sábado, 20 de novembro de 2010

Os novos donos da Amazônia

Um balanço inédito do programa federal de regularização das terras da região mostra como ele precisa avançar para acabar com o caos fundiário
Aline Ribeiro, de Concórdia do Pará (PA)
Claudemir Dada/ÉPOCA e Marcos Barbosa/AIB/ÉPOCA
TAMANHO É DOCUMENTO
Vanderlei (à esq.), médio produtor, não consegue regularizar a terra onde produz. Claudio e sua mulher, Maria (à dir.), conseguiram um título para sua posse de 17 hectares
O agricultor Claudio Cunha Campos soube da boa-nova pelo rádio. Com o ouvido grudado no aparelho, escutou atento o primeiro de uma sequência de nomes. Do lado de lá, o radialista anunciava aos felizardos moradores de Concórdia do Pará, uma cidadezinha a 150 quilômetros de Belém, que em breve seriam contemplados pelo ambicioso programa do governo federal cuja pretensão é finalmente dar um fim ao caos fundiário na Amazônia.
Batizado de Terra Legal, o programa tem como meta dar, até 2014, o título definitivo a posseiros de 49 milhões de hectares de terras públicas federais. É o equivalente a 9% da Amazônia – ou duas vezes o Estado de São Paulo. Se bem conduzido, o Terra Legal poderá estimular uma economia não predatória na região e atrair empresas que não querem se arriscar a entrar em áreas em disputa. “É a única forma de conseguir um novo modelo de progresso para a Amazônia”, afirma Carlos Guedes, secretário do Terra Legal.
Aos 58 anos e com a saúde frágil, Campos vive com a mulher e alguns dos sete filhos em uma propriedade de 17 hectares em Concórdia do Pará. Sem aposentadoria nem estudo, vende açaí, cupuaçu e um pouco de farinha de mandioca que brota da terra que suou para comprar. Embora viva no imóvel desde o começo dos anos 90, nunca conseguiu provar ser dono da propriedade. Naquela noite quente de setembro, enquanto ouvia o programa A voz do Brasil, o som do rádio trouxe a notícia que Campos aguardava havia 18 anos. Teria, enfim, um documento atestando que pagou para estar ali. No dia seguinte, ele e a mulher vestiram roupas de festa e, juntos, foram à Câmara de Vereadores receber o papel. “Agora ninguém mais pode dizer que a terra não é nossa”, afirma ele.
De longe da Amazônia fica difícil imaginar que mais de 1,5 milhão de pessoas vivem e sobrevivem em terras da União. Elas têm os mais variados perfis. São pequenos agricultores como Campos, que nasceram na região. Ou são migrantes atraídos por ouro, minérios, seringais e riquezas da região. Ou eram integrantes das incursões incitadas pelos governos militares que, nos anos 70, pretendiam levar “homens sem terras para uma terra sem homens”. Com a ocupação desordenada, calcula-se que 53% das terras da Amazônia estejam em situação ilegal. São suficientes para suprir as demandas por desenvolvimento econômico, conservação da biodiversidade, água, manutenção do clima e reforma agrária. Mas o Brasil ainda não demonstrou capacidade satisfatória para administrá-las.
A incompetência é histórica. O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), antigo dono da missão, tentou durante mais de três décadas colocar ordem na ocupação irregular, sem sucesso. Em 2009, o governo federal criou o Terra Legal, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). No primeiro ano, o programa, cuja meta é regularizar a situação de 300 mil posseiros em nove Estados da Amazônia (180 mil em terras federais e 120 mil em terras estaduais), teve o mérito de enfrentar um problema histórico. Mas ainda precisa avançar. “Falta controle em vários aspectos”, afirma Daniel Azeredo, procurador do Ministério Público no Pará. “Eles não têm instrumentos para evitar que as áreas tituladas venham de desmatamento ilegal ou conflitos fundiários.”
O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), um dos principais centros de pesquisa da região, fez um estudo inédito para avaliar o Terra Legal. O balanço reconhece avanços, mas aponta falhas. Um dos pontos mais polêmicos é o preço da terra. Segundo a lei, as propriedades com até um módulo fiscal (cerca de 76 hectares na média da Amazônia) devem ser doadas aos posseiros. Acima disso, a recomendação é que sejam vendidas a preços simbólicos.
O valor tem como base o preço mínimo de mercado, com cerca de 80% de desconto. Uma fazenda de 140 hectares em Marabá, no Pará, custa, no mercado, pelo menos R$ 137.500. Pelo Terra Legal, sai por R$ 22.800 – um desconto de 83% (leia o quadro abaixo). “Não podemos só partir do conceito de quanto o produtor pode pagar”, afirma Brenda Brito, pesquisadora do Imazon e uma das autoras do estudo. “Precisamos levar em conta o valor daquela terra. Estamos falando do patrimônio público.” A lógica do programa é outra. O secretário Guedes diz que os valores cobrados estão abaixo da média porque a ideia é regularizar as terras, não vendê-las. “Se estivéssemos leiloando, o preço seria de mercado. Mas queremos reconhecer o direito dessas ocupações”, afirma.
As obrigações de quem recebeu o título da terra também não estão claras. Segundo a lei que instituiu o programa, os contemplados têm o compromisso de não derrubar floresta, além de recompor o que foi desmatado ilegalmente. Mas não existe uma cobrança dessas contrapartidas. “Ninguém me falou nada de reflorestar ou não desmatar mais”, diz Erivan Ferreira Baleixo, de 27 anos, morador da zona rural de Concórdia do Pará, novo proprietário de uma terra de 58 hectares. O título da terra, um documento com as informações da área, traz no verso cláusulas com as obrigações em letras quase ilegíveis. A maioria dos posseiros não sabe ler e mal consegue explicar como vai pagar pelo imóvel. Baleixo afirma que terá de pagar uma taxa por mês pela área regularizada. Não se lembra, porém, quanto é cada parcela nem quando vence a primeira.
O Terra Legal também parece ter subestimado a complexidade da questão fundiária na Amazônia. Quando surgiu, em junho de 2009, sua meta era expedir o primeiro título de terra em, no máximo, 60 dias. O feito só aconteceu em agosto, mais de 400 dias depois de seu lançamento. Por um lado, o descumprimento do cronograma é ruim porque arranha a credibilidade do programa. Por outro lado, porém, ajuda a evitar atropelos no processo, que podem abrir caminho para a grilagem de terras e estimular novos desmatamentos. Ou ainda a impulsionar mais conflitos agrários ao dar o título a posseiros em áreas ocupadas por índios e quilombolas.
Por dispensar visitas em campo nas propriedades com menos de 400 hectares, o programa pode ser ainda alvo de outra armadilha: o fracionamento de terras. Funciona assim. O dono de um grande imóvel em busca da regularização divide suas terras em pequenos pedaços. Coloca cada um deles no nome de uma pessoa diferente, que solicita o título ao governo. O programa deve avaliar os dados do cadastro, medir a área por GPS e emitir o papel. Não tem obrigação, entretanto, de checar a área em campo. Isso abre espaço para falcatruas. É praticamente impossível saber se o aspirante a dono passou a ocupar o imóvel antes da data estipulada pelo Terra Legal, dezembro de 2004. E se de fato tira o sustento daquela propriedade, requisito para ganhar o documento. A visita permitiria ainda identificar se a área está nos limites de terras indígenas ou quilombolas.
O Terra Legal peca ainda por não atacar o problema da regularização das grandes propriedades, que ocupam um terço da Amazônia. O programa abrange só as áreas com menos de 1.500 hectares. O programa prevê o leilão de áreas entre 1.500 hectares e 2.500 hectares. Acima desse teto, as terras devem voltar ao patrimônio público. Cabe ao Congresso definir seus destinos. Não se sabe, porém, como isso vai funcionar. Não houve até agora casos de transferência de terras privadas via Congresso. A falta de clareza cria um problema financeiro aos produtores agrícolas e pecuaristas. Nos últimos anos, o mercado se tornou mais exigente em relação às práticas socioambientais das empresas. Ninguém quer sua marca atrelada ao desmatamento, trabalho escravo ou grilagem de terras. Os investidores estão mais rigorosos, e os bancos já não financiam quem descumpre a lei.
Sem o título, alguns agricultores estão pagando caro para manter produtivas suas terras. É o caso de Vanderlei Ataides, de 41 anos. Ele arrenda fazendas em Paragominas, no interior do Pará, o primeiro município do Brasil a sair da lista dos campeões de desmatamento da Amazônia, criada pelo Ministério do Meio Ambiente para punir quem derruba floresta. Ataides mantém as matas de sua propriedade conforme manda a lei e está em dia com as recomendações ambientais. Apesar de atender às exigências verdes, não pode se cadastrar no Terra Legal porque a propriedade é maior que o limite atendido pelo programa. Por isso, ele e outros produtores dali não conseguem crédito em bancos públicos, com juros mais baixos. “Estou pegando financiamento em empresas a juros três vezes mais altos”, afirma ele. Para os empresários, o Terra Legal ainda não chegou.

