exportações mundiais. Os dados da semana passada do governo norte-americano apontaram que o Brasil exportará o recorde de 14 milhões de toneladas de milho e 38 milhões de toneladas de soja. Preços internacionais elevados e dólar mais favorável permitem essas exportações. O problema é a logística para a saída desses produtos. A escassez de grãos força a alta nos preços. Isso é bom para toda a cadeia agrícola, que passa a ter margem maior na comercialização. Na outra ponta, no entanto, estão as indústrias processadoras de alimentos, que pagam mais pela matéria-prima e vão repassar os aumentos de custos para os consumidores.
Os dados de inflação divulgados na semana passada pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) indicam que o consumidor paulistano está pagando 2% mais pelos óleos de soja e de milho nos últimos 30 dias. Esse deve ser apenas o início dos reajustes, uma vez que a alta de preços no campo demora várias semanas para chegar ao varejo. Nos últimos 30 dias, a inflação média teve elevação de 0,16% em São Paulo, aponta a Fipe.
sábado, 11 de agosto de 2012
O Momento em que Vivemos: "desequilíbrio"
Entrevista – John P. Milton
O guru dos gurus
Por Cristina Tavelin
Se
fosse escolher apenas uma palavra para descrever o momento em que
vivemos, o americano John P. Milton não teria dúvidas: desequilíbrio. Os
reflexos do termo ele enxerga no desgaste dos sistemas de suporte da
natureza, no crescimento excessivo das cidades se sobrepondo ao meio
ambiente, na desigualdade social e no sentimento de inadequação do
próprio indivíduo. Para ele, as explicações sobre por que o mundo chegou
a esse ponto de instabilidade generalizada são muitas. O momento,
agora, é de perguntar como mudar esse cenário.
Segundo Milton – considerado um dos pioneiros da Ecologia e o primeiro a integrar o Council of Economic Advisers
da Casa Branca, em 1970 –, a mudança deve começar pela reconexão com a
fonte principal da vida. Ou seja, do ser humano com o meio ambiente e
consigo mesmo. Esse princípio vem do livro-base do Taoísmo, Tao Te Ching,
no qual a natureza é descrita como imutável e a “fonte” como fundação
infinita, amorfa e inominável permeando todas as formas de existência.
Não por acaso, o nome da organização criada por Milton – The Way of Nature Fellowship – foi extraído dessa obra.
Ao longo dos últimos 60 anos, as ideias
visionárias de J.P. Milton, com inspiração na espiritualidade e nas
filosofias orientais, vieram atraindo a atenção dos chamados “gurus da
gestão de negócios”, como Peter Senge, Joseph Jaworski e Otto Scharmer.
Hoje, ele procura levar seus ensinamentos aos executivos de grandes
empresas globais. Após vivenciarem processos como o Sacred Passage, de imersão na natureza, e o Nature Quest, treinamento de conscientização e meditação, essas lideranças “têm mudado a forma de ver e fazer negócios” – acredita o guru dos gurus.
Membro fundador da organização ambientalista Friends of the Earth e da Academy for Systemic Change,
iniciada por Peter Senge, Milton conversou com Ideia Sustentável
durante sua última passagem pelo Brasil e falou sobre experiências com
empresas nada sustentáveis, troca de valores entre Oriente e Ocidente e a
ascensão dos princípios femininos – e de mulheres na liderança – para a
evolução da sociedade.
Ideia Sustentável: Gostaria que o
senhor falasse um pouco sobre o atual distanciamento entre o ser humano
e a natureza. Quais dilemas enfrentamos por causa dessa desintegração?
John P. Milton: Há
a causa e o modo como nos deixamos afetar pela desintegração. A causa,
obviamente, é um pouco complexa. Acredito que esteja relacionada ao
fato de termos nos tornado muito confiantes. De algum modo, quando
começamos a desenvolver o sentido de self (segundo o fundador da Psicologia Analítica, Carl Gustav Jung, o self representa o centro de toda a personalidade, o “si mesmo”, regido principalmente pelos instintos), a consciência de nosso ego (seguindo a linha de pensamento junguiana, o ego
é a parte mais superficial do indivíduo e tem como algumas de suas
funções a comprovação da realidade e o controle de impulsos) fica mais
forte e passamos a ver a natureza como um objeto à parte de nós mesmos, a
manipulá-la em favor de nossos propósitos. Dessa forma, perdemos a
conexão profunda com o planeta e a experiência natural da unidade que
nos levava a uma vida equilibrada e harmoniosa, com ligações mais
naturais e ecológicas. Não se tem ecologia, relacionamento, equilíbrio
ou respeito quando se trata algo como um objeto.
IS: Essa visão da natureza como objeto é uma consequência da sociedade de consumo?
JM: Certamente.
A partir do momento em que desenvolvemos essa atitude mais precária do
ego, isso se reflete em nossas filosofias, sistemas políticos e
econômicos. Quando criamos culturas de alto consumo e dependência de
objetos exteriores para fazer com que as pessoas sintam-se felizes, já
estamos nos separando da vida natural. Se você tem uma vida ligada à
comunidade, aos seus amigos, à família e aos seus vizinhos, leva uma
vida mais feliz; se está perto da natureza, não precisa pagar pelo ar
que respira e, em um ambiente normal, pela água que bebe. Quando se vive
de modo a receber diretamente o que se precisa, não há necessidade de
comprar um monte de coisas para ser feliz. Uma pessoa torna-se
consumista quando está infeliz e tenta obter objetos externos para
suprir essa falta… Já a felicidade é natural.
