15 de abril de 2012 | 3h 06
Alexandre Gonçalves, Mariana Lenharo, Jornal da Tarde - O Estado de S.Paulo
Um estudo científico brasileiro mostrou que a ioga traz benefícios cognitivos e afetivos palpáveis para quem a pratica.Veja também:
'Exercício ensina a permanecer sereno e positivo diante da vida'
Concentração melhora, dizem praticantes de ioga
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Clayton de Souza/AE
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A bióloga Regina Helena da Silva, coordenadora do estudo, pratica ioga há cerca de uma década, mas nunca tinha colocado o exercício sob a lente da psicobiologia, sua área de pesquisa. Animou-se, no entanto, quando o também biólogo Kliger Kissinger Fernandes Rocha pediu que ela o orientasse no doutorado. Rocha é professor de ioga e reconhecia as limitações dos estudos sobre o tema. Por isso, sugeriu abordá-lo em uma tese. O trabalho, publicado na revista científica Consciousness and Cognition, é fruto desse interesse. Os militares foram avaliados no início e no fim do estudo. Foram aplicados testes de memória e formulários para averiguar o nível de estresse e outras condições psicológicas, bem como testes fisiológicos.
"Notamos uma melhora de 20% na memória de longo prazo nos militares que praticaram ioga", afirma Rocha. "É um porcentual que indica um considerável ganho cognitivo."
Ele recorda que também houve uma diminuição no nível de estresse. "O cortisol (hormônio associado ao problema) presente na saliva diminuiu 50% no grupo da ioga", recorda o pesquisador, que aos 14 anos recebeu indicação médica para praticar ioga com a finalidade de atenuar as raízes psicológicas de uma gastrite nervosa. Como não houve alterações significativas no grupo de controle, os pesquisadores descartam a atribuição da melhora aos exercícios físicos. Isso porque o grupo de controle realizava até mais exercícios do que o que se dedicou à pratica da ioga.
Mistério. Os cientistas afirmam que os mecanismos neurofisiológicos responsáveis pela melhora cognitiva e afetiva ainda são desconhecidos."Trabalhamos com a hipótese de que a meditação na ioga melhora a capacidade de concentração", explica Regina. "Contudo, a diminuição do estresse também poderia explicar a melhora dos resultados nos testes que avaliaram a memória."