México, ABC e endividamento

Nota do Blog: Pratini de Moarais, ministro da Agricultura no governo FHC, dizia que nenhuma arvore precisava tombar para aumentar a producao agricola Brasileira. Seu sucessor na pasta, autor do artigo abaixo, presidiu uma das epocas mais negras do desmatamento na Amazonia, no inicio do primeiro mandato do Lula. Lamentavelmente, com grande cinismo (veja um Globo Rural da epoca onde ele dizia que um "desmatamento bem feito - com trator e correntao" era algo correto a se fazer) ele dava poderosos estimulos aos desmatadores, argumentado que era preciso mais terra para o agronegocio.  Impressionante como potenciais barreiras comerciais a praticas destrutivas que este Sr defendeu  puderam mudar seu ponto de vista, agora colocado inocentemente como "fizemos a lição de casa"...

ROBERTO RODRIGUES

O Brasil faz a lição de casa contra o aquecimento ao dar exemplos de compromisso com a sustentabilidade
NOS PRIMEIROS dias de dezembro, o mundo volta a se encontrar na Cidade do México em busca do tempo perdido um ano atrás em Copenhague, quando não houve acordo sobre o combate ao aquecimento global na Conferência das Partes promovida pela ONU.
E já se especula sobre a possibilidade de os países ricos usarem esse tema como uma nova forma de protecionismo comercial, na linha "ou você emite menos CO2 ou não lhe compro nada".
Mesmo considerando que os ricos são os maiores emissores de gases de efeito estufa, essa hipótese não deixa de ser tentadora para eles, uma vez que sua competitividade, especialmente na agropecuária, vem sendo cada vez mais ameaçada pelos países tropicais, como o Brasil, onde as tecnologias agronômicas e zootécnicas são crescentemente sustentáveis.
O Brasil, aliás, vem fazendo sua lição de casa, dando exemplos claros de compromisso com a sustentabilidade. O Plano de Safra 2010/2011, lançado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é muito significativo, com um alentado programa batizado de ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), caracterizado por três conjuntos de ação, com ênfase em alternativas tecnológicas para minimizar gases de efeito estufa, que, por sua vez, é composto por cinco programas: 1) recuperação de áreas degradadas, sobretudo de pastagens;
2) integração lavoura/pecuária/ floresta; 3) plantio direto na palha; 4) plantio de florestas; 5) substituição de fertilizantes químicos pela fixação biológica do nitrogênio no solo.
O volume de recursos disponibilizados para o programa é da ordem de R$ 2 bilhões, a juros de 5,5% ao ano, com 12 anos de prazo e três anos de carência.
Os números são ambiciosos: Recuperar 15 milhões de hectares de pastagens degradadas em dez anos; aumentar os atuais 2 milhões de hectares de integração lavoura/ pecuária/floresta para 4 milhões até 2020; aumentar 8 milhões de hectares de plantio direto até 2020, sobre os atuais 25 milhões; plantar mais 3 milhões de hectares de florestas; e substituir adubação nitrogenada por fixação biológica de nitrogênio em mais 5,5 milhões de hectares (hoje são 23 milhões, o correspondente a toda soja brasileira).
No total, seriam 166 milhões de toneladas de CO2 a menos! Um belo pacote. E não para por aí: há outras ações, como programas de regulação ambiental, melhoria de assistência técnica e extensão rural, tratamento dos resíduos animais, entre outros itens.
Mas pode ser feito muito mais. Um tema que merece ser discutido é o pagamento de dívidas de produtores rurais com serviços ambientais. O pesquisador da Embrapa Eduardo Assad tem feito alguns cálculos muito interessantes a respeito. Um exemplo notável pode ser entendido pelos números abaixo: de acordo com o Código Florestal vigente, um produtor rural em região de cerrado no centro-sul do país deve manter florestas em uma reserva legal de 20% de sua área. Sem entrar no mérito dessa exigência, sabe-se que no cerrado a média de estoque de carbono é de 40 toneladas por hectare. Ao valor médio de US$ 10 por tonelada, o estoque valeria US$ 400 por hectare. Em uma propriedade de 500 hectares, seria necessário manter uma reserva de 100 hectares, o que daria um estoque de 4.000 toneladas de carbono, ou US$ 40 mil (aproximadamente R$ 70 mil!). Se o produtor cultivasse os restantes 400 hectares com a tecnologia do plantio direto ou com a integração lavoura/pecuária/floresta, também estaria sequestrando carbono todos os anos. Mesmo que a área fosse de pastagem isso aconteceria. Ainda que os valores assim calculados não fossem muito significativos, seria absolutamente justo que eles fossem abatidos das dívidas do produtor. Isso ainda melhoraria as relações entre os produtores e os ambientalistas, uma vez que os primeiros estariam preservando valores pleiteados pelos segundos, e todos ficariam felizes. É preciso estudar bem o assunto para estabelecer regras tecnicamente irrefutáveis. Mas seria mais um avanço para mostrar ao mundo.