IS: Como poderíamos, então,
entrar novamente em contato com a natureza e a espiritualidade mesmo
vivendo em áreas metropolitanas? Isso é possível num sistema no qual as
pessoas são educadas para servir ao mercado?
JM: Na
Europa, a educação tende a promover ainda mais essa desconexão. Em meu
país, Os Estados Unidos, muitas escolas não têm sequer uma janela. E o
conteúdo ensinado foca-se na Matemática, Gramática, Literatura… Há um
pequeno vislumbre da natureza em Biologia, mas mesmo nessa matéria o que
se faz normalmente é pegar algum pobre animal, seja ele um sapo ou um
rato, e dissecá-lo. Não se transmite o respeito e o apreço pela vida,
algo que a educação deveria fazer. Se o fizesse, abriria uma porta para
uma ligação mais profunda com o meio ambiente.
Nas cidades, há muitas pessoas e muitos carros. Penso que estamos criando uma outra forma de vida, baseada em chips de silício, computadores e motores de combustão interna. E nós, seres humanos, virando servos ou escravos dessas máquinas. A
notícia boa é que podemos ter uma experiência de profunda reconexão com
a natureza mesmo vivendo em uma metrópole: basta simplesmente reservar
um pouco de tempo para isso, tirar alguns dias para estar em contato com
a natureza e seguir algumas regras básicas para se conectar: a presença
no “agora” e o relaxamento. Se você ama alguém, por exemplo, quer estar
junto à pessoa e aprofundar esse relacionamento. O mesmo acontece com a
natureza. Quando se deseja fazer uma conexão, é necessário dar-se um
tempo para obter essa experiência. Sem celulares, câmeras. Hoje em dia
há muitas distrações.
IS: A proximidade da morte
muitas vezes leva as pessoas a refletirem sobre o significado da vida. O
senhor acha que a sensação de “morte” do planeta, gerada a partir das
mudanças climáticas e suas consequências, cria também uma necessidade de
restabelecer o contato com a natureza?
JM: Sim,
há uma verdadeira urgência nisso porque temos realizado experimentos em
nós mesmos e na natureza e não fazemos ideia de qual será o troco disso
tudo. Alteramos o clima, o teor de CO2 da atmosfera, derramamos veneno
nos oceanos, bombardeamos nossos corpos com radiação, construímos
reatores nucleares. Apenas uma dessas ações já teria um impacto muito
ruim, imagine todas elas juntas! Nosso corpo, por exemplo, está à mercê
de dezenas de impactos causados pela poluição. Fazemos o mesmo com o
corpo do planeta. Estamos enfraquecendo os sistemas que produzem
oxigênio, água e, claro, acreditamos que mesmo assim ficaremos imunes.
Fazemos tudo isso para produzir e consumir. E por quê? Para poder
comprar objetos que nos deixam felizes. Porém, ao processar objetos,
produzimos a poluição despejada na Terra, deixando-a ainda mais
arruinada. É algo estúpido. Não faz sentido. Portanto, a única maneira
de mudar esse cenário é começar a perceber o erro e criar um tipo
diferente de vida, primeiro, por meio de uma reconexão com a natureza e,
em seguida, trocando ideias sobre novas maneiras de estabelecer um novo
tipo de cultura mais harmoniosa com o planeta.
IS: Falemos agora sobre a sua
troca de experiências com os grandes nomes da gestão dos negócios, como
Peter Senge. Quando o procuraram, quais eram suas principais dúvidas e
anseios? O que desejavam mudar? Quais as características comuns a esses
pensadores com um nível avançado de consciência?
JM:
Ninguém nunca me perguntou isso. É uma boa questão! Tenho atuado de
maneira próxima a Peter Senge e já trabalhei no passado com Otto
Scharmer, criador da Teoria U, Betty Sue Flowers, Joseph
Jaworski e Adam Kahan. Todos estão fazendo um grande trabalho. Uma
característica comum a todos eles é a preocupação com o que está à nossa
frente. Eles perceberam que indivíduos, organizações e empresas se
deparariam com um enorme impacto e todos sofreríamos com isso. Hoje, as
empresas se comportam como um “câncer” no corpo do planeta. E o câncer
pode matar seu hospedeiro. Ele domina o corpo e faz uma grande “festa”
por algum tempo, mas, em seguida, o corpo morre, já que as células
cancerosas não convivem em harmonia com o restante das células e
tecidos.
Assim, indivíduos como Peter Senge e J.
Jaworski perceberam que a cultura e as organizações caminhavam na
direção de se tornarem mais parecidas com uma célula cancerosa;
perceberam a necessidade de uma mudança no sentido de trabalhar de forma
mais harmoniosa umas com as outras e com os sistemas de suporte ao
planeta – por seu próprio interesse. Todos esses pensadores participaram
do Nature Quest, do Sacred Passage ou do Awarness Training
comigo para aprender e se aprofundar ainda mais sua conexão com a
natureza. Eles incluíram algumas das ideias dessa experiência em seus
materiais e na própria maneira de pensar. Como resultado, desde então,
tenho trabalhado com um bom número de empresas tentando ajudá-las a
concluir o mesmo processo como organizações globais. Abordo dois temas.