ROBERTO RODRIGUES, 67, coordenador do Centro de Agronegócio da FGV, presidente do Conselho Superior do Agronegócio da Fiesp e professor do Departamento de Economia Rural da Unesp -Jaboticabal, foi ministro da Agricultura (governo Lula). Escreve aos sábados, a cada 15 dias, nesta coluna.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Deputados que aprovaram novo Código Florestal receberam doação de empresas desmatadoras

R7

Dos 18 deputados federais que integraram a comissão especial do Código Florestal, em julho deste ano, 13 receberam juntos aproximadamente R$ 6,5 milhões doados por empresas do setor de agronegócio, pecuária e até do ramo de papel e celulose durante campanha à reeleição, de acordo com as declarações disponíveis no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Dentre os que arrecadaram verba em empresas do segmento ruralista, apenas um não conseguiu se reeleger. Em julho, quando o projeto foi submetido à análise desta comissão, o novo código foi aprovado por 13 votos a 5. Ambientalistas criticam a reforma por tornar o Código Florestal menos rígido e abrir brechas para anistiar desmatadores.

Pelos dados no TSE, as doações feitas pelas empresas desmatadoras foram concentradas nas campanhas dos deputados que votaram a favor. Dos 13, apenas dois não receberam ajuda do agronegócio, sendo que um foi barrado pela Ficha Limpa e o outro acabou não conseguindo se reeleger. Os outros 11 deputados federais ganharam juntos pouco mais de R$ 6,4 milhões.

O montante doado por empresas desmatadoras financiou aproximadamente 32,5% dos gastos totais da campanha eleitoral destes 11 parlamentares. Somados, os valores declarados – contando todas as doações - chegam a R$ 20 milhões. Em média, a bancada ruralista custeou 30% da campanha com este dinheiro.

Entre os que votaram a favor da mudança está o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele não só apoiou à reforma como também é o relator do novo Código Florestal. Rebelo garantiu sua permanência no cargo após receber mais de 130 mil votos no Estado de São Paulo. O deputado declarou ter utilizado aproximadamente R$ 172 mil vindos de cooperativas que representam cafeicultores, citricultores e agropecuaristas.

Apesar de relator da comissão especial, Rebelo foi um dos que menos recebeu ajuda no grupo dos 13 ruralistas que votaram a favor. No topo da lista está o deputado federal, também reeleito, Marcos Montes (DEM-MG). Ele ganha dos colegas tanto por ter recebido o maior montante de investimento quanto pela parcela que esse dinheiro representou nas suas receitas durante a campanha.

Montes arrecadou cerca de R$ 1 milhão só de pecuaristas, usineiros e exportadores de papel. Esta quantia corresponde à metade das doações totais recebidas pelo, então, candidato, que foi de R$ 2 milhões.

O parlamentar do DEM não é um caso isolado. O segundo da lista também conseguiu um valor próximo. Duarte Nogueira (PSDB-SP), que concorreu à reeleição para deputado federal em São Paulo, angariou R$ 955 mil de empresas interessadas na aprovação do novo Código. O tucano, que em sua página no site da Câmara dos Deputados declara ser engenheiro agrônomo, agricultor e pecuarista, é o preferido pelas indústrias de papel. Pelo menos quatro nomes de empresas diferentes deste segmento constam em seus dados no TSE.

Bancada "verde"

Pelo lado da bancada ambientalista, dois dos cinco que votaram contra o novo código também custearam a campanha com verba doada pelas mesmas empresas, mas, para estes, o valor foi inferior aos dos outros colegas. A dupla recebeu no total R$ 150 mil.

O verde Sarney Filho (PV-MA), por exemplo, declarou ter utilizado R$ 30 mil transferidos por uma empresa que já foi notificada pelo MPF (Ministério Público Federal) por revender carne e outros derivados do boi cuja origem é a criação ilegal de gado em áreas desmatadas.

O segundo deputado que, apesar de ser da bancada ambientalista, conta com doações do agronegócio é Ricardo Tripoli (PSDB/SP). Ele registra R$ 120 mil.

Agronegócio

A Bunge Fertilizantes, uma das principais empresas do agronegócio, é um exemplo de que a doação para campanhas de deputados não foi feita de forma aleatória. A empresa é a que mais vezes aparece nas declarações dos deputados da bancada ruralista.

Ela contribuiu com as despesas de oito dos 13 que votaram a favor do novo código e que concorreram à reeleição. Destes, sete receberam o valor igual de R$ 70 mil e um ganhou R$ 80 mil, o que resulta em R$ 500 mil distribuídos somente entre políticos da comissão especial.

No total, a Bunge doou pouco mais de R$ 2,5 milhões para candidatos que participaram do processo eleitoral. Portanto, 20% do total destinado por essa empresa às campanhas políticas ficaram no grupo de ruralistas da comissão especial, já que a soma de doações feitas para estes oito candidatos alcançou R$ 500 mil.

Trâmite

Quase um mês após o fim das eleições, os deputados ruralistas que participaram da comissão já ensaiam uma investida para incluir o polêmico projeto na pauta do plenário ainda este ano. Na última quarta-feira (3), estas lideranças se reuniram em um restaurante de Brasília para traçar uma estratégia para conseguir uma brecha na pauta da Câmara dos Deputados. Se aprovada novamente, a reforma é encaminhada para o Senado e depois para o presidente, que decide se a reforma deve ser sancionada ou não.

Outro lado

Todos os deputados citados foram procurados pelo R7. Mas, a maioria não quis comentar o assunto.
Rebelo disse, por meio de sua assessoria de imprensa, que não vai se pronunciar sobre o caso. Já Montes e Tripoli (PSDB-SP) não foram localizados pela reportagem.

O tucano Duarte Nogueira foi o único que aceitou conversar com o R7. O deputado federal explicou que “não é de hoje” que recebe doações do setor agrícola. Ele afirma que tem “profunda identidade” com este segmento produtivo e que defendeu a aprovação do Código Florestal independentemente de ter recebi doações do agronegócio.

- Não há como criar expectativa de qualquer ilação de que eu fiz isso [votar a favor da reforma], porque recebi [doação do agronegócio]. Tanto que esta é minha história de vida. Tenho uma profunda identidade com o setor agrícola não é de agora. Se você for pegar minha primeira prestação de contas em 2006, a grande maioria das minhas doações já vinha do setor agrícola.

A Bunge Fertilizantes também se manifestou sobre as doações citadas nesta matéria. Em nota, a empresa defendeu que não há nenhuma ilegalidade no fato, pois “o sistema político brasileiro prevê o financiamento privado das campanhas”. Porém, a doadora também admite que escolhe políticos com mesma linha de pensamento da empresa, mas desmente que, nestas eleições, tenha financiado campanhas “em função de questões ou de projetos específicos”.
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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Investors Don't Care About Sustainability …

Yet Accenture's recent study with the U.N. confirms that CEOs do, which is why they need to work on making investors understand the business case

Over the past year, we have been speaking with a wide range of business leaders as part of a study, A New Era of Sustainability, that Accenture conducted in partnership with the UN Global Compact, sponsored by U.N. Secretary-General Ban Ki-moon. In the course of taking the temperature of chief executive sentiment on corporate sustainability, we conducted 50 in-depth interviews with company bosses, backed up by an online survey of a further 766 CEOs from around the globe.
During almost every one of our interviews with CEOs, we hit what we began to call the 40-minute investor moment. For the first 40 minutes of each interview, we would discuss the progress their company had made in embedding sustainability into core business, the opportunities, the barriers to further integration, and some of the challenges they saw in shaping a competitive environment conducive to sustainable business. But with 20 minutes remaining—it happened so consistently we could have set our watches by it—each of the CEOs would turn to us and say, "Look: We'd like to do more on sustainability, but mainstream investors just don't care about it."
Their view is supported by one of the most surprising findings of our study: just 22 percent of the 766 CEOs we surveyed believe investors will be key stakeholders in driving their action on sustainability over the next five years. This figure—below consumers, governments, employees, local communities, regulators, and the media—shows the nature of the impasse and the disconnect. CEOs cite a lack of investor interest as a critical barrier to further investment, but few CEOs attempt to communicate to shareholders on sustainability as a business issue, and even fewer see investors as an important voice in shaping their activities in this area over the next five years.

Lagging Investors

This is an increasingly pressing missed opportunity, and it is at the root of the challenge CEOs face in integrating sustainability deeply and widely within their organizations. As our study showed, 93 percent of CEOs believe sustainability will be "important" or "very important" to the future success of their business, and 96 percent believe sustainability should be fully integrated in the strategy and operations of a company.
It was abundantly clear in every conversation we had that although CEOs' mindsets have shifted dramatically since the last study in 2007, they still see significant challenges in truly embedding sustainability within their businesses. In addressing the difficulties, many CEOs pointed to internal challenges of complexity or competing priorities, but others believe that the major challenges are outside their organizations— specifically, that the investor community does not currently reward companies that invest in sustainability.
There are, of course, significant differences across industries, and in certain sectors CEOs see a more value-focused and productive conversation already occurring. In the oil and gas and automotive industries, for example, where corporate value and sustainability imperatives are inextricably linked, CEOs believe that investors have a better understanding of the material impact of sustainability on business performance. Many CEOs also pointed to a rising—if still largely niche and specialized—interest among socially responsible investment funds.
While the downturn may have sharpened investors' interest in and understanding of structural risk, and some are already showing a greater willingness to factor such long-term considerations into their valuation models, it is clear from CEOs that they believe investors must raise their game in understanding and appreciating the contribution of sustainability to business value.

Communicating Regularly

How can CEOs and investors break this stalemate? Strikingly, just 48 percent of CEOs report that they currently incorporate sustainability issues into discussions with financial analysts, compared to the 81 percent who believe they have embedded these issues internally. As Edemir Pinto, CEO of Brazilian exchange BM&FBovespa, told us, "CEOs may complain that investors do not value their sustainability activities properly, but they need to tell investors what they are doing: If they don't communicate regularly, investors cannot incorporate these issues into their models."
In our view, progress will rest on three pillars: strategy, performance management, and valuation. To enable a new, more productive discussion on sustainability, CEOs will need to:
• demonstrate the role of sustainability in shaping their future strategy
• quantify the impact of sustainability on core business metrics: revenue, cost, risk and intangibles
• articulate and communicate the contribution of sustainability to value creation
To demonstrate the value of sustainability to those whose education has been "rooted within the green borders of Excel," in the words of one business leader, "CEOs need first to articulate and quantify the contribution of sustainability to their future strategy." Businesses need to look beyond the CSR-speak of glossy corporate brochures and use language that captures the real impact of sustainability on current and future cash flows, seen through the lens of revenue, cost, risk, and intangibles: the stuff of valuation.

Finding the Sweet Spot

Second, quantifying value will be crucial in unlocking the dialogue between companies and investors. Tracing the impact of sustainability activities on financial metrics, as well as tracking and reporting performance on newer, sustainability-focused indicators, can begin to shape a new conversation in which sustainability performance is routinely assessed as a natural part of gauging a company's past performance and future prospects. Only by applying the same rigor to sustainability reporting as they do to financial metrics and linking sustainability activities with business performance will companies force analysts to reward those that are finding the sweet spot where business and societal value meet.
Third, articulating and communicating the contribution of sustainability to corporate value will also mean breaking the shackles of short-term quarterly returns. Shaping this debate will require a new, collaborative approach by CEOs and investors. In quantifying and articulating those metrics they believe define the value they create, both for shareholders and for society more broadly, leading companies will raise the bar for their competitors.

Nearing a Tipping Point

What would be the impact if leading companies could break the investor deadlock? Encouragingly, 80 percent of CEOs believe that a tipping point—where sustainability is embedded within the majority of companies globally—could be possible within 10 to 15 years. However, 85 percent of CEOs believe the accurate valuation by investors of sustainability will be critical to reaching this tipping point, and it is on this condition that future progress may rest, so the stakes are high.
As sustainability begins to reshape industries and the competitive landscape, environmental, social, and governance factors will play an ever greater part in what it means to be a high-performance business. Shaping a new conversation will not be easy, and CEOs and investors alike must act now to channel investments to high-performing businesses and to ensure success on the path to competitive advantage in a new era of sustainability.
Rob Hayward, a consultant in Accenture's Strategy and Sustainability Services groups, contributed to this article. Lacy, based in London, is managing director of Accenture Sustainability Services for Europe, Africa, and Latin America.

Maior Grupo de Investidores mundiais demandam ações políticas determinadas para as Mudanças Climáticas

Press release
Largest ever investor group representing over $15 trillion calls for determined policy action on climate change

Investors responsible for the management of funds the size of US GDP call for policies to unlock the vast potential of low-carbon markets and avoid economic devastation caused by climate change


GENEVA/NAIROBI 16 Nov. 2010 - The world's largest global investors have a powerful message for governments and policy-makers around the world as well as climate negotiators in Cancun: take action now in the fight against global warming or risk economic disruptions far more severe than the recent financial crisis.

Citing potential climate-related GDP losses of up to 20 percent by 2050 and the economic benefits of shifting to low-carbon and resource-efficient economies, investors released a major statement today calling for national and international policies that will spur private investment into low-carbon technology.

The statement was signed by 259 investors from Asia, Africa, Australia, Europe, Latin America and North America, with collective assets under management totaling over $15 trillion-more than one-quarter of global market capitalisation. Signatories do not only include global giants Allianz and HSBC, but also investment organizations from many developing countries and emerging economies, including South Africa, Nigeria and Brazil. It is the largest-ever group of investors to call for government action on climate change.


"We cannot drag our feet on the issue of global climate change," said Barbara Krumsiek, Chair of the UN Environment Programme Finance Initiative and CEO of US-based investment firm Calvert Investments. "Calvert is deeply concerned about the devastating impacts climate change - if left unaddressed - will have on the global economy. Based on the Stern Report, we know these impacts could reach global GDP cuts of an unimaginable 20% per year. Why should we take that risk? The solutions are quickly emerging and we must deploy these solutions to help secure the innovation and sustainable growth our economies need."

Today's statement comes in advance of key negotiations in Cancun, beginning on 29 November, to agree on a new international climate change regime to substitute the Kyoto Protocol.

Investors are aware that the developing world plays a crucial role in the global response to climate change. Not only will it be hit hardest by the physical impacts of climate change, but developing countries and emerging economies will also have to increasingly reduce the carbon intensity of their economies if the world is to effectively keep temperature increases to a maximum of 2 degrees Celsius. This will require additional capital investments which investors can provide if post-Kyoto certainty at the global level is combined with sound policy frameworks locally as well as international instruments to de-risk low-carbon investments in these countries.