Um deles é a conexão profunda com a natureza; o outro, a busca de
maneiras para se obter uma conexão profunda com a “fonte” – um campo de
pura consciência e espaço subjacentes a todas as formas de vida e bens
materiais. Quando isso é canalizado, obtém-se um tipo poderoso de
criatividade, ligada à Terra, a novas maneiras de pensar uma sociedade
mais harmoniosa e equilibrada.
IS: Poderia citar alguns passos simples para o início de uma mudança interna de valores e atitudes?
JM: Pode-se começar a partir dos princípios universais do The Way of Nature Fellowship,
elaborados para serem entendidos por qualquer pessoa, independentemente
de seus antecedentes culturais ou religiosos. A partir deles é possível
desenvolver os próprios princípios. Ao dominar as etapas de relaxamento
e da presença, há uma série natural de estágios, começando com os
relacionamentos, pela experiência da comunhão. Em uma casa, por exemplo,
existe o aterramento elétrico para evitar choques. No corpo humano,
isso também tem de acontecer. Quando não se canaliza isso, podemos ter
“curto-circuitos”, sobrecargas, literalmente, com a quantidade enorme de
ondas eletromagnéticas que recebemos de WiFis e celulares, por exemplo.
Portanto, é preciso retomar o contato com a Terra para o corpo voltar
ao equilíbrio. Os benefícios advindos da meditação, como silêncio e paz
interior, são muito importantes nesse sentido. Esse é o começo. Quando
não há meditação, não há espaço para concentra-se e se conectar em meio a
tanto ruído.
IS: Quais conteúdos o senhor trabalha junto às organizações?
JM: Busco
obter uma noção do que faz a empresa ou o seu líder se moverem, quais
são seus principais desafios e, em seguida, olhos para seus pares.
Juntamente com eles podemos ter alguma ideia sobre como mudar o rumo da
organização para um caminho mais ecológico – tanto no que faz quanto no
que toma da natureza, a forma como toma e o que pode devolver a ela. As
empresas devem aprender a realizar algo ainda melhor a partir do que
extraem do meio ambiente. Refletimos sobre como líderes e gestores podem
viver uma experiência de conexão com a natureza e começar a repensar as
empresas de maneira mais sustentável e criativa.
IS: Quais são os principais
benefícios dessa imersão na natureza? Poderíamos dizer que o processo
liberta os gestores de uma sensação ilusória de poder,
desenvolvendo-lhes um senso de humildade?
JM: Sim.
Esse é um ponto muito importante, porque muitas das organizações são
demasiadamente hierárquicas, enquanto a natureza é comunitária. Quando
Charles Darwin escreveu a teoria evolucionista, enfatizou a
concorrência, a sobrevivência do mais apto. Mas, do ponto de vista de um
ecologista, vejo que na maioria das vezes ela não diz respeito à
concorrência e hierarquia, e sim à forma como uma espécie ajuda a outra,
como trabalham juntas para dar suporte a todo o sistema. No caso de uma
empresa ou organização é a mesma coisa. Depois da experiência de
imersão na natureza, as pessoas começam a perceber que a relação
cooperativa é muito mais forte do que a tentativa de domínio, controle e
manipulação. A natureza é mais parecida com um sistema integral.
Basicamente, toda organização saudável funciona de forma simbiótica. No
meio ambiente, uma espécie oferece apoio à outra e ambas se beneficiam
dos resultados. Um bom exemplo são os líquens, encontrados em rochas –
organismos formados por fungos e certos tipos de algas. O fungo fornece a
arquitetura, a casa, e as algas, o alimento – capturam-noo e cedem
parte ao fungo. Eles não estão competindo. Simplesmente trabalham
juntos, como uma equipe.
IS: A partir do momento em que
esses gestores ou líderes de negócios desenvolvem um novo tipo de
consciência, como podem influenciar toda a organização? Poderia citar
alguns exemplos de empresas ou governos cujos líderes têm uma visão mais
holística?
JM: Um exemplo clássico nos Estados Unidos é a Nike,
que fez um trabalho muito bom em reciclagem, questões de justiça social
e gênero, tornando-se mais equilibrada em seu estilo de liderança.
Outra organização que espero que esteja na direção correta é a Apple,
pois tem a oportunidade e a obrigação de tornar-se mais consciente em
seu relacionamento com fornecedores na China, por exemplo, onde as
condições de trabalho eram insustentáveis. Para tanto, a empresa está
revendo todo o seu sistema para ficar atenta a qualquer problema. A Celestial Seasonings, fabricante de chás, também tem feito um bom trabalho na reciclagem de suas embalagens.
IS: O senhor já treinou líderes
do setor de petróleo e do tabaco. Como foram essas experiências com
empresas pouco ou nada sustentáveis?