While low-carbon global investment is increasing, especially in Asia, investors say substantially more private capital would be available for renewable energy, energy efficiency and other low-carbon technologies, if stronger policies were in place. Global clean energy investment is expected to eclipse $200 billion in 2010, up slightly from 2009 but substantially less than the roughly $500 billion that Bloomberg New Energy Finance and the World Economic Forum says is needed per year by 2020 to restrict warming to below 2 degrees.

Reflecting its weaker policies, North America lags well behind Europe and Asia in clean energy investing, supporting $20.7 billion in renewable energy projects in 2009, in comparison to $43.7 billion for Europe and $40.8 billion for Asia, according to a recent report by the United Nations Environment Programme (UNEP). The gap has increased this year, with the U.S. investing only $4.4 billion in third-quarter 2010 while China's investments topped $13.5 billion and Europe $8.4 billion.

"A basic lesson to be learned from past experience in renewable energy is that, almost without exception, private sector investment in climate solutions has been driven by consistent and sustained government policy. Experiences from countries such as Spain, Germany and China show how structured policies can bolster investor confidence and help drive renewable energy investments. These experiences also show how such policies can bring technologies down the cost curve and eventually strengthen their competitiveness," said Ole Beier Sørensen, Chairman of the Institutional Investor Group on Climate Change and chief of Research and Strategy at the Danish pension fund ATP, with EUR56 billion in assets.


Investors had a particularly sharp message for the new U.S. Congress.

"Climate change may be out of vogue in Washington today, but it poses serious financial risks that are not going away and will only increase the longer we delay enacting sensible policies to transition to a low-carbon economy," said Jack Ehnes, CEO of the California State Teachers' Retirement System (CalSTRS), the second largest public pension fund in the US. "The nation's leaders should take the cue from California, where strong clean energy policies have spurred American innovation and created thousands of jobs."

"This statement shows investors are serious about the risks posed by climate change and the importance our community places on action by government to reach a global agreement. Investors need greater policy certainty from governments," said Donald MacDonald, trustee, BT Pension Scheme, and chair, Principles for Responsible Investment. "Deferring climate change agreement adds to investor concerns that climate change risks and costs are not taken seriously. The Cancun talks provide an opportunity for all concerned governments to take leadership on this important issue and start framing an agreement needed to create a sustainable investment environment."

The statement calls for the following domestic policies in both developed and developing countries:

a.. Short-, mid- and long-term greenhouse gas reduction targets
b.. Energy and transportation policies to accelerate deployment of energy efficiency, renewable energy, green buildings, clean vehicles and clean fuels;
c.. Strong and sustained price signals on carbon emissions and well-designed carbon markets;
d.. Phase out fossil-fuel subsidies, as agreed to by G-20 leaders in 2009;
e.. Adaptation measures to reduce unavoidable climate change impacts, and;
f.. Corporate disclosure of material climate-related risks.
While no comprehensive agreement is expected, investors are hoping for some forward movement during the international negotiations in Cancun. Among the investors' key priorities is delivery of promised fast-start climate financing, consistent with pledges at last year's UN climate negotiations in Copenhagen. Developed countries vowed at that time to channel up to $100 billion a year of climate finance from multiple sources by 2020, including $30 billion of "fast-start" funding from 2010 to 2012.

Other areas where investors hope to see agreements or progress in Cancun:

a.. The financial architecture (access, governance, etc) of climate funding, which will facilitate a greater role for private investment;
b.. A rapid timeframe for implementation of efforts to reduce emissions from deforestation and forest degradation (REDD) and REDD-plus);
c.. Robust measurement, reporting and verification (MRV) to increase confidence in national climate policies
d.. Expanding and deepening the international carbon market, including greater clarity on the future interplay of the Carbon Development Mechanism (CDM), Joint Implementation (JI) and emerging crediting mechanisms such as Nationally Appropriate Mitigation Actions (NAMAs) and REDD-plus;
e.. Support for the creation of well-functioning markets in developing countries for energy efficiency and renewable energy to accelerate effective large scale deployment of those technologies;
f.. A clear mandate to adopt a legally binding agreement next year at COP 17 in South Africa.
Notes to Editor: The statement will be available at www.unepfi.org at 16.00h on 16 November 2010.

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Ceres is a leading coalition of investors and environmental groups working with companies to address sustainability challenges such as climate change. Ceres also directs the Investor Network on Climate Risk, an alliance of 90 institutional investors with collective assets totaling $9 trillion.


The Institutional Investors Group on Climate Change (IIGCC) catalyzes greater investment in a low carbon economy by bringing European investors together to use their collective influence with companies, policymakers and investors. The group currently has 56 members, representing assets of around ?4trillion. Contact: Clare Allison, Capital MSL +44 (0) 20 7307 5342

The Investor Group on Climate Change Australia/New Zealand (IGCC, Australia/New Zealand) represents institutional investors operating in Australia and New Zealand, with assets around A$500 billion, and others in the investment community. The IGCC aims to ensure that the risks and opportunities associated with climate change are incorporated into investment decisions for the ultimate benefit of individual investors.

The United Nations Environment Programme Finance Initiative (UNEP FI) is a global partnership between UNEP and the financial sector. Over 190 institutions, including banks, insurers and fund managers, work with UNEP to understand the impacts of environmental and social considerations on financial performance. Through its Climate Change Working Group (CCWG), UNEP FI identifies the roles of the finance sector in addressing climate change, and advances the integration of climate change factors - both risks and opportunities - into financial decision-making. This is done through a comprehensive work programme encompassing research, training, events and regional activities. For more information, please visit: www.unepfi.org


Principles for Responsible Investment (PRI)


Principles for Responsible Investment, convened by UNEP FI and the UN Global Compact, was established to help investors achieve better long-term investment returns and sustainable markets through improved analysis of environmental, social and governance issues. The Initiative has over 800 signatories from 45 countries with more than $ 25 trillion of assets under management.

Brasil será líder na área energética, diz Rifkin


Luciano Máximo | De São Paulo
VALOR 16/11/2010

Carla Romero/Valor
Jeremy Rifkin: "As atuais fontes de energia não estão disponíveis em qualquer lugar e a energia renovável distributiva é encontrada em qualquer metro quadrado do mundo"

Defensor de causas ambientais e de iniciativas de sustentabilidade empresarial, o economista americano Jeremy Rifkin é um ativista diferente. Professor da Wharton School, tradicional faculdade de administração dos Estados Unidos, sua militância se resume a aconselhar executivos de grandes corporações e chefes de Estado em todo o mundo. Já previu o esgotamento dos empregos por causa do advento de novas tecnologias e profetiza o fim da era do petróleo.
Aos 65 anos, Rifkin se dedica atualmente a ajudar a União Europeia a implantar o que chama de terceira revolução industrial. Trata-se de um plano que prevê a substituição, no longo prazo, do atual modelo energético baseado em combustíveis fósseis por fontes renováveis, com a tecnologia da internet como grande aliada.
O economista aposta que o Brasil será uma das lideranças globais na área energética nos próximos anos e terá papel fundamental na difusão de energia limpa na América do Sul. Segundo Rifkin, a adoção de novos modelos no setor energético é a principal receita da recuperação da economia mundial.
Rifkin estará em São Paulo nesta sexta-feira para participar do Prêmio Eco, iniciativa que premia ações empresariais de sustentabilidade. O evento é promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), com parceria do Valor.
Valor: Baseado em que o sr. diz que o mundo, hoje, passa por uma transição econômica?
Jeremy Rifkin: Nos últimos três anos, dois grandes eventos mostraram que estamos perto do fim da revolução industrial baseada nos combustíveis fósseis. O primeiro, em julho de 2008, veio quando o barril do petróleo atingiu US$ 147. Os preços explodiram e influenciaram a economia global, porque tudo que é produzido hoje no mundo vem dos combustíveis fósseis. Os alimentos triplicaram de preço, uma situação muito perigosa num contexto em que 40% da população mundial vive com renda inferior a US$ 2 por dia. Quando o poder de compra é afetado por causa do petróleo podemos sofrer com a paralisação do motor industrial no mundo inteiro. Esse foi o terremoto econômico, enquanto a crise financeira, que veio 60 dias depois, foi aquele abalo posterior ao primeiro tremor.
Valor: O outro evento, então, foi o colapso dos mercados financeiros?
Rifkin: Não, foi Copenhague. O momento em que a comunidade científica internacional alerta que o mundo acumulou tanto gás carbônico na atmosfera que caminhamos para riscos de mudanças catastróficas no planeta, talvez as maiores que os seres humanos já enfrentaram. O atual modelo de globalização baseado na indústria do carbono está chegando no limite. Já existem previsões de que em poucos anos o mundo já terá usado metade de suas reservas de petróleo, ou seja, vai ficar mais caro. O problema é que a energia continua vindo do carvão e dos combustíveis fósseis, China e Índia crescem com base nesse modelo. Mas se o preço do barril do petróleo chegar a US$ 147 de novo serão momentos de pânico. O mundo precisa de uma nova visão econômica, um plano revolucionário que seja poderoso o suficiente para superar riscos de crise.
Valor: Qual é o plano?
Rifkin: Se olharmos para a história, a convergência entre energia e comunicação gerou grandes impactos econômicos. No século XIX, quando a tecnologia de impressão se tornou mais barata, foi introduzido o sistema de escolas públicas no mundo todo, primeiro passo para a criação de uma força de trabalho letrada em massa, com habilidades para lidar com as complexidade das demandas energéticas da época - o carvão, o vapor. No século XX, o telefone se tornou instrumento de comunicação avançado para gerir e controlar a segunda revolução industrial, que marcou a era do petróleo e a do automóvel. Atualmente as tecnologias baseadas nessas energias estão se tornando velhas rapidamente. O mundo precisa de renovação, por isso estamos no limiar da terceira revolução industrial. A internet aparece como tecnologia de comunicação revolucionária, porque é distributiva e colaborativa, enquanto a impressão, a TV, o rádio eram centralizadas. Isso é uma peça-chave para a tendência dos negócios atualmente.
Valor: Qual a relação entre internet e o fim da era do petróleo?
Rifkin: Minha ideia é que esse modelo colaborativo e distributivo da internet possa ser convergente com novos regimes de distribuição de energias renováveis. Isso torna a ideia de terceira revolução industrial poderosa, porque terá um efeito multiplicador em todo o mundo, num processo que será liderado por Índia, Brasil e União Europeia.
Valor: Já está em andamento?
Rifkin: A União Europeia já se comprometeu com um planejamento bastante ambicioso de infraestrutura na direção da terceira revolução industrial. Eu sou um privilegiado por participar. A grande meta é passar a usar 20% de energia renovável na Europa até 2020. É uma corrida contra o tempo, governos e empresas já estão trabalhando.
Valor: Como funciona essa terceira revolução industrial?
Rifkin: As atuais fontes de energia, como carvão, petróleo e urânio, são de elite, não estão disponíveis em qualquer lugar, demandam investimentos políticos, militares e de capital. Já a energia renovável distributiva é encontrada em qualquer metro quadrado do mundo. Vem do sol, do vento, do calor debaixo do solo, do lixo, dos compostos orgânicos gerados pelos processos agrícolas, das marés e das ondas do mar. Mas o importante é coletar nossa própria energia. Em 25 anos, milhões e milhões de prédios no mundo inteiro poderão ser convertidos em miniusinas, utilizando o sol, o vento, o calor debaixo do solo, para gerar energia limpa em forma de hidrogênio, que será armazenado como uma mídia digital. A forma de distribuição será inteligente e compartilhada como a internet, as redes de transmissão de energia renovável serão integradas.
Valor: Na contramão do que o sr. fala, o Brasil está entrando em uma nova era do petróleo, com as descobertas da camada pré-sal.
Rifkin: O Brasil tem muita sorte em relação aos outros países do mundo e um poderoso papel no campo energético, principalmente na região onde está. Seu potencial energético limpo o transformará numa grande liderança mundial. O pré-sal tem de permitir uma transição limpa, usando as receitas do petróleo para subsidiar a construção da infraestrutura de energia renováveis. O país pode liderar esse processo na América do Sul.

Apesar de cortes, Europa investe em energia limpa
De São Paulo
16/11/2010

Jeremy Rifkin passou a última década como conselheiro da União Europeia para assuntos de economia, mudanças climáticas e segurança energética. Antes da crise, o Parlamento Europeu aprovou sua ideia de terceira revolução industrial, que cria um modelo econômico baseado em energias renováveis. Agora, num momento de recuperação, o economista americano diz que os governos europeus não estão apenas tomando medidas de austeridade. Apesar do aperto, há recursos para o planeta.
"A Europa está se saindo muito melhor que os Estados Unidos, não vejo evidências de melhora da economia americana no curto prazo. A Europa é a grande força política no mundo hoje e está comprometida com uma transição econômica. Está colocando dinheiro nos projetos de economia de baixo carbono. Se os EUA decidir cortar estímulos e deixar o mercado resolver o problema, daqui um ano haverá pânico", acredita Rifkin.
Ele destaca a criação de um fundo público e privado de € 8 bilhões para projetos de armazenagem de hidrogênio no formato de mídia digital, com a energia distribuída pela internet. Rifkin estima em € 1 trilhão os investimentos em dez anos para a implantação de um modelo de geração de energia renovável na Europa.
Acostumado a falar aos ouvidos da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nikolas Sarkozy, ele diz que seu conselho mais valioso é "pensamento de longo prazo". "O governo precisa ser eficiente, somente o mercado não pode criar a infraestrutura necessária para a recuperação econômica. É preciso cultivar o pensamento de longo prazo, olhar para a frente e perceber que estamos passando por um período de grandes transformações no mundo."
Rifkin também recomenda uma agenda de trabalho conjunto entre governos, empresas e sociedade. "Digo aos presidentes que eles precisam trabalhar em parceria para incentivar um novo modelo de infraestrutura, para ser colocada em prática nos próximos 10, 15 ou 20 anos. Se o olhar for de curto prazo, é bem provável que podem se perder oportunidades de investimento em opções que vão gerar milhões de empregos num cenário de crescimento sustentável". (LM)