JM: Trabalhei com empresas pouco conscientes na esperança de que talvez algumas mudanças pudessem ocorrer. A Philip Morris
foi um caso interessante porque seu CEO passou por parte do processo de
treinamento, mas quando percebeu a dimensão do impacto e o tipo de
transformação proposta, achou difícil continuar. Uma mudança boa foi o
fato de deixarem de ser apenas uma empresa de tabaco e se envolverem
mais com outros tipos de negócio, como alimentos orgânicos e outros
direcionamentos muito mais criativos para gerar uma contribuição à
sociedade. Quando uma organização começa a estabelecer novos rumos,
aberturas acontecem. Certa vez trabalhei com uma companhia de petróleo
que mais tarde iniciou uma mudança muito ambiciosa, direcionando parte
de seu capital para energias alternativas.
IS: Quais países, organizações ou indivíduos têm potencial para se tornarem grandes lideres globais?
JM: A
China possui corporações controladas pelo Estado. Assim, o governo pode
oferecer vantagens às empresas de lá que não se encontram em outros
países. É muito mais difícil agir sem esse tipo de apoio. A desvantagem é
que, por serem empresas estatais controladas, naturalmente não há
nenhuma concorrência pura, o mercado de oportunidades não tem lugar. Mas
há o lado positivo – também por serem estatais, elas podem
responsabilizar-se como nação. O setor de energia solar, por exemplo, é
muito importante, e deve haver bastante apoio para impulsioná-lo.
Um bom exemplo está na decisão de Barack
Obama para tentar obter o maior apoio possível às energias alternativas
por meio de uma declaração pública. Os combustíveis fósseis têm criado
dois tipos de problema. Por um lado, eles mantêm a antiga dependência
americana dos países do Oriente Médio e da Venezuela. Por outro,
contribuem massivamente para a poluição e, consequentemente, as mudanças
climáticas. Precisamos nos desvencilhar disso o mais rápido possível.
Assim, o apoio de um líder ou um grupo de líderes à energia verde de
forma ativa é essencial. Estamos em uma situação de crise em nossa
relação com o planeta e precisamos de lideranças esclarecidas para guiar
as empresas a formas de negócios mais verdes. Se ficarmos esperando que
o funcionamento normal do mercado resolva os problemas, não haverá
solução. Precisamos de técnicas e abordagens para que os líderes se
tornem muito mais esclarecidos e iluminados em relação à natureza.
Costumo dizer aos meus alunos americanos que o futuro do planeta está
nas mãos de três países: China, Índia e Brasil. Essa é uma das razões
pela qual desejava vir aqui.
IS: Na sua opinião, os países do
Ocidente estão absorvendo algumas características importantes do
Oriente, como a valorização da cultura e da espiritualidade, ou ainda
não conseguem pensar a vida de maneira holística?
JM: Tenho
duas perspectivas, uma mais positiva e outra negativa. Primeiro a
negativa. O Oriente está começando a ficar realmente frenético, rápido,
contraído e perdendo boa parte da beleza e da harmonia que possuía no
passado. Embora o Ocidente tenha absorvido parte da sensibilidade da
cultura oriental, também tem sido influenciado por alguns aspectos
negativos, como o maior controle sobre a população por meio da
manipulação da mídia. Antigamente, dizia-se que China e Rússia faziam
“lavagem cerebral” nas pessoas. Hoje, o Ocidente, assim como o Oriente,
também utiliza a mídia primeiramente para “travá-las” em uma determinada
perspectiva; depois, os governos usam o controle dos meios de
comunicação para controlar também as consciências.
Pela perspectiva otimista vejo que o
Oriente está aprendendo algumas das habilidades práticas do Ocidente,
como fazer bons negócios e ser um pouco mais “materialista” – no sentido
de produzir mais alimentos e algumas das novas tecnologias de mídia
social. Essa perspectiva está se espalhando agora em grande parte da
Ásia e fornecendo um meio para o continente se tornar mais democrático,
porque não há controle do governo sobre esse tipo de mídia social.
Assim, elas permitem que a consciência evolua rapidamente. A China pode
sofrer um bom impacto nesse sentido. Talvez não enxerguemos isso agora,
mas essa mídia vai possibilitar um ponto de vista melhor e muito mais
democrático ao país ao longo do tempo. Esperamos que seja de forma
pacífica. Ainda nessa perspectiva, vejo tradições extraordinárias de
sabedoria – o Taoísmo chinês ou o Budismo Hinayana, os ensinamentos do
Buda tanto para a iluminação quanto para uma vida em harmonia com a
natureza; ou ainda, o grande conhecimento de alguns dos povos indígenas
do Tibete, da tradição Hindu. Todos são ensinamentos magistrais de como
alcançar a essência. E estamos em um momento no qual temos uma
necessidade urgente de acessá-la, pois criamos toda esta sociedade de
alta tecnologia desconectada da natureza e de nós mesmos. O Oriente tem
respostas para esse tipo de dilema há mais de mil anos, mas só agora
contamos com professores que incorporam interiormente esses
ensinamentos. Vemos surgir ocidentais com treinamento muito profundo
nessas abordagens e que podem representar uma ponte entre os dois pólos.
É um sinal de esperança, porque significa que começamos a ter pessoas
dentro da própria cultura ocidental que ouviram alguns dos grandes
segredos do Oriente e podem trazê-los exatamente no momento em que mais
se precisa deles.
IS: O senhor acredita que temos hoje espaço para pensar e tomar decisões com base na intuição e em outros aspectos subjetivos?
JM:
Temos de fazer isso – começar a honrar muito mais o poder dos princípios
femininos em todas as ações, em nossa espiritualidade, nos processos de
governo, nas práticas de negócio. Uma das razões dessa discussão ser
tão importante é que, se olharmos demais para o lado masculino, nosso
comportamento torna-se insensível, agressivo. O relacionamento
interpessoal e com planeta fica inapropriado. Precisamos ser mais
sensíveis, comunicativos, sentir o mundo, desenvolver a receptividade –
uma característica altamente evoluída do feminino que, quando cultivada,
nos faz aprender a ouvir profundamente nós mesmo, os outros e a
natureza. E precisamos disso para alcançar um tipo diferente de cultura.
Sem o poder do feminino não será possível. Nas empresas, precisa-se
dessa capacidade de ouvir profundamente a essência de si mesmo.
É como o Yin e o Yang (Yin
e Yang representam o princípio da dualidade de acordo com a filosofia
chinesa. Baseiam-se no conceito Tao, que deu origem à tradição
filosófica do taoismo). Desenvolvemos o Yang a tal extremo que o Yin
está clamando para ser solto e se expressar. Isso deve acontecer.
Ensino, durante os treinamentos, algumas das práticas da arte marcial
chinesa sobre como se tornar mais receptivo quando alguém o ataca e como
essa receptividade permite uma conexão com o outro, fazendo com que o
poder agressivo se perca no vazio. Assim, é possível captar a energia e
transformá-la em uma força positiva, deixando tudo mais leve, quase como
uma dança.
IS: Partindo dessa necessidade
de ascensão dos princípios femininos, o número de mulheres na liderança
de empresas e governos deve crescer nos próximos anos?
JM:
Creio que sim. Seria adequado. Sabemos que há um papel claro para o
masculino também, mas o que chamo de “homem iluminado” ou “homem
liberto” surge apenas com a aceitação completa do “feminino sagrado”. A
partir dessa experiência de receptividade profunda nasce um novo tipo de
energia Yang, muito libertadora. A reação desse indivíduo
torna-se muito mais sensível e intuitiva. Esse pensamento é apropriado
tanto para as mulheres quanto para os homens. Na atualidade, muitas
mulheres adotaram diversas características masculinas no jeito de ser –
mais agressivas, duras ou blindadas, pensando que, dessa forma, se
tornariam fortes e poderosas. O essencial é dominar a verdadeira
natureza feminina. Esse aperfeiçoamento ajuda, naturalmente, a cultura a
se transformar; e ela se transforma, parcialmente, por meio de uma
aceitação do aspecto feminino altamente evoluído. Para isso precisamos
da liderança feminina – especialmente daquelas mulheres que realmente
abraçaram o feminino sagrado no nível mais profundo. E também precisamos
de homens que façam o mesmo para que o masculino real e verdadeiro, o
masculino “iluminado”, possa surgir.
IS: Qual a sua opinião sobre conferências como a Rio+20? O senhor acredita que elas tragam alguma mudança de fato?
JM: Tenho
uma crítica sobre algumas dessas conferências. Várias decisões são
tomadas antes que elas aconteçam. Dessa forma, o evento torna-se um
carimbo para fazer com que as decisões de trás das portas sejam
aceitáveis publicamente. E essa não é a forma correta de tomada de
decisão. Um processo participativo e autêntico deveria vir do povo em um
fluxo conjunto com os órgãos decisórios, assim ele seria realmente um
reflexo da sociedade. Mas isso não tem acontecido.
Materia no Site, Idéia Sustentavel
terça-feira, 7 de agosto de 2012
Construindo Paz no turbilhão mental...
RESPIRAÇÃO
Por Eckhart Tolle
Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas no fluxo de pensamentos.
Sem elas [as lacunas], o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa - e é assim que ele é para a maioria das pessoas. Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam. Aos poucos, elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço de nossa parte. Mais importante do que fazer com que sejam longas é criá-las com frequencia para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.
Certa ocasião alguém me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual. Quando a examinei, fiquei impressionado pela rica seleção de seminários e palestras interessantes. A pessoa me perguntou se eu poderia recomendar uma ou duas atividades. "Não sei, não. Todas elas me parecem muito interessantes. Mas eu conheço esta: tome consciência da sua respiração sempre que puder, toda vez que se lembrar. Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais forte do que a participação em qualquer uma dessas atividades. E é de graça."
Tomar consciência da respiração faz com que a atenção se afaste do pensamento e produz espaço. É uma maneira de gerar consciência. Embora a plenitude da consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui para levar a consciência a essa dimensão.
Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdômen se expande e se contrai ligeiramente quando você inspira e expira. Basta uma respiração consciente para produzir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de pensamentos.
Uma respiração consciente (duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida. Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adotada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixá-lo consciente. O resto são lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.
Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo. Portanto, basta observá-la. Essa atividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo. Muitas pessoas têm a respiração curta, o que não é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.
Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais. "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente." A palavra alemã para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o Deus interior.
O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objeto de meditação justamente porque não é um objeto, não tem contorno nem forma.
O outro motivo é que a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade". Cabe a você decidir se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação formal. No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na sua vida cotidiana.
Ao tomarmos consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior, espiritual. Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.