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Os rios suspensos da Amazônia

Segundo o pesquisador Antonio Nobre, a floresta amazônica produz rios de vapor que impedem que o resto do Brasil se transforme em um deserto e levam ventos e umidade para a América do Sul

Rita Loiola, especial para VEJA

O climatologista Antonio Donato Nobre durante sua palestra no TEDxAmazônia Antonio Donato Nobre durante sua palestra no TEDxAmazônia (Bruno Fernandes/Divulgação)
 
A floresta amazônica bombeia todos os dias, pela transpiração das folhas, 20 trilhões de litros de água do solo para a atmosfera
Rios voadores pairam sobre a Amazônia. Graças a eles o norte do Brasil não é um grande deserto e chuvas e ventos se distribuem pela América do Sul. “O problema é que esses rios são invisíveis”, diz o climatologista Antônio Donato Nobre, principal defensor da ideia no Brasil. “E achamos que, se não vemos, não existe.” Mas os rios são reais, sim. E seu desajuste é uma das grandes causas do desequilíbrio ambiental no mundo.
Nos últimos 25 anos, Nobre dedicou seu tempo a entender as interações entre a floresta e a atmosfera e descobriu que, se continuarmos teimando em não ver como a Amazônia realmente funciona, o futuro será inóspito. Em entrevista ao site de VEJA, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia explica o que são esses mecanismos vaporosos e sua importância para a compreensão da natureza.
A Amazônia não deveria mais ser encarada como pulmão do mundo?
Por muito tempo, a Amazônia foi vista apenas como celeiro da biodiversidade e pulmão da Terra. Acreditávamos nisso porque achávamos que esse seria seu principal papel para o clima, mas não sabíamos como ela realmente funcionava. Fazíamos a analogia da floresta com o pulmão por sua importância na troca de gases com a atmosfera, principalmente o oxigênio e o gás carbônico. Mas essa função é apenas uma. A Amazônia também é um coração que faz circular ares e umidade e é responsável por muito do equilíbrio climático do planeta. É possível vê-la pulsar.
Como assim?
Em seus 5.5 milhões de quilômetros quadrados, a floresta amazônica bombeia todos os dias, pela transpiração das folhas, 20 trilhões de litros de água do solo para a atmosfera. É mais do que o rio Amazonas despeja diariamente no oceano, 17 trilhões de litros. Só a energia solar consumida nessa evaporação é igual à produção de 50 mil Itaipus! As imagens de satélite mostram esse vapor sobre a floresta como fluxos nas artérias do ciclo da água, em contínua pulsação. Esses deslocamentos atmosféricos de umidade, invisíveis para quem está aqui embaixo, são verdadeiros rios voadores.
E por que é importante saber que eles existem?
Porque quando eles pararem de funcionar não poderemos consertá-los. Não é porque não os enxergamos, nem tomamos banho nesses rios, que eles não existem. São tão reais que regulam o clima em grande parte da América do Sul. É por causa deles que o Centro-oeste, Sul e Sudeste do Brasil não são desertos, ao contrário de outras regiões no globo, situadas em torno dos trópicos de Câncer e Capricórnio.
Ou seja, são eles - e não a água do rio Amazonas - os responsáveis pelas chuvas na floresta?
Sim, e eles também geram importantes correntes de vento, por meio de um mecanismo revolucionário, chamado bomba biótica. Conforme o vapor d’água sobe para a atmosfera, ele encontra camadas de ar frio e se condensa em gotículas, formando nuvens que, em seguida, se precipitam em chuvas. Mas, quando condensa, o vapor deixa um ‘vazio’ no ar e é aí que a bomba começa a funcionar. Nesse momento a pressão cai lá em cima e ‘puxa’ o ar das regiões inferiores. A evaporação d’água nas matas é maior que nos oceanos. Daí vêm os ventos que importam o ar úmido do oceano para o interior do continente.
Isso resolveria o paradoxo das chuvas recorrentes no interior da Amazônia, que contrariam o modelo de que, quanto mais próximo ao litoral, mais chove?
Resolve este e muitos outros. O conhecimento anterior não explica direito as duas secas fortes que tivemos na Amazônia nos últimos cinco anos. A bomba biótica é uma descoberta fundamental para ajudar a entender as razões físicas do que está acontecendo com o clima. Um artigo nosso com os fundamentos dessa descoberta está em análise na revista Atmospheric Chemistry and Physics Discussions. Entre muitas outras funções, as florestas funcionam como um ar condicionado poderoso para o mundo.
Se a devastação continuar no ritmo atual o que pode acontecer?
A savanização da Amazônia parece ser uma realidade, especialmente nas áreas mais desmatadas. Mas eu creio que sem as florestas, boa parte do Brasil vai virar mesmo é um deserto. Vivemos em um microcosmos terrestre desconhecido, em um planeta que não compreendemos, mas que é construído e operado por meio de sistemas sofisticadíssimos. Precisamos prestar atenção nessa tecnologia natural e conservá-la. Para o nosso próprio bem.

A estupidez do poder nao tem limites...Le Royaume

UE lança disputa por bilhões de recursos em tecnologia verde

Nota do Blog: enquanto no Brasil o governo nos embriaga com pre-sal, destrutivas e ineficientes hidreleticas mamutes, e bloqueia intencionalmente a entrada de carros eletricos e sua tecnologia, o primeiro mundo + China nao perdem tempo: tecnologia verde eh futuro IMEDIATO. Serah que nossa burrice vai repetir com a tecnologia verde o que fizemos com a reserva de mercado para informatica nos anos 80?

09/11/2010 - 13h11
DA REUTERS

A União Europeia lançou uma competição nesta terça-feira para oferecer cerca de 4 bilhões de euros (US$ 5,6 bilhões) em recursos para ajudar empresas a competir na corrida da tecnologia verde contra a China, o Japão e os Estados Unidos.
Todos os projetos elegíveis devem estar em funcionamento até 2015. Provavelmente os grandes vencedores devem incluir geradores de energia, como os da E.ON da Alemanha e engenharia de empresas como a Alstom, da França.


"Essas e outras tecnologias verdes são uma fonte cada vez mais importante para o futuro crescimento econômico e para empregos", disse em comunicado a ministra do Clima da União Europeia, Connie Hedegaard.
O financiamento foi acordado em 2008 para apoiar a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) -- um método de enterrar gases que contribuem para o aquecimento global, que muitos produtores de energia dizem ser altamente eficiente para frear as mudanças climáticas.
Mas disputas internas entre os 27 Estados-membro da UE e suas autoridades têm sido um empecilho ao financiamento. A competição também está sendo aberta para empresas pioneiras em novas tecnologias para energias renováveis.
O recursos irão para ao menos oito projetos CCS e ao menos 34 projetos no setor de energia renovável.
Os recursos serão tirados do Esquema de Comércio de Emissões (ETS, na sigla em inglês) da União Europeia --o principal instrumento para frear as emissões de gás carbônico, que força empresas a comprar uma licença para cada tonelada de carbono emitido.
Um total de 300 milhões de licenças para a emissão de carbono de um fundo de reserva do ETS será transferido ao Banco Europeu de Investimento (EIB, na sigla em inglês), que irá convertê-lo em dinheiro antes de distribuí-lo aos projetos escolhidos.
Ao menos um projeto piloto será entregue por Estado-membro da UE, e um máximo de três será aprovado para cada país.