A respiração consciente suspende a atividade mental. No entanto, longe de estarmos em transe ou semi-despertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele. E, se observarmos com mais atenção, veremos que essas duas coisas - nosso pleno estado de presença e a interrupção do pensamento sem a perda da consciência - são, na verdade a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço.
(pg. 211 do livro O Despertar de uma Nova Consciência de Eckhart Tolle - Ed. Sextante)
Por Eckhart Tolle
Podemos descobrir o espaço interior criando lacunas no fluxo de pensamentos.
Sem elas [as lacunas], o pensamento se torna repetitivo, desprovido de inspiração, sem nenhuma centelha criativa - e é assim que ele é para a maioria das pessoas. Não precisamos nos preocupar com a duração dessas lacunas. Alguns segundos bastam. Aos poucos, elas irão aumentar por si mesmas, sem nenhum esforço de nossa parte. Mais importante do que fazer com que sejam longas é criá-las com frequencia para que nossas atividades diárias e nosso fluxo de pensamento sejam entremeados por espaços.
Certa ocasião alguém me mostrou a programação anual de uma grande organização espiritual. Quando a examinei, fiquei impressionado pela rica seleção de seminários e palestras interessantes. A pessoa me perguntou se eu poderia recomendar uma ou duas atividades. "Não sei, não. Todas elas me parecem muito interessantes. Mas eu conheço esta: tome consciência da sua respiração sempre que puder, toda vez que se lembrar. Faça isso durante um ano e terá uma experiência transformadora bem mais forte do que a participação em qualquer uma dessas atividades. E é de graça."
Tomar consciência da respiração faz com que a atenção se afaste do pensamento e produz espaço. É uma maneira de gerar consciência. Embora a plenitude da consciência já esteja presente como o não-manifestado, estamos aqui para levar a consciência a essa dimensão.
Tome consciência da sua respiração. Observe a sensação do ato de respirar. Sinta o movimento de entrada e saída do ar ocorrendo em seu corpo. Veja como o peito e o abdômen se expande e se contrai ligeiramente quando você inspira e expira. Basta uma respiração consciente para produzir espaço onde antes havia a sucessão ininterrupta de pensamentos.
Uma respiração consciente (duas ou três seria ainda melhor) feita muitas vezes ao dia é uma maneira excelente de criar espaços em sua vida. Mesmo que você medite sobre sua respiração por duas horas ou mais, o que é uma prática adotada por algumas pessoas, uma respiração basta para deixá-lo consciente. O resto são lembranças ou expectativas, isto é, pensamentos.
Na verdade, respirar não é algo que façamos, mas algo que testemunhamos. A respiração acontece por si mesma. Ela é produzida pela inteligência inerente ao corpo. Portanto, basta observá-la. Essa atividade não envolve nem tensão nem esforço. Além disso, note a breve suspensão do fôlego - sobretudo no ponto de parada no fim da expiração - antes de começar a inspirar de novo. Muitas pessoas têm a respiração curta, o que não é natural. Quanto mais tomamos consciência da respiração, mais sua profundidade se estabelece sozinha.
Como a respiração não tem forma própria, ela tem sido equiparada ao espírito - a Vida sem uma forma específica - desde tempos ancestrais. "O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida; e o homem se tornou um ser vivente." A palavra alemã para respiração - atmen - tem origem no termo sânscrito Atman, que significa o espírito divino que nos habita, ou o Deus interior.
O fato de a respiração não ter forma é uma das razões pelas quais a consciência da respiração é uma maneira eficaz de criar espaços na nossa vida, de produzir consciência. Ela é um excelente objeto de meditação justamente porque não é um objeto, não tem contorno nem forma.
O outro motivo é que a respiração é um dos mais sutis e aparentemente insignificantes fenômenos, a "menor coisa", que, segundo Nietzsche, constitui a "melhor felicidade". Cabe a você decidir se vai ou não praticar a consciência da respiração como verdadeira meditação formal. No entanto, a meditação formal não substitui o empenho em criar a consciência do espaço na sua vida cotidiana.
Ao tomarmos consciência da respiração, nos vemos forçados a nos concentrar no momento presente - o segredo de toda a transformação interior, espiritual. Sempre que nos tornamos conscientes da respiração, estamos absolutamente no presente. Percebemos também que não conseguimos pensar e nos manter conscientes da respiração ao mesmo tempo.
A respiração consciente suspende a atividade mental. No entanto, longe de estarmos em transe ou semi-despertos, permanecemos acordados e alerta. Não ficamos abaixo do nível do pensamento, e sim acima dele. E, se observarmos com mais atenção, veremos que essas duas coisas - nosso pleno estado de presença e a interrupção do pensamento sem a perda da consciência - são, na verdade a mesma coisa: o surgimento da consciência do espaço.
(pg. 211 do livro O Despertar de uma Nova Consciência de Eckhart Tolle - Ed. Sextante)
gentilmente enviado por Lilian Medeiros para nosso grupo yogue
Brasil só pensa em curto prazo, diz empresário grego George Koukis
7/08/2012
-
04h00
A afirmação é do empresário grego George Koukis, dono da Temenos, multinacional suíça de software bancário, que se tornou um porta-voz do que chama de "liderança ética" global. Para Koukis, essa visão curto-prazista explica por que o país tem dificuldade em desenvolver sua infraestrutura e em promover um ensino de qualidade, investimentos de longuíssima maturação.
"É um erro que ameaça a perpetuidade das empresas e o futuro do país como a sexta economia do mundo."
Koukis afirma que vê os políticos pensarem só na próxima eleição e os empresários, nos resultados trimestrais e no bônus. No máximo, pensam em oportunidades pontuais com Copa e Olimpíada. "Temos aqui uma das maiores pobrezas rurais do mundo. Mas o Brasil é um país rico. Onde está todo esse dinheiro? É muita corrupção, ganância, ineficiência, impostos e desmandos. Há muitos milionários, mas o que eles fazem pelo país?"
Desde que saiu da Temenos, empresa com 4.500 funcionários em 61 países, passou a investir seu tempo e fortuna para formar jovens capazes de "mudar o mundo". Em 2011, patrocinou a imersão em "ética e integridade" de 30 jovens líderes, sendo sete brasileiros, em um treinamento de três meses em Como, norte da Itália. Em 2013, o programa será em São Paulo, de janeiro a fevereiro. Ele faz palestra hoje na PUC-SP e amanhã na conferência mundial de empresas juniores, em Parati (RJ).
Emigrado para a Austrália e hoje vivendo na Suíça, Koukis afirma que é possível "ganhar dinheiro sem explorar trabalhadores, clientes e fornecedores". A Temenos oferece "garantia eterna" para produtos e serviços, enquanto concorrentes como a Microsoft dão só 90 dias.
VIDA CURTA
Aos empreendedores, Koukis vai falar por que a maioria das empresas quebra no primeiro ano de vida. "Um plano de negócio pode parecer infalível no papel, mas não sobrevive se não tiver por trás o comprometimento e a paixão de uma pessoa para fazer a coisa acontecer. Precisa ter um líder que faça isso não por dinheiro, mas porque é sua vida que está lá. É com esse negócio que ela ajuda o mundo a ser um lugar melhor."
Koukis diz que encontrou poucos líderes éticos no mundo dos negócios e na política. "Nem ONGs, institutos de caridade, missões religiosas têm essas pessoas. Vários se tornaram mendigos profissionais, implorando ajuda para seus projetos, mas na verdade só estão pensando em sua própria sobrevivência."
Cita [boas] iniciativas de microcrédito e o trabalho da indiana Vandana Shiva, que iniciou uma disputa com multinacionais como Cargill e Monsanto contra o patenteamento de sementes sob o argumento de que são patrimônio da humanidade.
Como grego, Koukis se sente envergonhado com a crise em seu país e com o futuro da Grécia na União Europeia. "Cada país quer ter sua independência e os políticos prometem benefícios sociais para todos, mas alguém tem que pagar a conta. Que independência é essa em que os governos e os bancos precisam de socorro?", disse. Será uma catástrofe se a Grécia sair do euro. O mercado financeiro vai se fechar e ela não terá mais apoio de ninguém."
TONI SCIARRETTA
da FOLHA DE SÃO PAULO
da FOLHA DE SÃO PAULO
Os empresários e políticos brasileiros pensam só em curto prazo e fazem
muito pouco para deixar um país melhor para as próximas gerações.
A afirmação é do empresário grego George Koukis, dono da Temenos, multinacional suíça de software bancário, que se tornou um porta-voz do que chama de "liderança ética" global. Para Koukis, essa visão curto-prazista explica por que o país tem dificuldade em desenvolver sua infraestrutura e em promover um ensino de qualidade, investimentos de longuíssima maturação.
"É um erro que ameaça a perpetuidade das empresas e o futuro do país como a sexta economia do mundo."
Koukis afirma que vê os políticos pensarem só na próxima eleição e os empresários, nos resultados trimestrais e no bônus. No máximo, pensam em oportunidades pontuais com Copa e Olimpíada. "Temos aqui uma das maiores pobrezas rurais do mundo. Mas o Brasil é um país rico. Onde está todo esse dinheiro? É muita corrupção, ganância, ineficiência, impostos e desmandos. Há muitos milionários, mas o que eles fazem pelo país?"
Desde que saiu da Temenos, empresa com 4.500 funcionários em 61 países, passou a investir seu tempo e fortuna para formar jovens capazes de "mudar o mundo". Em 2011, patrocinou a imersão em "ética e integridade" de 30 jovens líderes, sendo sete brasileiros, em um treinamento de três meses em Como, norte da Itália. Em 2013, o programa será em São Paulo, de janeiro a fevereiro. Ele faz palestra hoje na PUC-SP e amanhã na conferência mundial de empresas juniores, em Parati (RJ).
Emigrado para a Austrália e hoje vivendo na Suíça, Koukis afirma que é possível "ganhar dinheiro sem explorar trabalhadores, clientes e fornecedores". A Temenos oferece "garantia eterna" para produtos e serviços, enquanto concorrentes como a Microsoft dão só 90 dias.
VIDA CURTA
Aos empreendedores, Koukis vai falar por que a maioria das empresas quebra no primeiro ano de vida. "Um plano de negócio pode parecer infalível no papel, mas não sobrevive se não tiver por trás o comprometimento e a paixão de uma pessoa para fazer a coisa acontecer. Precisa ter um líder que faça isso não por dinheiro, mas porque é sua vida que está lá. É com esse negócio que ela ajuda o mundo a ser um lugar melhor."