Egito transforma deserto em florestas utilizando água reaproveitada

DA EFE
O governo egípcio desafia a natureza ao regar áreas desérticas com água reaproveitada para convertê-las em florestas, cujas superfícies já equivalem ao território do Panamá.
A diferença verificada após a intervenção humana é significativa. Onde antes havia uma paisagem desértica e inóspita, agora há áreas verdes cobertas de árvores de alto valor econômico como álamos, papiros e eucaliptos.
Tudo isso foi possível graças à água que utilizam, poluem e desperdiçam todos os dias os 80 milhões de egípcios. Ironicamente, esta é a melhor opção para as chamadas "florestas feitas à mão".
"A água residual pode transformar o que não é fértil, como o deserto, em algo fértil, já que contém nitrogênio, micronutrientes e substâncias orgânicas ricas para a terra", disse à agência de notícias Efe o professor do Instituto de Pesquisa de Solo, Água e Ambiente Nabil Kandil, especializado na análise de terrenos desérticos adequados para o florestamento.
A opinião é compartilhada pelo professor do Departamento de Pesquisa de Contaminação da Água, Hamdy el Awady, que até ressalta a superioridade das plantas regadas com água reaproveitada.
"Esse tipo de água tem muito mais nutrientes do que a água tratada e, por isso, é uma fonte extra de nutrição que pode fazer com que as plantas resistentes aos climas hostis cresçam mais rápido e, inclusive, tenham folhas mais verdes", explica El Awady.

DESERTO É MAIORIA
 
Os dois professores sabem bem da importância de equilibrar a oferta e a demanda em um país que produz 7 milhões de metros cúbicos de água residual ao ano e que, ao mesmo tempo, tem 95% de seu território coberto por desertos estéreis ou com pouca vegetação.
Ao todo, há 34 florestas ao longo do país, localizadas em cidades como Ismailia e Sinai, no norte, e em regiões turísticas do sul, como Luxor e Assuã, num total de 71,4 mil quilômetros quadrados que equivalem à superfície total do Panamá.
De acordo com o governo egípcio, há outras dez florestas em processo de "construção", em uma área de 18,6 mil quilômetros quadrados.
Os mais de 71 mil quilômetros quadrados de floresta plantados até agora são resultado das análises de solo, clima e água que possibilitaram a escolha das espécies de árvores capazes de sobreviver em condições extremas.
"A boa notícia é que as plantas são seletivas. São elas que selecionam a quantidade de água e os nutrientes necessários para sobreviver", explica El Awady.
A maioria das espécies cultivadas até agora é de árvores como álamos, papiros, casuarinas e eucaliptos, semeadas para responder à demanda de madeira do país, além de plantas para produzir biocombustíveis como a jatrofa e a jojoba, e para fabricar óleo, como a colza, a soja e o girassol.
Para Kandil, estes resultados são a prova de que o problema não é a terra, pois no Egito há de sobra, mas de onde extrair a água. Obtê-la das estações de tratamento primário --onde são eliminados os poluentes sólidos-- foi a saída mais barata, especialmente porque os sistemas de irrigação que transportam e bombeiam o líquido são os mesmos utilizados há anos pelos camponeses egípcios.
Apesar desta água exigir precaução devido à presença de poluentes e aos impactos da mudança no ecossistema para a biodiversidade sejam desconhecidos, o projeto, implementado pelo Ministério de Agricultura em parceria com o de Ambiente, parece ter obtido sucesso.
De acordo com Kandil, as "florestas feitas à mão" não só combatem as secas, a desertificação e a erosão. "[Elas] aproveitam a água residual, maximizam o benefício para os agricultores e satisfazem as necessidades de madeira do Egito, gerando benefícios econômicos para o país", acrescenta.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

O Brasil azul-vermelho: as cores do preconceito

Por Paulo Cezar Nunes de Oliveira* 
 
O Brasil é azul e vermelho, grita mídia. Estamos divididos por uma linha imaginária que separa o sul-sudeste rico, escolarizado e bem desenvolvido de um norte-nordeste pobre, analfabeto e atrasado. Foram estes pobres, que só pensam em si mesmo e no seu estomago, que elegeram Dilma, os ricos conscientes e preocupados com o país optaram por Serra.
Esta é, com toda certeza, a afirmação mais mentirosa de toda a política, superando até mesmo a bolinha de papel. Mesmo encerrada a campanha, a grande mídia, acostuma com a distorção, não voltou ao jornalismo.  As cores pintadas no mapa não refletem a realidade, a não ser na lógica preconceituosa. Nem todo azul é azul e nem todo vermelho é vermelho.
Não é verdade que foi só o nordeste que elegeu Dilma, foi o sul e o sudeste também. Juntos RS, SC, SP, PR, MG, ES, RJ deram a Dilma 29.807.768, ou seja, 50,34% dos votos. Serra obteve 29.403.649, isto é, 49,63%. Em números, os brasileiros que preferiram Dilma nestes estados superam os que escolheram Serra em quase meio milhão. Estes dados não deixam dúvidas: Dilma foi eleita por todos os brasileiros.
Desarmados os palanques, a mídia precisa voltar a pensar o Brasil. É inaceitável que “analistas e comentaristas” continuem alimentando, em nome da liberdade de expressão, discursos que incitam o ódio e o preconceito. É preocupante a quantidade de comentários racistas e sectários em alguns sites e blogs que insistem na farsa que o sul e o sudeste trabalham para manter o norte e o nordeste que dão prejuízo.
Qualquer pessoa com bom senso sabe que a grandeza do Brasil não é feita por causa da riqueza de um estado ou de uma região. O tamanho do nosso território se impõe e cada região tem sua importância na composição geográfica, política e econômica. A variedade dos recursos naturais, principalmente as reservas de água doce, é de valor inestimável.  A diversidade da nossa cultura é que faz o brilho de nossa gente.
Precisamos estar atentos a essa onda de preconceitos. Num passado não muito distante, os pobres, os analfabetos e as mulheres não podiam votar. Agora surgem os que desqualificam o voto dos nordestinos e os nortistas. Logo irão propor excluir os negros e índios e por fim irão questionar a democracia mesma.
O Brasil possui uma historia de luta por unidade. Nossas fronteiras foram garantidas e expandidas por quem sonhou grande. Não podemos deixar que um ressentimento político inicie um processo de separação do nosso povo. O Brasil é azul-vermelho e verde-amarelo-branco, e todas as cores que possam nos conduzir para a justiça social, respeito e fraternidade.
*Pe. Paulo Cezar Nunes de Oliveira é redentorista. Graduado em filosofia e teologia. Mestre em Ciências da Religião pela PUC-GO. Professor de Teologia Moral no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás. Mestrando em Teologia Moral pela Università Lateranense – Accademia Alfonsiana – Roma