Koukis diz que encontrou poucos líderes éticos no mundo dos negócios e na política. "Nem ONGs, institutos de caridade, missões religiosas têm essas pessoas. Vários se tornaram mendigos profissionais, implorando ajuda para seus projetos, mas na verdade só estão pensando em sua própria sobrevivência."
Cita [boas] iniciativas de microcrédito e o trabalho da indiana Vandana Shiva, que iniciou uma disputa com multinacionais como Cargill e Monsanto contra o patenteamento de sementes sob o argumento de que são patrimônio da humanidade.
Como grego, Koukis se sente envergonhado com a crise em seu país e com o futuro da Grécia na União Europeia. "Cada país quer ter sua independência e os políticos prometem benefícios sociais para todos, mas alguém tem que pagar a conta. Que independência é essa em que os governos e os bancos precisam de socorro?", disse. Será uma catástrofe se a Grécia sair do euro. O mercado financeiro vai se fechar e ela não terá mais apoio de ninguém."
Editoria de Arte/Editoria de Arte/Folhapress | ||
LUCRO SEM EXPLORAÇÃO Os mandamentos do empresário ético, segundo George Koukis |
sexta-feira, 3 de agosto de 2012
12 Sintomas de Paz Interior (despertar espiritual)
Aqui está uma doença insidiosa que tens de observar.
Ela é chamada Paz Interior, e se não tomarmos cuidado, poderá atingir proporções epidêmicas.
Os sinais e sintomas da paz interior incluem o seguinte:
1. Uma maior tendência para deixar as coisas acontecerem, em vez de fazê-las acontecer.
2. Ataques frequentes de riso.
3. Sentimentos de estar conectado com os outros e com a natureza.
4. Freqüentes e irresistíveis episódios de apreciação.
5. Tendência para pensar e agir espontaneamente ao invés de
baseado em medos registrados na experiência passada.
6. Uma habilidade inconfundivel para apreciar cada momento.
7. Perda da capacidade de se preocupar.
8. A perda de interesse em conflito.
9. A perda de interesse em interpretar as ações dos outros.
10. A perda de interesse em julgar aos outros.
11. A perda de interesse no auto-julgamento.
12. Adquirir a capacidade de amar sem esperar nada.
traduzido do ingles, gentilmente enviado por Mirza Nobre
original no site Symptoms of Inner Peace
PANDEMIA MUNDIAL
por Saskia Davis, R.N.
Identificada pela primeira vez há 28 anos, a Síndrome da paz interior está arrebatando nações em todo o mundo. Insidiosa e altamente contagiosa, ela se espalha silenciosamente pelas sociedades, infectando um coração de cada vez. Embora nenhuma cura tenha sido encontrada, as seguintes medidas preventivas foram identificadas: medo, preocupação, raiva, ressentimento, culpa, culpar, auto-piedade, apego a percepções, a pessoas ou a coisas, desonestidade consigo mesmo ou com os outros e julgamentos negativos. A prática regular de qualquer um destes comportamentos impede o aparecimento da síndrome da paz interior. Sua prevenção pode ser fomentada pela abstenção de certas atitudes e comportamentos.
Ela é chamada Paz Interior, e se não tomarmos cuidado, poderá atingir proporções epidêmicas.
Os sinais e sintomas da paz interior incluem o seguinte:
1. Uma maior tendência para deixar as coisas acontecerem, em vez de fazê-las acontecer.
2. Ataques frequentes de riso.
3. Sentimentos de estar conectado com os outros e com a natureza.
4. Freqüentes e irresistíveis episódios de apreciação.
5. Tendência para pensar e agir espontaneamente ao invés de
baseado em medos registrados na experiência passada.
6. Uma habilidade inconfundivel para apreciar cada momento.
7. Perda da capacidade de se preocupar.
8. A perda de interesse em conflito.
9. A perda de interesse em interpretar as ações dos outros.
10. A perda de interesse em julgar aos outros.
11. A perda de interesse no auto-julgamento.
12. Adquirir a capacidade de amar sem esperar nada.
Se apresentares a maioria destes sintomas, pode ser tarde demais para voltar atrás. Se conheces alguém com esses sintomas, continues exposto por seu próprio risco já que a Paz Interior pode bem estar em seu estágio infeccioso.
Saskia Davis, 1983
Saskia Davis, 1983
original no site Symptoms of Inner Peace
Ironia no site:
SÍNDROME DA PAZ INTERIOR PANDEMIA MUNDIAL
por Saskia Davis, R.N.
Identificada pela primeira vez há 28 anos, a Síndrome da paz interior está arrebatando nações em todo o mundo. Insidiosa e altamente contagiosa, ela se espalha silenciosamente pelas sociedades, infectando um coração de cada vez. Embora nenhuma cura tenha sido encontrada, as seguintes medidas preventivas foram identificadas: medo, preocupação, raiva, ressentimento, culpa, culpar, auto-piedade, apego a percepções, a pessoas ou a coisas, desonestidade consigo mesmo ou com os outros e julgamentos negativos. A prática regular de qualquer um destes comportamentos impede o aparecimento da síndrome da paz interior. Sua prevenção pode ser fomentada pela abstenção de certas atitudes e comportamentos.
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